O autor do vídeo de sátira ao islã que foi apontado como estopim de uma onda de protestos anti-EUA em países muçulmanos, em setembro passado, disse que não se arrepende do filme. Nakoula Basseley Nakoula, cristão copta nascido no Egito que mora no Estado americano da Califórnia, afirmou, em entrevista publicada nesta segunda pelo jornal "New York Times", que queria levar à tona "a verdade" sobre Maomé.
O filme, intitulado "Inocência dos Muçulmanos", teve o trailer, de 14 minutos de duração, publicado no site YouTube. Nele, o profeta Maomé aparece como mulherengo e ambicioso, enquanto o islã é retratado como violento. Os protestos, detonados em 11 de setembro, atingiram representações diplomáticas dos EUA em diversos países muçulmanos, provocando mortes.
"Eu pensei, antes de escrever o roteiro", disse ao "NYT", "que eu me incendiaria em praça pública para fazer com que o povo americano e o mundo conhecessem a mensagem em que acredito".
Na reportagem, o jornal afirma que os relatos das mais de 12 pessoas que trabalharam no filme, além de autoridades da igreja e da polícia, indicam que, ao produzi-lo, Nakoula, 55, era um homem "financeiramente em desespero". Parte dos contratados, afirma o "NYT", foram enganados e acreditavam estar participando da filmagem de uma obra chamada "Guerreiros do Deserto" ("Desert Warriors", em inglês).
Pelo menos uma atriz move um processo contra o diretor.
O cinegrafista foi condenado a um ano de prisão, no começo de novembro, por violar os termos da liberdade condicional que lhe foi concedida em 2009, sobre uma condenação por fraude bancária. Ele teria infringido a regra ao usar um documento falso e mentir para seu agente de condicional.
Os trabalhos para o filme, então chamado "O Primeiro Terrorista", teriam começado em 2008. Depois de fazer cinco versões para roteiro, ele teria arrecadado US$ 80 mil, aparentemente por meio da família egípcia da sua segunda ex-mulher e de doações de outros coptas. As filmagens teriam levado 15 dias. A versão completa do filme duraria uma hora e 40 minutos.
Nakoula respondeu às perguntas do jornal por meio de uma carta enviada por seu advogado. Um pedido para entrevistá-lo pessoalmente foi negado pelas autoridades.
Fonte: Folha
----------