quinta-feira, 22 de julho de 2010

Em três horas, médicos tratam câncer de osso em menina

Em uma cirurgia pioneira, médicos britânicos trataram em apenas três horas um câncer de osso localizado na canela de uma menina de seis anos de idade.

O procedimento de alta precisão técnica envolveu a remoção de 8 cm do osso, aplicação de radioterapia na parte afetada e a reinserção do osso, já sem câncer, no corpo.

A operação foi conduzida pela primeira vez na Grã-Bretanha sob um único teto, o centro de tratamento de câncer da Harley Street Clinic, em Londres.

"Até então, o osso afetado por câncer tinha de ser enviado a um hospital localizado a cerca de meia-hora enquanto o paciente aguardava na mesa de operação por pelo menos uma hora", disse o cirurgião que realizou o procedimento, Rob Pollock.

"Uma operação mais curta significa menos anestesia, menos risco de complicações e infecções, menos dano ao tecido e menos dor e sangramento, o que é muito melhor para o paciente."

Um porta-voz da clínica disse que em apenas dois dias a paciente, a estudante russa Darya Egorova, já começava a dar seus primeiros passos com a ajuda de uma muleta.

A internação hospitalar durou apenas uma semana.

Forma rara

Em sua forma primária, e não quando resulta de metástase, o câncer de osso é uma forma rara de tumor. Embora possa atingir indivíduos de todas as idades, é mais comum em adolescentes entre 12 e 17 anos, causando dor e inchaços.

Ainda na Rússia, Darya foi tratada inicialmente com altas doses de quimioterapia para evitar que o câncer se espalhasse por outras partes do corpo.

A operação na clínica britânica, estimada em 70 mil libras esterlinas (cerca de R$ 190 mil), foi custeada pela organização russa de combate ao câncer Grant Life.

A mãe de Darya, Irina, 41, qualificou o tratamento de "milagre". Ela disse que, na Rússia, as únicas opções para a filha seriam a amputação ou um tratamento que deixaria a junta imóvel.

"Dadas as opções (até então existentes), o que os cirurgiões fizeram foi um verdadeiro milagre. Seremos eternamente gratos", afirmou Irina.

Ela descreveu Darya como uma menina que gosta de praticar esportes e dança.

Segundo a assessoria de imprensa da clínica, em certos casos semelhantes de câncer é possível implantar uma peça de metal no local onde o osso foi removido.

Entretanto, esta hipótese foi descartada no caso de Darya, porque o tumor estava demasiado próximo do tornozelo e os médicos não acreditavam que seria possível manter a peça no lugar.

"Havia apenas um centímetro de osso acima do tornozelo, então não havia maneira de colocar uma peça de metal e deixá-la fixar-se ao osso", disse o dr. Pollock.

De acordo com o médico, como o tumor foi tratado fora do corpo, a equipe pode utilizar altas doses de radiação e reimplantar a parte removida no espaço de apenas meia hora após a remoção.

O oncologista acrescentou que o crescimento do osso saudável se dará ao longo dos próximos dois anos.


Fonte: BBC Brasil
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