“Igualmente vós, maridos, coabitai com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco…” 1 Pedro 3.7
Volto a falar da história dos meus pais porque é a história que me constituiu. Em meus posts costumo me referir demais aos meus pais, somente porque sou um filho descaradamente orgulhoso deles… e porque eles ensinaram quase tudo que sei.
Quando meu pai foi pedir minha mãe em casamento, ele entrou na casa do meu avô e minha mãe, muito discretamente, soltou um grito: “Pai, o Walter veio pedir minha mão em casamento!!” (nada discreto). A resposta do meu avô foi interessante: “Finalmente a Marta trouxe um homem de verdade para casa.”
Não sei quantos namorados a minha mãe teve (não foram tantos assim), mas pela história, sei que meu pai foi o único “homem” a ter a coragem para partir logo para o casamento, e não somente para um namoro (como os outros). Meu avô é um homem e tanto (quem sabe ainda não escrevo sobre ele), então essa frase é bastante emblemática para mim.
Sendo jovem, me deparo com uma situação que desafia a mim e a muitos outros. Pensando sobre qual seria a melhor maneira de abordar o assunto, me deparei com a questão do papel bíblico do homem perante Deus. Deus instituiu o homem para ser o cabeça do lar (I Co 11.3). O que isso tem a ver com namoro? Bem… como já disse antes, a Bíblia não fala de namoro. Mas certamente fala sobre casamento. Em outros posts, já falei sobre a importância de se pensar seriamente em relação ao casamento em meio a um namoro dentro do contexto cristão.
Então… se a Bíblia não fala sobre namoro, mas fala abertamente sobre o papel do homem no casamento e no lar… o que isso nos fornece como base para um namoro? Simples. O objetivo do homem em um relacionamento deve ser somente um: buscar o casamento. Se o seu namoro não lhe traz qualquer visão a respeito do casamento, então, sinto dizer, mas você não está namorando com as intenções corretas.
Então, se devemos buscar o casamento, qual é o papel do homem segundo a Bíblia?
“Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo. De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos. (…) Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. Porque nunca ninguém odiou a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja; Porque somos membros do seu corpo, da sua carne, e dos seus ossos. Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher; e serão dois numa carne. Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja. Assim também vós, cada um em particular, ame a sua própria mulher como a si mesmo, e a mulher reverencie o marido.” Efésios 5.23-33
Nós, homens, devemos nos sacrificar pelas nossa mulher, que é o vaso mais fraco. Devemos cuidar dela e velar pela sua honra (I Pe 3.7).
Mas então… o que isso tem a ver com o namoro? Bem… A minha dúvida hoje é: qual é a razão mais comum pela qual se inicia um namoro? Gostaria de dizer que a maioria dos namoros são iniciados por um homem que enxerga na mulher alguém que ele possa servir, pela qual possa se entregar e se sacrificar, tal qual o exemplo bíblico. Mas pelo que ouço e vejo, não é bem assim…
Por quê namorar? Já respondi isso em outros posts… mas volto a fazer este questionamento. Se não há uma real possibilidade de casamento, então para quê namorar? Por causa de um interesse? De um sentimento? Não… me desculpe, mas isso não é razão para se iniciar um namoro. Um sentimento pode até levar a um casamento, mas infelizmente vejo mais exemplos levando à direção contrária do que ao altar.
Quando um menino se interessa por uma menina, ele deve (de acordo com o padrão bíblico) enxergar nela a mínima possibilidade de uma pessoa à qual ele possa servir. Se investe somente numa atração, num interesse… então está contrariando a Palavra. Pois Deus não fez a mulher para o homem para que ele a pudesse dominar de maneira ditatorial ou tirânica, enxergando e buscando apenas o seu “interesse” ou sentimento.
O que quero dizer com tudo isso? Quer dizer que namorar não é de Deus? Ouso dizer que… não é completamente de Deus. Qual é o padrão mais comum que vemos entre um menino e uma menina que decidem namorar? Ele gosta dela e ela gosta dele, então começam a namorar. Mas e casamento? Bem… primeiro namoro, depois casamento.
Ouso afirmar o contrário.
Creio que se não há uma visão, uma possibilidade do homem exercer sua função bíblica em um relacionamento, então vai contra o que a Bíblia diz. “Mas é só um namoro! Há compromisso!” O problema é que com a desculpa de que devemos nos guardar fisicamente para o casamento, muitos cristãos olham apenas para a relação sexual e não levam a sério a entrega emocional. E esta acaba provocando danos quase irreparáveis. Vemos pessoas e mais pessoas penduradas em relacionamentos e ex relacionamentos que não a levam as lugar algum. Pior, chegam até a impossibilitar um novo relacionamento.
