Ainda não existe uma data para expôr a relíquia para os visitantes
Mais uma raridade soma-se ao acervo do Museu Histórico Visconde de São Leopoldo e reforça a identidade germânica da região. Depois de um ano e meio de um trabalho intenso de restauro, uma bíblia, escrita em alemão gótico e editada em 1765, em Nürmberg, na Alemanha, serve agora como uma das principais referências históricas da imigração alemã.
O livro sagrado com 1.800 páginas, pesando cerca de 15 quilos, doado em 2011 ao Museu Histórico, pertenceu ao casal Walter e Ereda Müller, de Lomba Grande. A decisão de entregar a relíquia ao museu partiu das irmãs, a psicóloga Cristina Müller, 54 e da pastora da IECLB, Iara Müller, 52, residentes em São Leopoldo e netas do casal. ''Doamos justamente para que fosse preservada pelo museu e para que fosse vista por outras pessoas. Na família não teria como ser apreciada'', diz Cristina. Ela lembra de ver a Bíblia desde criança na casa dos avós. ''Ela estava na família há muitos anos, não sei exatamente a história dela, mas víamos sempre como uma relíquia, sem poder tocar'', conta.
Conforme o diretor do museu, Márcio Linck, as bíblias familiares eram uma tradição. ''Os alemães chegavam trazendo suas bíblias, eram quase documentos pois faziam anotações nelas'', conta.
Restauração delicada
Foram meses para recuperar a bíblia. A capa original em couro sobre madeira foi pouco aproveitada, mas os detalhes estão lá, sobre a nova capa. Todo o trabalho, meticuloso, foi feito pela restauradora Hanny Sporket, 71 anos, voluntária do museu. A demora para concluir o trabalho, segundo ela, leva em consideração vários fatores, a começar pelo tempo disponível para se dedicar além dos compromissos profissionais que tem. ''Trabalho com restauração de documentos, e dediquei parte do tempo para a bíblia. É um prazer vê-la assim, recuperada'', diz. Cada detalhe foi preservado. ''Não podemos fugir da originalidade, é um livro com 260 anos.
Auxílio aprendiz
O conhecimento emprestado por Hanny Sporket à recuperação da bíblia bicentenária teve o reforço da dedicação e apreço pela história da cidade, de outra voluntária. Regina Galão, 54 anos, dona de casa, buscou no voluntariado o que faltava para preencher seus dias. ''Há seis anos me ofereci para ser voluntária, queria me ocupar de algo, me aceitaram e não deixei mais de vir'', conta. Regina que aos poucos aprende o ofício com Hanny revela: ''o interessante é a alegria de ver pronto, é emocionante'', diz.
A dupla, restauradora e a aprendiz, responsável também pela organização da hemeroteca do museu, coleções de jornais e publicações, já se prepara para mais uma aventura ''Vou recuperar o livro das anotações do Cemitério Municipal, esse não será tão demorado, acho que até o fim do ano estará pronto'', diz Hanny.
Bíblia exposta
O diretor do museu, Márcio Linck, ainda não divulgou a data, mas a bíblia ficará exposta à visitação por algum tempo. ''Vamos deixá-la no acervo, mas ficará guardada em um lugar especial do museu. Queremos que sirva de exemplo e mostre que a tarefa do museu é recuperar e preservar a história, é esse o papel''.
Fonte: Diário de Canoas
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