Cidade já tem uma orquestra especializada em hinos e canções de louvor a Deus
Nem só de polêmicas envolvendo o deputado Marco Feliciano vive a comunidade evangélica no Brasil. No campo da música clássica, o número de fiéis que integram as melhores orquestras do País só aumenta. Em Ribeirão Preto, por exemplo, dois dos regentes de maior destaque na história recente da Orquestra Sinfônica vieram de igrejas pentecostais: Roberto Minczuck e Cláudio Cruz. O atual maestro assistente, Reginaldo Nascimento, a exemplo de muitos instrumentistas da Sinfônica, também é evangélico.
A presença cada vez maior desses profissionais na região motivou a criação da Orquestra Filarmônica Gospel, especializada em hinos e canções de louvor a Deus. Um de seus integrantes, o trompetista Naber Mesquita, lançou recentemente o CD “Angelical Trombeta”, com um repertório formado com aquilo que ele define como “música cristã contemporânea”.
“Um dos critérios de seleção foi trazer músicas tradicionais do repertório, já que é um disco instrumental, do sacro ao gospel, com qualidades técnica, poética e também teológica”, explica Naber.
Ex-músico da Sinfônica de Ribeirão, o trompetista está atualmente na Orquestra Municipal de Campinas e também faz parte de alguns grupos de igrejas locais. Ele conta que o projeto do CD o acompanha desde criança “pela necessidade de compartilhar o que Deus lhe confiou”. “Mas este sonho estava na gaveta até que minha amiga cantora gospel Pérsida me deu o empurrão, me encorajando a conversar com o produtor dela”, conta.
Incentivo
Naber descobriu a música clássica dentro da igreja Assembleia de Deus, da qual faz parte até hoje. Em seguida, no início dos anos 1990, fez um curso de extensão na Unicamp, onde tempos depois se graduou em música.
O instrumentista conta que as igrejas evangélicas incentivam o estudo da música para a formação de suas próprias orquestras com fins litúrgicos. “Aqui no Brasil, as duas denominações cristãs que mais formam músicos são a Assembleia de Deus, pela tradição de bandas de música, e a Congregação Cristã no Brasil, que têm tradição de orquestras com cordas”, explica.
Ele lembra que o maestro Roberto Minczuk, que é trompista, faz parte da Assembleia de Deus, e Cláudio Cruz, um exímio violinista, é da Congregação Cristã no Brasil. Roberto, por exemplo, vem de uma família descendente de russos do Leste Europeu que fazia parte da orquestra que acompanhava os cultos da igreja. Cinco de seus oito irmãos tornaram-se músicos profissionais.
Mas Naber ressalta que as bandas e orquestras que se formam nas igrejas, em sua grande maioria, são frutos de iniciativa de um músico/regente idealista que trabalha de forma voluntária. “O incentivo que a igreja oferece é a abertura para desenvolvimento do trabalho. Porém, muitas vezes, toda a logística fica a cargo do empreendedorismo do maestro, sem recursos financeiros para isso. Mas se sem apoio financeiro há tamanha produção de músicos, imagine se tivesse”, diz.
Orquestra apresenta gospel sinfônico
O contrabaixista Anderson Idalgo, da igreja Assembleia de Deus, é um dos fundadores da Orquestra Filarmônica Gospel, que deu início a suas atividades no ano passado, em concerto no Teatro Municipal. Segundo ele, a OFG nasceu da necessidade de propiciar um ambiente orquestral exclusivo para divulgação da música sacra e do gospel sinfônico. Ele a idealizou juntamente com Naber Mesquita, com o objetivo inicial de reunir músicos de sua igreja, mas eles resolveram ampliar o grupo para “transcender as paredes das denominações evangélicas”.
Anderson assumiu a presidência e Naber, o primeiro diretor artístico. O presidente ressalta que o número de músicos eruditos nas igrejas pentecostais só aumenta. “Isso é devido ao incentivo da utilização de vários instrumentos na liturgia das reuniões cristão-evangélicas. Existe um incentivo de adorar a Deus com todos os instrumentos musicais. Está no Salmo 150.”
Fonte: Jornal da Cidade
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