“Pedro, pois, estava guardado na prisão; MAS A IGREJA ORAVA COM INSISTÊNCIA A DEUS POR ELE. Ora quando Herodes estava para apresentá-lo, nessa mesma noite estava Pedro dormindo entre dois soldados, acorrentado com duas cadeias e as sentinelas diante da porta guardavam a prisão… Pedro então, tornando a si, disse: Agora sei verdadeiramente que o Senhor enviou o seu anjo, e me livrou da mão de Herodes e de toda a expectativa do povo dos judeus. Depois de assim refletir foi à casa de Maria, mãe de João, que tem por sobrenome Marcos, ONDE MUITAS PESSOAS ESTAVAM REUNIDAS E ORAVAM. Quando ele bateu ao portão do pátio, uma criada chamada Rode saiu a escutar: e, reconhecendo a voz de Pedro, de gozo não abriu o portão, mas, correndo para dentro, anunciou que Pedro estava lá fora. ELES LHE DISSERAM: ESTÁS LOUCA. Ela, porém, assegurava que assim era. ELES ENTÃO DIZIAM: É O SEU ANJO. Mas Pedro continuava a bater, e, quando abriram, viram-no e PASMARAM.” (At 12.5,6,11-16)
“Contou-lhes também uma parábola sobre o dever de ORAR SEMPRE, E NUNCA DESFALECER, dizendo: Havia em certa cidade um juiz que não temia a Deus, nem respeitava os homens. Havia também naquela mesma cidade uma viúva que ia ter com ele, dizendo: Faze-me justiça contra o meu adversário. E por algum tempo não quis atendê-la; mas depois disse consigo: Ainda que não temo a Deus, nem respeito os homens, todavia, COMO ESTA VIÚVA ME INCOMODA, hei de fazer-lhe justiça, para que ELA NÃO CONTINUE A VIR MOLESTAR-ME. Prosseguiu o Senhor: Ouvi o que diz esse juiz injusto. E não fará Deus justiça aos seus escolhidos, QUE DIA E NOITE CLAMAM A ELE, já que é longânimo para com eles? Digo-vos que depressa lhes fará justiça. Contudo quando vier o Filho do homem, PORVENTURA ACHARÁ FÉ NA TERRA?” (Lc 18.1-8)
Não deve ser segredo, nem para o estudante mais superficial da Bíblia, o valor que Deus dá à fé! Basta ler algumas das incontáveis passagens em que Jesus elogia a fé de alguém ou critica a falta de fé dos discípulos. Ou tirar uns cinco minutos para ler o capítulo 11 de Hebreus.
Citaremos aqui alguns versículos clássicos: “Ora, sem fé é impossível agradar a Deus; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam” (Hb 11.6). “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé…” (Ef 2.8). “Porque no evangelho é revelada, de fé em fé, a justiça de Deus, como está escrito: Mas o justo viverá da fé” (Rm 1.17). “Respondeu-lhes Jesus: Tende fé em Deus. Em verdade vos digo que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar; e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, assim lhe será feito. Por isso vos digo que tudo o que pedirdes em oração, crede que o recebereis, e tê-lo-eis” (Mc 11.22-24). “Ora, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e não censura, e ser-lhe-á dada. Peça-a, porém, com fé, não duvidando; pois aquele que duvida é semelhante à onda do mar, que é sublevada e agitada pelo vento. Não pense tal homem que receberá do Senhor alguma coisa…” (Tg 1.5-7).
Como conciliar esses versículos com o nosso título: O PODER DA ORAÇÃO SEM FÉ? Parecem afirmar com todas as letras possíveis o contrário disso!
Para resolver esse paradoxo, precisamos reavaliar o nosso conceito do que é fé. Geralmente, quando oramos, sabendo que fé é o ingrediente essencial para que nossas orações sejam respondidas, começamos a sondar o coração para ver se temos fé. Quase sempre essa busca é infrutífera – chegamos à conclusão de que a fé está em falta! É por isso que a oração se torna uma atividade tão difícil.
Mas, se você leu as duas passagens bíblicas no início desse texto, prestando especial atenção aos trechos que destaquei em letras maiúsculas, deve ter percebido que em ambos os casos – da igreja que orou para Pedro ser liberto e da viúva que importunava o juiz – ninguém estava preocupado se tinha fé ou não. Simplesmente oravam insistente, persistente e perseverantemente.
A igreja tinha tão pouca fé que suas orações seriam respondidas que se recusou a acreditar na moça que tinha ouvido a voz de Pedro no portão e a chamaram de louca! Quando ela persistiu com sua versão, a aparente “incredulidade” dos irmãos foi tamanha que arrumaram a teoria tresloucada de que a assombração de Pedro é que estava batendo no portão! Ainda bem que Pedro não desistiu e continuou batendo!
Por outro lado, deveria ser muito tarde da noite (Pedro, algumas horas antes, já estava dormindo acorrentado entre os dois guardas) e tinha muitos irmãos ali se privando do sono e orando sem cessar. O que os levou a fazer isso? Será que não era fé? Talvez não fosse o que nós chamaríamos de fé, mas certamente Deus a considerou como tal, tanto que enviou a resposta rapidamente.
Que alívio isso pode nos trazer! Não precisamos ficar pesquisando dentro do coração, tentando achar fé. Podemos simplesmente perseverar na oração, insistindo com Deus, incomodando-o, e o resto ele fará.
Sempre fiquei perplexo quando lia em Romanos 4 que Abraão “sem se enfraquecer na fé, considerou o seu próprio corpo já amortecido… contudo, à vista da promessa de Deus, não vacilou por incredulidade, antes foi fortalecido na fé, dando glória a Deus, e estando certíssimo de que o que Deus tinha prometido, também era poderoso para o fazer” (Rm 4.19-21). Lendo a história em Gênesis, tenho a impressão de que ele se enfraqueceu muitas vezes na fé e vacilou para valer por incredulidade – o fato de ter Ismael com Hagar não seria uma prova viva disso?
Mas Deus não vê a fé do mesmo jeito que nós. Pensamos que fé é um estado mental, uma certeza que não admite dúvidas, uma constância emocional e espiritual. E isso é inatingível para nós! Para Deus, porém, o importante são as ações e não os sentimentos ou pensamentos. Abraão poderia ter desistido de tudo e voltado para sua própria terra. Isso, sim, seria um vacilo. Mas, apesar de muitas dúvidas, temores, contratempos e tentativas de ajudar Deus cumprir sua promessa, ele nunca desistiu e, por isso, tem um testemunho tão maravilhoso em Romanos 4 e Hebreus 11.
Portanto, anime-se! Pode duvidar à vontade, ficar desesperado, desacreditar da resposta mesmo quando essa se encontra bem à sua frente, inventar teorias mirabolantes para explicar que a resposta não é realmente a resposta – só não cesse de orar, de clamar a Deus, de incomodar seu Pai celestial. Mesmo com todas as suas imperfeições, montanhas russas de emoções positivas e negativas e constantes inconstâncias, você ainda tem chance de se juntar aos heróis da fé de Hebreus 11 e alcançar testemunho de ter agradado a Deus!
Fonte: Harold Walker na Revista Impacto
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