Conhecido nacionalmente pelas missas que atraem milhares de pessoas, o padre Marcelo Rossi, de 45 anos, apesar desaprovar a parceria entre poder e religião, não deixa de opinar sobre o cenário político. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo nesta segunda-feira (29), afirma ser amigo pessoal do deputado federal Gabriel Chalita (PMDB) e não foge quando é questionado sobre a nomeação do pastor evangélico Marco Feliciano (PSC) à presidência da Comissão de Direitos Humanos. “Ele nem deveria estar lá, na minha opinião. A partir do momento em que se diz um pastor, não dá para ser ao mesmo tempo um líder político”, alfineta.
O padre Marcelo Rossi também relata que o próprio Feliciano já tentou provocá-lo. “Ele tentou até me provocar (disse, em uma entrevista, que “padre Marcelo pede dinheiro e nunca se falou nada”). Eu nunca pedi dinheiro. Pelo contrário. O jogo deles é criar guerrilha. A melhor coisa é ficar quieto. A Justiça do mundo pode tardar, mas chega. E credibilidade não se compra. Em 2010, a Folha fez uma pesquisa sobre em quem o brasileiro mais confiava, com 27 personalidades. Estava o Edir Macedo, que ficou lá em 20º (foi o 26º). Fiquei em terceiro lugar. Eram Lula, William Bonner e eu”, aponta.
Já sobre o desempenho de Feliciano na Comissão - o parlamentar chegou a propor que as reuniões da Comissão de Direitos Humanos fossem realizadas sem a participação de cidadãos - o padre católico diz que não aprova a associação entre política e religião. “A partir do momento em que se diz um pastor, não dá para ser ao mesmo tempo um líder político. Acho importante ter uma bancada católica, como existe a evangélica. Mas não acho correto padre, bispo, pastor se candidatarem, porque aí estou transformando um púlpito num palanque”, completa.
O padre cita como exemplo o fato do Partido dos Trabalhadores (PT) ter surgido de discussões das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). “O PT surgiu da CEB. Então, que não politize. O perigo é esse: cair na política. A Igreja Católica é apartidária, pelo menos deve ser. Os evangélicos, às vezes, determinam em quem votar. Estamos voltando à Idade Média, o período mais terrível e negro da igreja”, defendeu.
Polêmica com homossexuais
Acusado de racismo e homofobia por representantes de movimentos sociais organizados, o presidente da Comissão de Direitos Humanos, o pastor Marco Feliciano (PSC), tem uma relação polêmica com grupos minoritários. O padre Marcelo Rossi declarou que é contra o casamento gay, mas seu discurso foi mais ameno do que seu “companheiro de cristianismo”. “A palavra de Deus é clara: Deus criou o homem e a mulher. A igreja acolhe o pecador, mas não o pecado. Não vai poder legitimar o casamento entre homossexuais. Mas acolhe com carinho”.
Fonte: Diário de Pernambuco
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