Senhor, livra-me desse modelo de missionário:
Que se importa com a salvação de almas,
mas se esqueço do cuidado de pessoas;
Que faz muitos convertidos, mas poucos discípulos;
Que prega o Evangelho do Reino,
mas não demonstra o Evangelho nem os valores do Reino.
Que trabalha por igrejas implantadas,
mas não pela melhoria das comunidades sofridas;
Que deseja erguer um templo novo,
mas não lutar pela dignidade do povo;
Que deseja hastear a bandeira denominacional,
mas pouco se importa com a justiça social;
Que deseja livrá-los do inferno escatológico, futuro,
mas e o inferno presente, no mundo?
Que olha para o pobre, oprimido, injustiçado,
doente e abandonado e diz:
“o problema não é meu nem da igreja, é do Estado”.
Isso não é Evangelho integral,
mas mutilado, alienado.
Que diz: “meu negócio é levar essa gente pro céu;
que se exploda esse mundo, essa babel!”.
Que abre a boca para pregar,
mas fecha os olhos não para ver
e os ouvidos para não escutar.
Que com o seu pensamento cartesiano
separa o corpo da alma imaterial,
não vendo o homem como um todo,
como um ser integral.
Que tem paixão pelas almas,
mas não pelas histórias, pelas vidas.
Que tem muita fé, mas não obras.
Que deseja lá pregar e lá viver,
mas com os problemas do povo não se envolver.
Senhor, ao me enviares,
me faças ser povo do povo, gente da gente;
não quero ser omisso, indiferente.
Quero ser um descontente lutador,
que não se conforma com o pecado
que distancia as almas de Deus,
mas também inconformado com a aristocracia
que nega aos homens os direitos que são seus.
Autor: Jonathas Diniz
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