Uma Bíblia e um Prêmio Nobel da Paz: Martin Luther King provavelmente nunca imaginou que, mais de 45 anos após a sua morte, seus filhos brigariam por objetos que são símbolos de sua luta em defesa dos direitos civis.
Em um novo episódio de uma longa série de batalhas judiciais, a possível venda desses dois objetos icônicos de MLK divide seus três filhos e herdeiros: Bernice Albertine, Martin Luther King III e Dexter Scott.
No final de janeiro, os dois irmãos anunciaram a Berenice que pretendiam vender a Bíblia que seu pai sempre carregava, e o Prêmio Nobel da Paz, que recebeu em 1964.
Nos termos de um acordo firmado em 1995, os três têm direito de voto no que diz respeito à propriedade e à herança de MLK.
Para Berenice, que guarda os dois objetos em um banco em Atlanta (Geórgia, sudeste), onde a família se originou, vender a Bíblia e o prêmio Nobel é ir longe demais e rejeita a proposta, iniciando um novo confronto.
A batalha chegou até a imprensa, quando Bernice emitiu um comunicado que dizia que a venda seria "inadmissível, uma atitude negligente no plano histórico e totalmente criticável no plano moral".
Poucos dias depois, convocou os meios de comunicação para comparecerem na Igreja Batista Ebenezer de Atlanta, onde seu pai discursou várias vezes antes de ser assassinado em 1968, e se apresentou ao lado de membros respeitados do movimento pelos direitos civis.
Em tom grave declarou: "esses objetos não devem ser vendidos a qualquer pessoa ou instituição, porque eles são sagrados. Estou tomando esta posição forte por meu pai, porque meu pai não está aqui para dizer por si mesmo 'minha Bíblia e minhas medalhas não estão à venda".
Disputa de longa data
"As brigas entre os filhos do Dr. King tem uma história bastante longa", explicou à AFP o historiador Ralph Luker, co-editor de "Os documentos de Martin Luther King Jr".
As disputas passadas ocorreram por outras questões, como pela direção da organização sem fins lucrativos fundada pela esposa do ícone da defesa dos direitos dos negros nos Estados Unidos.
"As alianças entre os filhos mudam regularmente", segundo Luker.
"Durante algum tempo depois da morte da Sra. King, Dexter dirigiu o King Centro, e Berenice e Marty o forçaram a sair e, em seguida, Marty passou a ser o líder. Então Bernice se aliou a Dexter, forçando Marty a partir".
Os filhos arrecadaram até o momento cerca de 32 milhões de dólares com a venda de documentos pessoais de MLK, como por exemplo, sua correspondência e discursos.
No que diz respeito à Bíblia e ao prêmio Nobel, um juiz ordenou Bernice a guardar os objetos em um cofre em um banco à espera da decisão judicial, o que poderia levar meses.
De acordo com Ralph Luker, a posição de Bernice "não tem força", apesar do apoio dos líderes do movimento dos direitos civis, porque eles não têm "direito de voto" na decisão.
A Bíblia de Martin Luther King, provavelmente, vale muito dinheiro, considerando que é também o exemplar sobre a qual Barack Obama prestou juramente durante a cerimônia de posse de seu segundo mandato.
Fonte: AFP
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