Para o carnaval 2013 de São Paulo, a escola de samba Mocidade Alegre pretende chamar a atenção do público e dos jurados com um apelo especial: um convite à tentação de ser Deus por um dia. A Mocidade Alegre é a terceira a passar pelo Sambódromo do Anhembi, na Zona Norte de São Paulo, no sábado (9), segundo dia de desfiles do Grupo Especial. Seu enredo é “A sedução me fez provar, me entregar à tentação... da versão original, qual será o final?”.
Prometendo um desfile bem colorido e animado, a escola e seus 3,2 mil componentes pretendem recriar dogmas da humanidade e contos de fadas na avenida, em uma tentativa de questionar verdades e conceitos que são transmitidos de geração para geração. “De tudo aquilo que nos foi contado ao longo dos tempos, até que ponto podemos ser donos dos nossos caminhos e das verdades que nos são apresentadas? Assim, a nossa proposta é nos tornarmos donos dessas histórias e mudarmos esses finais”, conta o carnavalesco Sidnei França. A Mocidade desfilará com cinco setores, cinco alegorias e 25 alas.
Com o propósito de questionar valores, o primeiro setor da escola vai trazer exatamente um convite à sedução. Ele será formado pela comissão de frente, pelo primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira - Emerson Ramires e Karina Zamparolli -, um grupo de teatro e o carro abre-alas. “Vai ser uma versão de pecado original, com maçãs e serpentes. E uma vez mordida a maçã, você não tem mais como fugir, tem que conhecer a história da Mocidade Alegre”, diz França.
O segundo setor apresenta novas versões dos conceitos universais no ponto de vista da escola. No universo da Mocidade, quem peca não vai para o inferno, mas para o céu. “Haverá sete alas representando os sete pecados capitais, seguidas pelo céu, que é a própria redenção. O carro, porém, não vai mostrar um céu convencional. Ele vai virar uma balada para mostrar porque é tão gostoso pecar e ir para lá”, comenta o carnavalesco. Assim, harpas serão trocadas por guitarras estilizadas, os anjos vão se tornar DJs, São Pedro vai ser o responsável por checar o nome na lista de convidados e Deus vai se tornar o anfitrião da festa. Os 240 ritmistas estarão no clima do enredo e vão integrar uma das alas deste setor, representando o pecado capital da Ira.
Já o terceiro setor vai brincar com os conceitos das leis naturais. “Vamos ter viagens para outras dimensões, a imortalidade e o homem que, de tanto sonhar em voar, deixa de construir máquinas e aviões e passa a ganhar asas e voar por aí como pássaro”, diz França. O carro alegórico vai seguir a mesma linha, com máquinas do tempo e outras “engenhocas”.
Branca de Neve malvada
Segundo o carnavalesco, o quarto setor é o mais lúdico, pois vai reinventar clássicos contos infantis. Nas alas, por exemplo, Robin Hood passa a roubar dos pobres para dar aos ricos, e Chapeuzinho Vermelho vai virar uma garota moderna e "periguete", enquanto a vovó vira “dark” e o lobo vira bom. O grande destaque da ala das baianas e do carro deste setor lúdico será a reinvenção da Branca de Neve. “A ala das baianas representará as ‘boasdratas’. Já o carro se chama ‘Espelho, espelho meu, a malvada é ela e não eu’. Vamos ter uma Branca de Neve cozinhando criancinhas no caldeirão, com seus comparsas, os sete ladrões. É uma mistura de Branca de Neve com Família Addams, bem sombrio”, diz França.
O quinto setor, para fechar o desfile, vai mostrar o final que a escola quer para todas as histórias: de muita felicidade. Por isso, as alas vão representar a paz mundial, fartura na mesa do brasileiro e também um carnaval unido em São Paulo. “A escola propõe que todas as escolas unidas jamais serão vencidas. Enquanto houver desunião, não haverá final feliz para o carnaval. É um recado pela maneira lamentável como terminou o carnaval 2012”, comentou o carnavalesco.
Quanto às expectativas, França está confiante. “Tem tudo para ser um grande desfile. A escola tem que passar leve, bem humorada, colorida. Tem que passar uma mensagem gostosa. Afinal de contas, uma escola de samba que se chama ‘Mocidade Alegre’ não poderia passar outra mensagem, sempre de alegria. Se o público gostar, ótimo. Se os jurados acharem que a escola merece muitas notas 10, melhor ainda.”
Fonte: G1
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