sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Eparrei, Jeová!

Por José Barbosa Junior

Já faz tempo que venho dizendo que muitas de nossas igrejas têm perdido o rumo. Não precisa ser profeta e nem um “expert” em teologia para perceber como de forma gritante temos nos afastado da simplicidade do evangelho de Cristo.

Nesses muitos caminhos e rumos que a igreja dita “evangélica” no Brasil tem tomado, um dos que mais me preocupa é a proximidade com o “baixo-espiritismo”. Aquilo que era um de nossos maiores “inimigos” parece que se transformou em modelo. Não é impossível hoje traçar paralelos entre alguns cultos “evangélicos” (principalmente os do “baixo-pentecostalismo”) e alguns rituais de terreiros de umbanda.

Em muitos de nossos encontros percebemos claramente a tendência espírita-pentecostal. Um grande amigo certo dia me telefonou muito preocupado. “- Junior, transformaram minha igreja num terreiro... o pessoal chega lá, canta, canta, canta, até entrar em transe e algum profeta “receber” o espírito e então ‘entregar’ a palavra... igualzinho nos terreiros de macumba onde os atabaques ficam tocando até o espírito-guia ‘descer’ e encontrar seu cavalo.” Pensei naquele momento que ele tinha toda a razão. Parece que só muda o nome do “guia”. Penso que não demorará o dia em que estaremos em algumas dessas “igrejas” e em determinado momento escutaremos sem vergonha alguma: “Eparrei, Jeová... humm.... eis que te digo... mizinfio precisa de sacrificar mais alguma coisa pro ‘espírito santo’ se apossar de vosmincê...”

Outro dia mesmo ouvi de uma “tia” que ia à casa dos irmãos para “orar os cômodos” e afastar as maldições. Lembrei-me de meus tempos de infância quando, ainda ignorante acerca do evangelho, apreciava as benzedeiras que além de “rezar” as crianças (eu mesmo fui “rezado” algumas vezes) visitavam nossas casas para afastar os “maus-olhados” (mas não acabavam com nossos olhos maus).

Permitam-me um adendo aqui. Muitos devem estar perguntando se eu já fiz oração quebrando essas maldições. NÃO!!! Quando cri em Jesus e entreguei minha vida ao seu senhorio, o seu sangue lavou-me COMPLETAMENTE. Não precisei de uma segunda dose do sangue para me livrar de maldições passadas, o seu único sacrifício foi SUFICIENTE. Naquele dia nasci de novo... TUDO se fez novo.

Voltando ao assunto do espiritismo evangélico, essa prática espírita já tomou sua roupagem evangélica através das “tias”, dos “profetas” e tantos outros “irmãos abençoados” que fazem da sua principal missão perseguir o diabo e seus demônios e encontrá-los camuflados e escondidos nos cômodos de nossas casas. Quase sempre eles gostam de se esconder em objetos “sacrificados” aos ídolos, filmes da Disney (herança das pregações assustadoras do Josué Yrion), discos “mundanos” (eu ainda espero completar minha coleção de música “jupiteriana”), e qualquer outra coisa que ofenda o gueto evangélico.

Fico pensando quando é que vão perceber que há muito mais maldição em nosso meio, através de falsos líderes, movimentos que anulam a graça, como o movimento re-judaizante, encontros místicos com regressões e mantras evangélicos, pastores-bispos-apótolos mentirosos que têm levado suas igrejas a perderem o rumo para perpetuarem seu nome (o nome do líder). Isso sim traz maldição, pois enganam o povo em nome do Deus altíssimo.

Minha esperança (eu ainda tenho esperança) é que um dia a igreja que se diz evangélica REALMENTE se volte para o Evangelho puro e simples revelado por Deus em Sua Palavra e abandone essas práticas animistas-espíritas, onde seres humanos servem de “cavalos” à sede de poder e autoridade deles mesmos e de seus falsos-pastores.

Só queria ouvir “Misericórdia, Senhor!” ao invés de “Eparrei, Jeová!”

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