quarta-feira, 10 de julho de 2013

Fundo de pensão de pastores evangélicos já soma R$ 22 milhões

Parte do patrimônio da fundação da Convenção das Igrejas Evangélicas Assembleias de Deus de Santa Catarina e Paraná vem do dízimo

Duas classes de “funcionários”. Dois destinos diferentes. É assim que se pode resumir o desfecho dos fundos de pensão dos jogadores de futebol e dos pastores da Convenção das Igrejas Evangélicas Assembleias de Deus de Santa Catarina e Sudoeste do Paraná (Ciadescp) que começaram a ser costurados há dois anos. Enquanto a falta de planejamento financeiro por parte dos jogadores de futebol, aliada à falta de interesse dos clubes em disseminar o assunto, praticamente jogou uma pá de cal na fundação, o fundo de pensão dos pastores vai de vento em popa.

Em pouco mais de anos de existência, o CiadPrev, soma mais de R$ 22 milhões em patrimônio líquido e 1.150 pastores associados - entre integrados (dedicados integralmente à igreja) e voluntários -, segundo cálculos de Eliel da Costa Batista, assessor da presidência da Ciadescp. “O crescimento médio anual do patrimônio líquido é de 37% e, com base nesses resultados, dá para imaginar qual o potencial de avanço da fundação nos próximos anos”, diz Batista.

Sem dúvidas que dá: apesar de ser um fundo de pensão instituído, ou seja, que não tem um patrocinador tal como os demais fundos de pensão constituídos por uma empresa, os aportes mensais são feitos pelo participante e pela igreja — este último arrecadado por meio de dízimo. O valor da contribuição varia de acordo com a idade do participante, bem como com o objetivo a ser alcançado na ocasião da aposentadoria. “O montante médio do aporte, somando a contribuição do participante e da igreja, é de R$ 470”, pondera Batista.

Em contrapartida, o fundo de pensão dos jogadores de futebol associados a seis sindicatos — entre eles São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Rio Grande do Sul (RS) — foi deixado de escanteio. Lançado com pompa e circunstância em dezembro de 2010 pelo então ministro da previdência, Carlos Eduardo Gabas, e tendo como garoto-propaganda o ex-jogador de futebol Ronaldo, o fundo de pensão quase não angariou adesões. “O ambiente mais propício para discutirmos o assunto era na concentração, mas os clubes não davam abertura”, destaca Rinaldo Martorelli, presidente do Sindicato dos Atletas Profissionais de São Paulo. Ele lembrou que, após o lançamento do fundo, o sindicato tentou dar palestras sobre educação financeira, mas apenas dois clubes “abriram as portas”.

A Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras e responsável pela administração dos recursos da fundação do esporte, informou que “o plano está em fase de encerramento em razão da baixa adesão.”

Os fundos instituídos — fundos de pensão de entidades de classe, conselhos de profissionais liberais, sindicatos e cooperativas — foram criados em 2001, com a edição da Lei Complementar nº 109, mas só saiu do papel em 2003. De lá para cá, a carteira de investimentos chegou a R$ 1,68 bilhão no primeiro trimestre deste ano. “O sistema de previdência complementar fechado vive um momento de oportunidade de crescimento, principalmente devido à evolução do sistema judiciário, fortalecimento da classe C e expansão dos fundos instituídos”, diz Luís Ricardo Marcondes Martins, presidente do fundo de pensão da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (OABPrev-SP) e vice-presidente do Sindicato Nacional das Entidades Fechadas de Previdência Complementar.

Hoje, a OABPrev-SP é o terceiro maior fundo de pensão instituído, com R$ 237 milhões em ativos, segundo dados da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) referentes ao primeiro trimestre deste ano. Só perde para a Fundação Quanta, composta pelas cooperativas de médicos (Unimed), e HSBC Instituidor, que administra o patrimônio de vários fundos instituídos.



Fonte: IG
-------