sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Escritor lança livro com histórias envolvendo os papas da igreja católica

Para escrever Papis Et Circenses, Torero juntou as gafes hilárias cometidas pelos papas

Que os papas são homens “divinamente humanos”, José Roberto Torero havia percebido na adolescência. Aos 15 anos, o escritor, roteirista e jornalista desconfiou da história de divindade apregoada pelas religiões. Não conseguia decidir se quem estava errado eram os ressurreicionistas ou reencarnacionistas. Confuso, apelou para a lógica e para a leitura. Acabou por concluir que todos estavam errados. Certo mesmo era ser ateu. Aos 50 anos, Torero está contente com a escolha. Se não sucumbiu à fé, se rendeu ao humor. E nos assuntos de batina, o riso cai bem à pena do escritor, que acaba de lançar Papis et circenses, um inventário de histórias hilárias e desavergonhadamente humanas sobre 85 dos 266 papas que subiram ao altar máximo da igreja católica ao longo de seus dois séculos de existência.


Vencedor do Prêmio Paraná 2012 na categoria contos e publicado em uma edição de pequena tiragem destinada às bibliotecas públicas do estado, somente agora o livro chega às prateleiras das grandes livrarias. Torero é econômico na escrita e cirúrgico no humor. Não faz piadas baratas e, muitas vezes, nem precisa se desdobrar muito: a história real já é quase uma ficção de tão preparada para o riso. Veja o papa Aniceto, que proibiu os sacerdotes de deixarem o cabelo crescer para não se tornarem vítimas da vaidade. Aniceto era calvo. E Melquíades, o papa rechonchudo que aboliu os jejuns? Agatão teve uma incrível visão de marketing (e um luminoso insight): substituiu o cordeiro, “logomarca” da igreja até então, por Jesus “himself”. Na cruz. Em 680. E Gregório I, quando foi eleger os oito males do corpo, lembrou que na Igreja os números precisavam ser três, sete, dez ou doze e suprimiu um mal. A tristeza, então, deixou de ser pecado.



Fonte: Correio Braziliense
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