“E acontecerá que, quando eu trouxer nuvens sobre a terra, e aparecer o arco nas nuvens, então me lembrarei da minha aliança…” (Gn 9.14,15). “O arco estará nas nuvens, e olharei para ele a fim de me lembrar da aliança perpétua…” (Gn 9.16).
“Tenho ouvido o gemer dos filhos de Israel… e lembrei-me da minha aliança” (Êx 6. 5).
“E tomarás duas pedras de berilo, e gravarás nelas os nomes dos filhos de Israel… E porás as duas pedras nas ombreiras do éfode, para servirem de pedras de memorial… assim sobre um e outro ombro levará Arão diante do Senhor os seus nomes como memorial”(Êx 28.9,12).
“Ó vós, os que fazeis lembrar ao Senhor, não descanseis, e não lhe deis a ele descanso até que estabeleça Jerusalém e a ponha por objeto de louvor na terra” (Is 62.6,7).
Depois de muitos anos tentando organizar a multidão de documentos e artigos que teimam em acumular aos montes no meu escritório, tenho chegado a algumas conclusões:
1 – Seria bom sempre guardar cada documento, assim que chega, na sua devida pasta ou fichário, mas nunca vou conseguir fazer isso!
2 – A cada seis a doze meses terei que tirar um dia ou dois para colocar tudo em ordem e deixar pelo menos uma aparência de organização no escritório.
3 – Raramente uso ou leio qualquer documento que está devidamente guardado.
4 – A única maneira para algo conseguir minha atenção é se ele ficar à vista, em cima da mesa de trabalho ou ao lado de minha cadeira. Se ficar na minha frente, dia após dia, há forte possibilidade dele ser resolvido rapidamente. (O único problema é se aparecerem outros mais urgentes antes que isso aconteça e ele acabar ficando soterrado por eles e fora da minha visão diária! Nesse caso, ele só conseguirá minha atenção na faxina semestral ou anual!).
Graças a Deus que ele não é assim! Ele é um ser onipotente que não se cansa nem se fatiga, que tem visão macro e micro, e uma memória ilimitada.
Chamou-me a atenção esses dias, porém, o fato de que ele gosta que nós o lembremos das coisas! Se não é por que ele se esquece, por que ele quer isso?
Em se tratando de Deus, é óbvio que a resposta extrapola em muito a nossa capacidade de compreensão. Mas é sempre edificante meditar sobre os seus atributos e características pessoais reveladas na Palavra.
Penso que ele gosta de ser abordado de forma pessoal. Ele não é uma máquina que dá um tratamento totalmente igualitário a todos, desde que sejam apertados os botões certos na ordem certa. Ele mantém todo o universo funcionando nos mínimos detalhes “pela palavra do seu poder” (Hb 1.3) sem se esquecer de absolutamente nada. Mas quando se trata de seu relacionamento conosco, seres humanos na sua imagem e semelhança, há momentos em que ele nos dispensa uma atenção muito maior do que em outros. Teoricamente, ele teria capacidade de dispensar a mesma atenção para todos o tempo todo, mesmo que a população terrestre fosse infinitamente maior do que é! Portanto, não é por falta de tempo ou força que ele tira o foco de sua atenção de alguém. Provavelmente, é porque certas coisas que ele deseja formar em nós só podem ser desenvolvidas assim.
Também, só pelo fato da Palavra dizer que ele se lembrou de algo ou alguém não significa que tenha se esquecido dele. Com certeza, significa que algo o despertou para uma ação nova, quebrando a aparente inércia e intervindo na sua história. E isso é emocionante! Saber que Deus pode ser tocado por nós, através de uma oração, um clamor, lágrimas, gemidos inexprimíveis, o toque de uma trombeta (Nm 10.9), uma oferta ou sacrifício radical, um jejum, uma poesia, um cântico, um olhar apaixonado ou até mesmo do simples gesto de ficarmos sentados caladinhos aos seus pés. Qualquer coisa que não seja mecânica, automática, resultado de fórmulas ensinadas ou repetidas. Qualquer coisa que seja pessoal, original, autêntica, franca, sincera, procedente do fundo do coração.
Eu vinha pensando sobre esse assunto, mas hoje, ao ler a história de Ana, mãe do profeta Samuel, meu coração ardeu ao ver como Deus foi tocado pela oração dela – uma oração feita sem som de voz, e uma proposta que nasceu no coração dela de entregar o filho ao Senhor por todos os dias de sua vida. Depois de orar, ela tinha tanta certeza que tinha sido ouvida por Deus que saiu com o semblante alegre e comeu. “Depois, levantando-se de madrugada, adoraram perante o Senhor e, voltando, foram a sua casa em Ramá. Elcana conheceu a Ana, sua mulher, E O SENHOR SE LEMBROU DELA. De modo que Ana concebeu e, no tempo devido, teve um filho, ao qual chamou Samuel; porque, dizia ela, o tenho pedido ao Senhor”(1 Sm 1.19,20).
Fonte: Harold Walker na Revista Impacto
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