Há vinte anos um coração foi impactado por uma chamado missionário.O desejo de estar no meio de comunidades, junto a pessoas de classe social desfavorecida, anunciando o Evangelho, levou a irmã Graça a iniciar um trabalho na Vila Irmã Dulce (Teresina-PI) em meados de 1998.
Maria das Graças Hermes da Costa Nunes, 55 anos, piauiense e uma mulher que vive intensamente um dos princípios da humanidade: ‘amar ao próximo como a si mesmo’. Determinada, Irmã Graça, como é carinhosamente chamada, fundou há 15 anos o Centro Integrado da Criança e do Adolescente Cordeiro do Reino (Cincacre) em Teresina e presta atendimento para cerca de 630 crianças carentes na Vila Irmã Dulce, um dos bairros mais violentos da Zona Sul da capital.
O trabalho, que começou com ela e mais quatro voluntárias, atualmente conta com 32 colaboradores e a instituição ganhou novas instalações para conseguir atender a grande demanda. A manutenção da casa é feita a partir de doações da comunidade, empresários locais e alguns convênios com a prefeitura e governo federal. O sonho de Irmã Graça hoje está estampado nas mais de 20 salas de aula, quadra de esportes, refeitório e no sorriso das crianças.
“Eu ia nas casas das pessoas e via crianças chorando. Era choro de fome. Eu pegava um lanche dava a elas e se calavam. Nós pensamos em atender essas crianças. Quando falo nós quero dizer: eu, o Pai, Filho e Espírito Santo. Tudo acontece a partir de uma orientação divina. Não posso olhar para mim sem antes enxergar o próximo. Se você não olhar para o outro vai se tornar uma pessoa egoísta, egocêntrica”, disse.
Natural da cidade de São Raimundo Nonato, região Sul do Piauí, Irmã Graça se mudou para a Teresina aos 17 anos e levou na bagagem amor e o desejo de trabalhar em prol dos menos favorecidos. Casada, mãe de três filhos, formada em Pedagogia e Teologia, a mulher de olhar sereno disse que desde criança mantém o interesse em obras sociais.
Como tudo começou
Usando uma bicicleta e munida de muita perseverança, Irmã Graça saía de casa e percorria diariamente uma média de 15 km para ajudar os moradores da recém-fundada vila, na época considerada uma das maiores da América Latina com mais de 10 mil famílias. Foi em uma pequena casa de palha que ela começou a atender de forma voluntária cerca de 80 crianças.
“Como na vila não tinha água e nem luz, nesse local funcionava um chafariz e era lá que as pessoas iam buscar água. Comecei a ver meninas sendo exploradas sexualmente por homens que chegavam em carros. Isso me chamou atenção e vi que precisa fazer alguma coisa para mudar aquela situação”, relembrou.
No Cincacre são atendidas crianças de 0 a 13 anos com serviço de berçário, educação infantil, ensino fundamental menor, além de atividades esportivas como judô e balé. Adolescentes, que na infância receberam atendimento na instituição continuam frequentando o Centro. O berçário hoje atende 40 crianças, 20 delas em tempo integral.
O trabalho de Irmã Graça foi conquistando a comunidade e ganhando a admiração de outras instituições que hoje mantém convênios com o Cincacre, como faculdades particulares, óticas e o Serviço Social da Indústria (Sesi). Francinalva Pereira de Sousa, 34 anos, começou como voluntária e após ser beneficiada com uma bolsa de estudos se formou em Pedagogia e hoje é uma das professoras da instituição.
“Já estou tentando conquistar a minha pós-graduação. É um trabalho gratificante que fazemos aqui diariamente”, disse Francinalva.
Pai de Gustavo Martins, 2 anos, que está no maternal, o mototaxista Elisan Araújo Almeida, 37 anos, disse que confia plenamente no trabalho desenvolvido no Cincacre. Sobre a Irmã Graça, o pai tem uma única opinião: “Uma pessoa atenciosa e que olha o ser humano por completo e não pela metade”.
Os projetos desenvolvidos pelo Cincacre levam em consideração os estágios de desenvolvimento da comunidade, por isso as primeiras ações foram voltadas para o combate a fome e o acompanhamento médico das crianças desnutridas. Num segundo momento a instituição se preocupou com a formação educacional, acompanhamento físico e psicossocial e atividades de prevenção primária as crianças e adolescentes em situação de risco social.
Fonte: G1/Blog do Céu
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