Tenho certeza que você já deve ter ouvido a frase que diz: “não existem pecadinho e pecadão”. Essa é uma daquelas informações que ouvimos na igreja, mas não da Bíblia. Acredito, claro, que a maioria dos pastores ou líderes que falam isso tem como intuito dizer a cada cristão que eles devem levar a sério qualquer pecado, seja ele qual for. No entanto, precisamos afirmar o que a Bíblia diz e rejeitar tudo o que qualquer pessoa fale contrária a ela.
Não concordo com essa frase, porque ela não tem suporte quando leio a minha Bíblia e nem na vida real, quando olho ao meu redor. Aceitar esse “dizer” como verdade absoluta é um erro como uma pessoa que diz que os computadores de 5 anos atrás são iguais aos de hoje. Por um lado, ela está certa. Por outro, completamente errada.
Analisando por um lado, existem graus de seriedade nos pecados. Por que digo isso? Por um motivo simples: é o que a bíblia ensina. Jesus disse a Pilatos: “aquele que me entregou a ti é culpado de um pecado maior” ( Jo 19:11). A Bíblia fala de pecados que levam para morte ( 1 Jo 5:16-18), fala sobre julgamento mais severo que o outro ( Lc 12:47,48), maior rigor no julgamento daqueles que ensinam ( Tg 3:1, cuidado com o que vocês escrevem no blog! Eu me incluo nisso, só para deixar claro!), maior punição ( Mt 11:20-24), maior conseqüências negativas para aqueles que pecam intencionalmente do que os que pecam de forma não intencional (Lv 4:1-35; 5:15-19; Nm 15:22-30; Ez 45:20; Lc 12:48), grande punição para os abusadores de crianças ( Mt 18:6) e um julgamento duplo para as pessoas religiosas e que tem justiça própria do que para os “pecadores” ( Mt 10:15; 23:15).
Como a Bíblia é real e verdadeira, esse ensino faz todo sentido na vida real. Como podemos dizer que uma pessoa que estupra uma criança e depois a mata tem a mesma gravidade do que um adolescente que mente para seu pai para não ficar de castigo? Como podemos achar que é a mesma coisa bater em uma mulher e roubar um pirulito? Não! Existem sim níveis de gravidade de pecado. Um pecado pode ser mais grave que o outro. É assim que devemos entender. É assim que a justiça entende, quando cria leis mais severas para determinadas coisas ou aplica penas mais graves em alguns casos e menos graves em outros. É assim que entendem os pais, os policiais e nós. Vemos isso na vida real.
No entanto, preciso equilibrar essa verdade com outra afirmação: todo pecado deve ser levado muito a sério por cada um de nós, porque para Deus existem apenas duas categorias de pessoas: pecadores que não foram alcançados ainda pela graça e pecadores que já foram alcançados pela graça. Sem a graça de Deus, sem o seu agir, estamos mortos em pecados e em transgressões ( Ef 2:1). Ou seja, totalmente separados de Deus. A gravidade do pecado aumenta pelo fato de Jesus ter morrido na cruz para nos livrar dele. Logo, devemos levar a sério qualquer pecado, porque ele gera morte, alienação, a ira de Deus, destrói a nossa vida e, principalmente, porque levou Jesus a morrer numa cruz para nos salvar de nós mesmos, do diabo, do mundo. Jesus ensina isso no sermão do monte, parafraseando suas palavras: “não pense que pelo fato de você apenas cobiçar uma mulher em sua mente é menos sério do que o adultério. Não! Todo pecado deve ser levado muito a sério”. Há diferença? Claro, já vimos isso. No entanto, se ficarmos comparando os nossos pecados com os dos outros, pecaremos ainda mais e não vai haver muita transformação. Na verdade, pode acontecer a famosa justificação: “até que não sou tão ruim assim”. Amigo, você deve sempre olhar para o seu pecado e depois olhar para santidade de Deus, porque assim você dirá acertadamente: “caramba, eu sou um desgraçado! Como Deus pode me amar assim?”. Você pode não ser tão mal como um homem que matou uma criança depois de tê-la estuprado. Isso coloca ele no fundo vale. E coloca você em cima da montanha. Mas ambos têm as mesmas chances de conseguir pegar uma estrela no céu.
Então, leva a sério o seu pecado. Não brinque com ele. E se quiser um parâmetro, use a santidade de Deus, sempre. Não só às vezes.
E fuja da tentação de achar que todos os pecados são iguais para Deus, porque não são. E fuja da tentação de achar que nem todos os pecados são tão sérios assim, porque para Deus todos são.
Fonte: F. P. Mastrillo em Evangelho Urbano
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