quarta-feira, 26 de setembro de 2012

'Apologia ao ódio religioso' é denunciada por líderes de religiões no Amazonas


Líderes religiosos de origem africana registraram boletim de ocorrência contra o vereador e candidato Amauri Colares (foto)

A Coordenação Amazônica da Religião de Matriz Africana e Ameríndia (Carma) denunciou à Polícia Civil, na noite de domingo, o vereador e candidato à reeleição Amauri Colares (PSC) por “apologia ao ódio religioso”. A denúncia tem como base o informativo distribuído por cabos eleitorais do vereador no bairro da Alvorada no último fim de semana. O panfleto apresenta ações dos parlamentares da bancada evangélica contra os religiosos de raízes africanas.

Intitulado de “Câmara contra ‘Parque dos Orixá’” o informativo nº 02, publicado em agosto deste ano, traz informações sobre o projeto de lei que visava à criação de um espaço público para a realização de manifestações religiosas do candomblé e umbanda. O projeto, de autoria da vereadora Lúcia Antony (PCdoB), não chegou a tramitar na Câmara Municipal de Manaus.

No documento, Amauri Colares alega ser contrário ao projeto por questões religiosas. “Eu sou contra porque meus posicionamentos são pautados nos princípios cristãos”, afirma o parlamentar no informativo.

Outra parte do informativo deixa claro a ação do parlamentar na luta do que chamou de “Macumbódromo”. O panfleto afirma que os religiosos de matriz africana ameaçavam divulgar uma lista de vereadores que frequentavam terreiros, mas que se diziam contra o candomblé e o umbanda. “Ameaças, perseguições e difamações são parte do arsenal daqueles que militam contra a igreja. Os seguidores desta seitas afrodescendentes fizeram ‘despachos’ tentando atingir o vereador, porém Amauri seguiu o exemplo de Jesus e encontrou na Palavra de Deus uma âncora”,  diz um trecho do informativo.

O secretário-geral da Carma, Jonatas Azevedo, afirmou que a coordenação fez um boletim de ocorrência contra o parlamentar e que irá denunciar o caso à Justiça. “Nós temos alguns conhecidos evangélicos que mantêm o respeito, mas a maioria deles tem atitude semelhante gerando uma espécie de guerra religiosa. Eu acho que Deus é para todos. Cada um tem o nome de seu Deus e o trata de sua forma”, afirmou.

A reportagem procurou o vereador Amauri Colares por meio de telefonemas, mas as chamadas não foram atendidas.



Fonte: A Crítica
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