domingo, 18 de dezembro de 2011

O vício da mendicância

"Porque, quando ainda convosco, vos ordenamos isto: se alguém não quer trabalhar, também não coma." (2 Tessalonicenses 3.10)

"Uma ‘ajudazinha' pra comer, por favor. Pode ser uma moedinha. Deus te abençoe!". Alguém já teve esse tipo de abordagem, pelo menos uma vez na vida? Fiz essa pergunta certa vez a um grande auditório e todos levantaram a mão.

Infelizmente encontramos pessoas vivendo nessa situação, principalmente nos semáforos fechados nas grandes cidades. Alguns são verdadeiros miseráveis clamando genuinamente por ajuda. Outros são pedintes profissionais, que, por vadiagem e malandragem, incorporaram o hábito de mendigar, escondendo-se atrás de uma falsa cadeira de rodas, ou com crianças no colo, ou atrás de uma fisionomia vitimizada convincente. Sobre estes últimos é que faremos uma reflexão.

Também conhecido por mendicidade, o dicionário nos ensina que mendicância refere-se ao ato de mendigar por quem vive na condição de depender de esmolas. Quem pratica mendicância é chamado de mendigo, pedinte. Mas esse problema está longe de ficar restrito às ruas.

O apóstolo Paulo havia identificado o problema dentro da igreja da cidade de Tessalônica. Irmãos ou irmãs na fé passaram a abrigar suas vidas debaixo do esforço e trabalho de outros. Usaram e abusaram da mensagem generosa do evangelho, enganando os da própria irmandade. Preguiçosos, ou insaciáveis, viviam às custas de pessoas trabalhadoras e dedicadas. Tinham condição para trabalhar, mas preferiam esmolar.

Alguns deixaram há muito tempo a prática de pedir alguns trocados. Passam a pedir coisas grandes. Nisso podemos até encontrar pastores pedindo para si mesmos grandes vultos de dinheiro, carros, joias, ou até imóveis. Alguns pedem ostensivamente, argumentando as bênçãos que se multiplicarão sobre quem dá, ou ainda, dizendo falar em nome de Deus. Outros pedem indiretamente, comovendo com suas histórias de sofrimento e dedicação, ou ainda, compartilhando um motivo de oração. De um ou de outro jeito, esmolejam.

Para além das igrejas, o vício da mendicância pode ter nascido no seio de uma educação familiar disfuncional ou pela vivência de uma situação real que, pelos seus efeitos positivos, transformaram-se numa fórmula perpétua para se obter ganhos em cima de outras pessoas. Está entre amigos de escola na hora do lanche, entre jovens e adultos na hora de pagar o jantar, entre colegas de trabalho , entre amigos quando um ganha muito bem. Quem sofre desse tipo de patologia tem muitas justificativas que sustentam seu comportamento: só mais uma vez, ele tem muito, é por uma justa causa (‘meus filhos'), todo mundo engana mesmo etc. etc.

Paulo apresenta um caminho do trabalho e do consumo compatível com o que se ganha. É claro que em outros textos ele orienta ao atendimento aos reais necessitados. Mas o princípio da palavra é que devemos viver sem ser pesado para nenhum outro. Afinal ...

"Nunca vi um justo desamparado, nem a sua descendência mendigar o pão!" (Salmo 37:25)


Fonte: Rodolfo Garcia Montosa no Instituto Jetro
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