Em uma cirurgia pioneira, médicos britânicos trataram em apenas três horas um câncer de osso localizado na canela de uma menina de seis anos de idade.
O procedimento de alta precisão técnica envolveu a remoção de 8 cm do osso, aplicação de radioterapia na parte afetada e a reinserção do osso, já sem câncer, no corpo.
A operação foi conduzida pela primeira vez na Grã-Bretanha sob um único teto, o centro de tratamento de câncer da Harley Street Clinic, em Londres.
"Até então, o osso afetado por câncer tinha de ser enviado a um hospital localizado a cerca de meia-hora enquanto o paciente aguardava na mesa de operação por pelo menos uma hora", disse o cirurgião que realizou o procedimento, Rob Pollock.
"Uma operação mais curta significa menos anestesia, menos risco de complicações e infecções, menos dano ao tecido e menos dor e sangramento, o que é muito melhor para o paciente."
Um porta-voz da clínica disse que em apenas dois dias a paciente, a estudante russa Darya Egorova, já começava a dar seus primeiros passos com a ajuda de uma muleta.
A internação hospitalar durou apenas uma semana.
Forma rara
Em sua forma primária, e não quando resulta de metástase, o câncer de osso é uma forma rara de tumor. Embora possa atingir indivíduos de todas as idades, é mais comum em adolescentes entre 12 e 17 anos, causando dor e inchaços.
Ainda na Rússia, Darya foi tratada inicialmente com altas doses de quimioterapia para evitar que o câncer se espalhasse por outras partes do corpo.
A operação na clínica britânica, estimada em 70 mil libras esterlinas (cerca de R$ 190 mil), foi custeada pela organização russa de combate ao câncer Grant Life.
A mãe de Darya, Irina, 41, qualificou o tratamento de "milagre". Ela disse que, na Rússia, as únicas opções para a filha seriam a amputação ou um tratamento que deixaria a junta imóvel.
"Dadas as opções (até então existentes), o que os cirurgiões fizeram foi um verdadeiro milagre. Seremos eternamente gratos", afirmou Irina.
Ela descreveu Darya como uma menina que gosta de praticar esportes e dança.
Segundo a assessoria de imprensa da clínica, em certos casos semelhantes de câncer é possível implantar uma peça de metal no local onde o osso foi removido.
Entretanto, esta hipótese foi descartada no caso de Darya, porque o tumor estava demasiado próximo do tornozelo e os médicos não acreditavam que seria possível manter a peça no lugar.
"Havia apenas um centímetro de osso acima do tornozelo, então não havia maneira de colocar uma peça de metal e deixá-la fixar-se ao osso", disse o dr. Pollock.
De acordo com o médico, como o tumor foi tratado fora do corpo, a equipe pode utilizar altas doses de radiação e reimplantar a parte removida no espaço de apenas meia hora após a remoção.
O oncologista acrescentou que o crescimento do osso saudável se dará ao longo dos próximos dois anos.
Fonte: BBC Brasil
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