O Estado de Alagoas acaba de ganhar uma organização religiosa criada exclusivamente para a comunidade de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros (LGBT). A Comunidade Cristã Nova Esperança (CCNE) segue os moldes de outras igrejas do gênero que vêm sendo criadas em diversos outros Estados brasileiros e têm causando muita polêmica país afora por ser especializada para atender um determinado público de acordo com sua orientação sexual, está em atividade em Maceió desde meados deste ano.A ideologia da nova organização religiosa é romper com os preconceitos acolhendo pessoas que sentem desejo por outras pessoas do mesmo sexo, o que é visto como "pecado" por todas as outras igrejas. A Comunidade Cristã Nova Esperança (CCNE) é uma igreja destinada ao público gay que chegou acompanhando a febre de denominações religiosas inclusivas, “que não tratam e nem veem a homossexualidade como doença a ser curada”, segundo evidencia o antropólogo Marcelo Natividade, em sua tese de doutorado produzida para a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Ainda sem sede própria, a igreja é composta basicamente por fiéis LGBT e funciona na residência de um dos seus criadores, em Maceió. Para fazer parte da congregação, o contato pode ser feito por meio de redes sociais, como o Twitter @CCNEMaceio e pelo Orkut.
Com o slogan “Uma igreja que acolhe a diversidade humana”, seus integrantes utilizam passagens da Bíblia para afirmar que "Deus não faz acepção de pessoas”, justificando que Ele acolhe a todos, sejam eles heterossexuais ou homossexuais. Um dos integrantes da igreja cita o livro de Eclesiastes para justificar que Jesus Cristo acolhe a todos, independente da sua orientação sexual. “Se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só, como se aquentará?”, cita o fiel que preferiu não se identifcicar. Para ele, este trecho da Bíblia "seria a prova de que não existem diferenças de gênero perante Deus, principalmente, quando duas pessoas se amam”.
Chocando ou não os mais conservadores, os freqüentadores da CCNE afirmam que a igreja foi criada por pessoas cansadas do preconceito e da intolerância, a exemplo do reverendo Troy Perry, primeiro pastor assumidamente homossexual, que, em 1968, iniciou a obra de pregação do evangelho para Gays, Lésbicas Bissexuais e Transgêneros.
Antes mesmo de qualquer tipo de polêmica ou manifestação contrária, um dos integrantes da Comunidade Cristã Nova Esperança avisa que a criação da igreja está amparada na Constituição Federal, que, em seu artigo 5º, estipula ser inviolável a liberdade de consciência e de crença, assegurando o livre exercício dos cultos religiosos e garantindo a proteção aos locais de culto. “Nossa igreja evangélica pentecostal é destinada para aqueles que são excluídos e também buscam salvação, pois temos convicção que os homossexuais, assim como os heterossexuais, também têm direito a louvar a Jesus Cristo”, defende, ao informar que a igreja foi criada pelo pastor Justino Luiz, em São Paulo (SP), onde está situada a sede internacional.
Segundo detalhou o integrante da CCEN em entrevista ao Tudo na Hora – que visitou o templo com a condição de não identificar os fiéis – , denominações religiosas destinadas ao público LGBT foram criadas nos Estados Unidos da América (EUA) e no ano de 2002 chegaram ao Brasil, sendo a primeira delas a Igreja da Comunidade Metropolitana (ICM). Quanto à Comunidade Cristã Nova Esperança, além de São Paulo e Alagoas, ela já está presente no Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Rio de Janeiro e no Maranhão.
Práticas adotadas
Com relação às práticas adotadas, são realizados cultos assim como nas demais igrejas evangélicas espalhadas por todo o Estado. Com foco na teologia inclusiva, o integrante da CCNE explicou à nossa equipe de reportagem que “todos são bem-vindos, independente da sua orientação sexual, cor, raça, já que a igreja acolhe toda a diversidade humana, sempre pregando uma mensagem de amor, alegria, vida, vitória, conquista, dedicação e celebração”, evidenciou.
O integrante da CCNE destacou que são realizados cultos de Intercessão, da Vitória e de Louvor e Adoração. Também são realizadas consagrações e celebração da Santa Ceia, onde todos os fiéis também contribuem com o seu dízimo mensal, assim como ocorre em todas as igrejas espalhadas pelo mundo. “A contribuição é espontânea e tem como foco ajudar nas despesas necessárias à realização das reuniões. Mas o que queremos é oportunizar um espaço de oração e encontro com Deus para àquelas pessoas que são vítimas do preconceito e se sentem marginalizadas, pois em nossos encontros todos são iguais e bem vindos, inclusive os heterossexuais que saibam conviver com a diversidade”, diz.
Ele lembrou que dois alagoanos radicados no Rio de Janeiro puderam se casar na Comunidade Cristã Nova Esperança da Vila Valqueire. Bruno Antônio Bállico, 18 anos, e João Lourenço Neto, 27 anos, migraram de Alagoas e sacramentaram o relacionamento homoafetivo que ambos mantinham em abril deste ano.
Fonte: Tudo na Hora
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