sábado, 9 de fevereiro de 2013

Oração sincera de um missionário

Senhor, livra-me desse modelo de missionário:

Que se importa com a salvação de almas, 

mas se esqueço do cuidado de pessoas;
Que faz muitos convertidos, mas poucos discípulos;

Que prega o Evangelho do Reino, 

mas não demonstra o Evangelho nem os valores do Reino.

Que trabalha por igrejas implantadas,

 mas não pela melhoria das comunidades sofridas;

Que deseja erguer um templo novo, 

mas não lutar pela dignidade do povo;

Que deseja hastear a bandeira denominacional, 

mas pouco se importa com a justiça social;

Que deseja livrá-los do inferno escatológico, futuro, 

mas e o inferno presente, no mundo?

Que olha para o pobre, oprimido, injustiçado, 

doente e abandonado e diz: 
“o problema não é meu nem da igreja, é do Estado”. 
Isso não é Evangelho integral, 
mas mutilado, alienado.

Que diz: “meu negócio é levar essa gente pro céu; 

que se exploda esse mundo, essa babel!”.

Que abre a boca para pregar,

 mas fecha os olhos não para ver
 e os ouvidos para não escutar.

Que com o seu pensamento cartesiano 

separa o corpo da alma imaterial, 
não vendo o homem como um todo,
 como um ser integral.

Que tem paixão pelas almas,

 mas não pelas histórias, pelas vidas.
Que tem muita fé, mas não obras.

Que deseja lá pregar e lá viver,

 mas com os problemas do povo não se envolver.

Senhor, ao me enviares,

 me faças ser povo do povo, gente da gente;
 não quero ser omisso, indiferente. 
Quero ser um descontente lutador, 
que não se conforma com o pecado 
que distancia as almas de Deus,
 mas também inconformado com a aristocracia
 que nega aos homens os direitos que são seus.



Autor: Jonathas Diniz
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