sábado, 2 de junho de 2012

Pastor teria usado argumento ‘divino’ para abusar de meninas em Campo Grande

Posse sexual mediante fraude qualificada, crime praticado contra mulher virgem menor de 18 anos. Este foi o entendimento de policiais que atenderam uma ocorrência no bairro Nova Lima, em Campo Grande, onde o denunciado por estupro era um pastor de uma igreja evangélica no bairro Jardim Anache. De acordo com as duas vítimas ouvidas até agora, o pastor A.J.A. de 45 anos, usava argumentos ‘divinos’ para justificar seus atos.

Uma adolescente de 17 anos que freqüentava a igreja Pentecostal do último Selo do Apocalipse, onde o homem que ela acusa de estupro era pastor. Ela relatou aos policiais que o homem a levou com outras mulheres para orar e depois ele a levou para casa, onde a jovem passou a noite e teve relação sexual com ele, segundo ela sem que ela quisesse.

À polícia a adolescente disse que o pastor usou o argumento de que Deus tinha revelado a ele uma espécie de alerta para a jovem: ou ela praticava ato sexual com o pastor ou então ela seria recolhida, ou seja, morreria. A garota de 17 anos disse que foi até a casa do pastor, deixou que ele tirasse as roupas dela e praticasse o ato sexual, porém só fez isto porque anteriormente o pastor tinha feito revelações pra ela que se confirmaram. O ato foi sem preservativo de acordo com a jovem.

O caso só veio à tona porque a patroa da jovem desconfiou das atitudes dela e passou a questioná-la. A adolescente acabou revelando a relação sexual com o pastor de sua igreja, mas que a fez por medo de morrer. Além disso, o silêncio dela também fazia parte da ‘visão’ que o homem garantiu ter recebido de Deus.

A mãe da adolescente foi comunicada e comentou o caso com a mãe de outra jovem que freqüentava a igreja, de apenas 12 anos. A menina disse que o pastor usou o mesmo argumento para passar as mãos em sua genitália e seios, mas com ela usando roupas.

A polícia militar foi acionada e o pastor preso quando andava pelo bairro Nova Lima. Ele foi conduzido para a Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) unidade centro onde prestou depoimento e depois liberado. A jovem de 17 anos que diz ter sofrido o abuso no sábado passado foi encaminhada para fazer exame de corpo de delito.

Reação

No dia da prisão do pastor um grupo de mulheres que freqüentam a igreja se reuniram no templo, que fica na Rua Elias Catan. Elas não conseguiam acreditar na possibilidade do pastor ter praticado os estupros. A informação é de uma vizinha que presenciou a cena.

A vizinha, que prefere não se identificar, disse que a igreja está no endereço citado há pouco mais de dois meses. Ela mesma confessa que frequentou alguns cultos e que o pastor parecia uma pessoa com dom de pregação e revelações. Quanto ao crime, ela tem dúvidas. “Não dá pra saber. Pelo pouco que conheci parecia uma pessoa boa, mas a gente não conhece ninguém, na verdade. Já as meninas, hoje em dia estão muito assanhadas, mas não sei se é o caso dela (se referindo a de 17)”.

De acordo com a vizinha da igreja, o pastor por várias vezes comentou que a esposa o abandonou e que ele ficou com a missão de cuidar do casal de filhos. Na noite de quinta-feira, um dia após a prisão do pastor, não houve o culto na igreja e nenhum obreiro apareceu por lá.

O caso agora será investigado pela Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca).



Fonte: Correio News
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