Não posso começar esse texto sem antes reconhecer uma coisa: Tenho visto a pregação da Igreja brasileira melhorar. É motivo de alegria perceber e se juntar principalmente a jovens que estão despertando para uma pregação totalmente bíblica e expositiva. Mesmo assim ainda há muito a se fazer. Ainda há muito a melhorar. Não escrevo isso por me achar um grande pregador, estou longe, bem longe disso. Escrevo para mim, para outros jovens pregadores e para todos nós que escutamos o evangelho. Em resumo, o maior problema da pregação contemporânea é a marginalização das Escrituras. O pior é que na maioria das vezes nem percebemos, e por isso quero apresentar cinco causas dessa marginalização. Espero abrir nossos olhos para o que está acontecendo em nossos púlpitos.
Estamos perdendo a confiança no poder da Palavra. Que verdade assustadora! O diabo deve vibrar com ela. Estamos perdendo a confiança de que a Palavra bíblica pregada é a arma mais poderosa de salvação, libertação e avivamento. Temos a tendência de colocar nossa confiança agora somente nas orações, louvores, objetos ungidos, campanhas de doação, boas obras, etc. Temos esquecido que é a Palavra que transforma um vale de ossos secos num vale de corpos vivos! Ela é a autora da nossa fé!
“A fé vem pelo ouvir e pelo ouvir da PALAVRA de Deus.” Romanos 10:17
Estamos diminuindo o conteúdo bíblico das nossas pregações. Essa é a primeira consequência do problema anterior. Quando não cremos na palavra como principal agente da fé começamos a introduzir outras coisas em nossos sermões. Começamos a explicar a Bíblia em função das nossas vidas e não explicar nossas vidas em função da Bíblia. Perdemos a noção da mensagem total e central das escrituras e adicionamos muitos assuntos seculares num púlpito santo.
“Tem cuidado de ti mesmo e da DOUTRINA. Continua nesses deveres; porque fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes.” 1 Timóteo 4:16
Estamos deixando o evangelho de Jesus de lado. Parece até exagero, mas é verdade. Alguns meses atrás durante um acampamento de jovens ouvi um cara dizer: “acho que pregam muito sobre salvação, deveriam falar de outras coisas além de Jesus na cruz.” Minha vontade foi dizer: “Acho que você precisa ouvir ainda mais!”. E isso é o que infelizmente está acontecendo. Quantas pregações você já ouviu que não apontam pra Jesus? Quantas pregações você já ouviu que não falam de pecado, arrependimento, justiça e ressurreição? A Bíblia inteira aponta para Jesus e suas boas novas, como uma pregação pode não fazer isso?
Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar OUTRO evangelho além do que já recebestes, seja anátema. Gálatas 1:9
Estamos focalizando demais em necessidades humanas percebidas. Esse é aquele problema quase invisível, que parece fazer bem, mas que nos mata pouco a pouco. Pregadores estão se importando mais com o que as pessoas querem ouvir do que com o que elas precisam ouvir. Púlpitos se tornaram divãs e as pregações em palestras motivacionais. Pregamos como se não pudéssemos fazer nossa audiência se sentir culpada, mas é exatamente isso que o evangelho faz. Queremos agradar e encher nossos prédios, mas o que adianta enchê-los de pessoas mortas?
Porque, persuado eu agora a homens ou a DEUS? ou procuro agradar a HOMENS? Se estivesse ainda agradando aos HOMENS, não seria servo de CRISTO. Gálatas 1:10
Estamos valorizando demais a tecnologia. Considero a tecnologia nossa grande aliada na pregação, mas precisamos ter cuidado com ela. Uma grande tendência é não lermos e estudarmos mais a bíblia de maneira sequencial. Temos agora a internet e seus aplicativos que nos permitem achar qualquer texto isolado. É de chorar saber que muitos preparam suas pregações apenas pesquisando passagens no Google. Outro cuidado é não transformar sua mensagem num show de slides, luzes e vídeos. A mensagem visual ajuda muito, mas nunca pode ultrapassar a mensagem verbal!
Conjuro-te, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino, Que pregues a PALAVRA, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. 2 Timóteo 4:1-2
Minha oração é que estejamos atentos a esses problemas. Vamos ter o máximo de zelo com a Palavra e nossos púlpitos. Para glória de Deus e nossa alegria!
Fonte: Evangelho Urbano
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