Cogitemos a seguinte hipótese: ele gosta dela, ela gosta dele. Ela quer filhos já e ele não sabe nem se quer ser pai. Não importa o quanto eles se gostam, há uma variável delicada entre eles. “Mas eles se amam!” Ok, não argumentarei contra isso (pois é um fator subjetivo). Vamos supor que comecem a namorar e tudo vai muito bem… até que um dia tocam na possibilidade de ter filhos. Mas nem um nem o outro cogita a posição contrária. E aí? Como fica? E o amor? Tarde demais… o sentimento já está em jogo e o coração já foi entregue. O que fazer? Terminar, logicamente, já que ninguém quer mudar. E então começa o processo de quebra de uma ligação emocional que já foi estabelecida.
O que me leva a minha segunda pergunta… e se esse tipo de coisa fosse discutida antes de se quer começar o namoro? Sim, é ridículo, afinal… estamos falando apenas de sentimentos. Mas e se meninos abraçassem o seu papel bíblico e enxergassem na menina não alguém para suprir a sua necessidade emocional mas alguém com quem pudessem cumprir a sua função com homem, de acordo com a vontade de Deus? Vamos propor o seguinte: antes de se quer namorar, conversemos sobre toda a “burocracia” (por falta de termo melhor) do casamento. Filhos, casa, apartamento, emprego, a maneira correta de se gastar dinheiro, em qual colégio os filhos devem estudar etc. Afinal, se há um namoro cristão, deve haver uma possibilidade de casamento. Obviamente. Se o homem e a mulher conversarem sobre todos os detalhes do casamento antes de começarem a namorar, imagina todas as pessoas que poderiam evitar um namoro desastroso que, desde o início, estava fadado ao término. Se eles enxergarem desde cedo que não daria certo, seriam capazes de evitar o envolvimento emocional… que depois haveria de ser destruído, a duras penas.
Mas para quê falar sobre isso se queremos “apenar namorar”? Porque já vi inúmeros amigos que se lançaram de cabeça num interesse, e não numa realidade. Se deixaram levar por um sentimento, e não por uma possibilidade plausível e real. O resultado? Pessoas que lidam diariamente com sentimentos de culpa, de perda, de vergonha, de vulnerabilidade… por quê? Porque colocaram uma emoção à frente do papel do homem e da mulher no casamento.
No lugar de garotos se tornarem homens que têm algo substancial para oferecer às mulheres (tal qual a Bíblia apresenta), temos meninos brincando de ficar, beijar e abraçar…. e pior, de namorar. Não há nada de errado com o namoro em si, contanto que ele tenha como alvo claro o casamento. Qualquer namoro baseado apenas em sentimentos é um desrespeito com o sentimentos dela, e uma completa corrupção e enganação da função bíblica dele.
E então… qual é o papel do homem e da mulher nesse panorama? As mulheres buscam homens que possam liderar, que possam ser o cabeça do lar. Isso é bíblico, isso está enraizado no DNA delas (pois Deus assim as criou). Mas se não houver homens à altura, o que fazem? Bem… já ouviu o clichê de que as mulheres preferem os cafajestes ou os bad boys? O que há neles que as atrai? Simples. Liderança, imposição, força, convicção… mas da maneira pecaminosa, uma corrupção do homem como líder.
Meninos: está na hora de nos tornarmos homens. Não podemos investir em relacionamentos que visam somente um interesse, andar de mãos dadas, um abraço, uns amassos. Temos que assumir a nossa função perante Deus como homens, dignos de confiança que possam sustentar uma mulher e amá-las assim como Cristo amou a igreja, de modo sacrificial. Temos que nos entregar pela nossa esposa, temos que nos sacrificar por ela, temos que sustentá-la e protegê-la pois elas são o sexo frágil. Devemos assumir nosso devido papel instituído por Deus!
Quando você buscar um namoro, não ponha em primeiro lugar o seu interesse, a beleza do sorriso, a maneira como ela joga o cabelo ou o quanto ela é charmosa. Procure alguém que você possa honrar e pela qual possa morrer, assim como Cristo fez pela Igreja. Qualquer coisa aquém disso é motivo de vergonha para o Evangelho.
Fonte: Blog do Andrew
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