Presentes! Quem não gosta de recebê-los? Seja por ocasião do Natal, ou do aniversário, ou por qualquer outra razão, o fato é que não há quem não aprecie ganhá-los. Sem qualquer cerimônia, rasgamos o papel que o embala, e às vezes, nossa curiosidade é tão grande que sequer paramos para ler a dedicatória contida no cartão que o acompanha.
Se para quem ganha, a embalagem não importa tanto, para quem dá, ela tem vital importância. Seu papel é causar uma boa impressão, valorizando ainda mais o regalo. Principalmente quando o presente não tem lá muito valor…
Há casos em que a embalagem custa mais cara do que o presente. Gasta-se com papel, com fitas, com cartão, com bolsa, etc. Sem contar o trabalhão que dá embrulhar… Há toda uma arte envolvendo isso, a qual confesso não dominar. Prefiro que outros embalem pra mim.
Mas pra quem recebe o presente, tudo isso tem muito pouco valor. Ninguém costuma guardar a embalagem para reutilizá-la, ou pelo menos, como souvenir. Geralmente, papel, fitinhas, e até cartões, vão tudo pro lixo.
O que vale mesmo é o presente em si.
Cristo é o grande presente de Deus para o mundo.
Este é o espírito natalino!
A gente dá presente para ecoar, ainda que de maneira singela e simbólica, o gesto divino.
Porém, temos dado mais valor ao papel que o embrulha do que propriamente ao presente. Valorizamos demais as estratégias evangelísticas, ou o modelo eclesiástico, ou ainda o estilo musical, a liturgia, os credos, e tudo mais que não passa de ‘embalagem’. Se não estiver dentro do ‘mover’, não serve. Se não falar em línguas, não serve. Se não fizer chover milagres e dinheiro, não serve. É como se jogássemos o presente do lixo, e guardássemos a embalagem.
Alguns andam reciclando embalagens que já foram usadas há quinhentos anos. Estão respondendo a perguntas que ninguém tem feito. Talvez até fossem pertinentes então, mas não o são mais. Outros se prestam a discutir como se vivêssemos antes de Copérnico e Galileu.
Não é em vão que muitos cristãos contemporâneos resolveram abandonar as embalagens e oferecer o presente já desembrulhado.
Fonte: Hermes Fernandes em seu blog
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