"Assim, os inimigos do homem serão os da sua própria casa." (Mateus 10:36)
O cristianismo há séculos tem seus inimigos, alguns são tradicionais outros desconhecidos. Logo após a crucificação do nosso Deus houve as perseguições do Estado romano e logo vieram as perversões doutrinárias judaicas, estes foram os primeiros inimigos (exemplo os Nazarenos e Ebionitas) depois vieram os gentios, em especial os gnósticos – um sincretismo terrível - surgiu também um tal de Marcion, os montanistas, e lá na frente, não muito distante, os monarquicistas, o arianismo, pelagianismo e os arminianos. Cada coisa no seu tempo e ao longo da História. Tradicionalmente, e de forma bem resumida, esses são ou foram os nossos inimigos.
Até bem pouco tempo as linhas inimigas atacavam em duas frentes: os católicos romanos e os arminianos em geral – incluindo os liberais e outros tais. – Observem uma coisa, todos se diziam cristãos. Este o “X” da questão. A Igreja sempre teve de se defender de perigos externos e internos, e de conservar a pureza doutrinária diante de tantos erros. Mas, muito mais dos perigos internos.
Os nossos maiores inimigos hoje não são os evangélicos arminianos nem os renovados em geral (decorrentes do movimento pentecostal). Mas, ouso dizer que, nossos maiores inimigos são os reformados formalistas! Estes são os mais sutis e nocivos para a igreja do século 21. Não é o misticismo nem o racionalismo o inimigo. Os piores inimigos da igreja hoje são os calvinistas moderados (estes são os reformados formalistas!). São os que sabem dizer: “glória somente a Deus”, mas quebram descaradamente a observância do Dia do Senhor, isso feito em particular ou em família! E não dão a mínima para o Principio Regulador de Culto! Fazendo a maneira dos juízes do Antigo Testamento.
Poderia citar, aqui, os erros grosseiros dos que se dizem calvinistas, como fazer apelo, ensinar e aprovar o “dom” de línguas e profecias ou fazer da igreja um teatro e um comércio, mas é suficiente apontar esses dois grandes erros: não santificar o Dia do Senhor e não zelar pelo Princípio Regulador de Culto. São muitos os “reformados” que não passam nesses testes. Eles, obviamente, rejeitam na prática uma reforma genuína.
Ser calvinista não é somente conhecer cinco ou quinhentos pontos da teologia sistemática de Hodge ou Berkof, ou ainda saber de cor uma Confissão de Fé Reformada. Não é ter apenas acesso ao pelotão de elite do rico passado teológico protestante. Não é só saber defender a predestinação, a soberania de Deus e os “solas”. Ser reformado não é simplesmente prezar pela teologia reformada – o que é extremamente necessário! -, mas, obedecer a vontade da Palavra de Deus (todos os aspectos da verdade!). Ou não é isso que Deus requer de nós?
A doutrina reformada é um sistema excelente que prega todo desígnio de Deus, disso não temos dúvida, mas é preciso uma reforma da nossa vida como reformados. Nas palavras do Rev. J. G. Vos “colocar a verdade e a honra de Deus em primeiro lugar, acima de todas as outras considerações, sejam quais forem, requer uma grande consagração moral. Neste assunto, é verdade tanto da igreja como o é do indivíduo, que aquele que perder a sua vida por causa de Cristo, encontra-la-á.” Você passa nos testes acima? Você está contente com seu cristianismo “reformado”? A verdadeira reforma da igreja é a reforma sobre a base da Escritura. É uma reforma dentro dos limites da Escritura, não uma reforma além da Escritura. (G. Vos). Nossos maiores inimigos: nós!
Fonte: Raniere Menezes em Monergismo
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