Não é por acaso que as pessoas simples, por mais espirituais que sejam, acabam associando as ideias de Deus e do céu ao firmamento azul.
Trata-se de um fato, e não de uma ficção, que a luz e o calor que dão vida descem do céu para a terra. A analogia do céu com o gerador e da terra com produtora é sólida até certo ponto. Acima de tudo, a enorme cúpula do céu é mais sensorialmente percebida como o infinito.
E quando Deus fez o espaço e os mundos que se movem nele, e revestiu o nosso mundo com gases atmosféricos, e nos deu os olhos e a imaginação que temos, ele sabia muito bem o que o céu significaria para nós.
E já que nada em sua obra é acidental, se ele o sabia, foi intencional. Não podemos afirmar que isso foi um dos principais propósitos para os quais a natureza foi criada; muito menos que foi uma das principais razões pelas quais foi permitido que o arrebatamento afetasse os sentidos humanos como sendo um movimento ascendente (um desaparecimento para dentro de terra produziria uma religião completamente diferente).
Os antigos não estavam totalmente errados em deixar o simbolismo do céu fluir diretamente para dentro das suas mentes sem parar para descobrir, por análise, que não se passava de um símbolo. De certa forma, talvez estivessem menos errados do que nós.
Fonte: Um Ano com C. S. Lewis
----------------------------