A deputada Antônia Lúcia (PSC-AC) afirmou nesta segunda-feira que vai renunciar ao cargo de vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara em razão de uma afirmação feita pelo presidente do colegiado, deputado Marco Feliciano (PSC-SP), em um culto evangélico na cidade de Passos, em Minas Gerais. Durante o culto, Feliciano disse que a comissão era “dominada por Satanás” antes de sua nomeação à presidência.
Antônia Lúcia, que é do mesmo partido de Feliciano e também é evangélica, afirmou que se sentiu ofendida, pois faz parte da comissão há três anos.
- Em respeito à minha própria pessoa, ao meu trabalho como parlamentar, eu não aceito uma declaração dessas. Eu acho que nós temos que separar igreja de Parlamento - disse.
Após a repercussão da afirmação de Feliciano, o deputado usou o Twitter para se explicar. Ele afirmou que ao dizer que a comissão era “dominada pelo Satanás”, estava usando a palavra como sinônimo para “adversário”.
“Quando cito Satanás estar em locais de trabalho, falo sobre Adversários. Satanás ou Satã (do hebraico) significa adversário/acusador”, afirmou o deputado no Twitter.
Mais cedo, Antônia Lúcia também defendeu outros integrantes da comissão.
- Existiam (na comissão, nos anos anteriores) outras pessoas evangélicas, que quando tomarem conhecimento disso também vão ficar ofendidas. E outro detalhe: convivi durante estes anos todos com o deputado Domingos Dutra (PT-MA, ex-presidente da comissão) e em nenhum momento eu diagnostiquei qualquer atitude dele que me levasse à conclusão de que ele é satânico.
A assessoria do deputado afirmou que sua afirmação foi feita dentro de uma igreja, não numa atividade política, e que se trata de uma “opinião religiosa que reflete sua visão espiritual”, por isso ele não faria comentários a esse respeito.
Pelo Twitter, Feliciano disse ainda que já conversou com a deputada Antônia Lúcia. “Acabei de falar com a Deputada Antônia Lúcia e expliquei o ocorrido em Minas Gerais e pedi desculpas pelo mal entendido e ela aceitou”, disse o deputado no Twitter. Feliciano disse também que falou com o líder do PSC, André Moura (SE), para explicar o que teria dito, e relembrou que ele mesmo era membro da comissão antes de assumir a presidência.
Deputada vai pedir anulação da eleição
A deputada Erika Kokay (PT-DF) vai entrar com recurso na Mesa Diretora da Câmara pedindo a anulação da eleição do pastor Marco Feliciano (PSC-SP) para a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Casa. Segundo ela, o pastor não tem condições de dirigir o colegiado.
- Não dá para achar que as coisas ( na comissão) estão dentro da normalidade, não estão. Ele dizer que a comissão foi presidida por satanás é uma demostração grosseira da insustentabilidade da sua permanência nas presidência – disse a deputada, completando: - A comissão tem acontecido com audiência pública que não exigem quorum. Ele se aferra ao poder porque não quer que a comissão funcione.
Deputados descontentes com a indicação de Feliciano abandonaram a sessão antes da votação que elegeu o parlamentar. Erika Kokay defende que os partidos retirem as indicações feitas à comissão.
- A crise já foi até reconhecida pleo presidente Henrique Alves (presidente da Câmara). Não pode ser camuflada. A retirada das indicações desnuda a crise e possibilita a pactuação.
Reunião de líderes sobre pastor é adiada para a próxima semana
A permanência de Feliciano na presidência da comissão ganhou mais uma semana. A reunião de líderes na Câmara dos Deputados, marcada para amanhã, na qual seria discutido o assunto perante Feliciano, foi remarcada para terça-feira da semana que vem (9 de abril). De acordo com a assessoria de imprensa da Câmara, a mudança da data da reunião foi definida para que o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) possa repousar. Ele foi submetido a uma pequena cirurgia de hérnia abdominal no dia 28 de março.
“Por recomendação médica, o presidente está em repouso durante esta semana e não poderá cumprir agenda em Brasília. Dessa forma, a reunião de líderes marcada para esta terça-feira, com a presença do presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Pastor Marco Feliciano, foi transferida para o mesmo dia da próxima semana (9/4)”, divulgou a assessoria em nota nesta segunda-feira.
Na semana passada, os líderes ficaram reunidos por várias horas debatendo a permanência de Feliciano na comissão. Por volta das 22h, os líderes decidiram apenas que convidariam Feliciano para uma conversa na terça-feira, após o feriado da Semana Santa.
O vídeo foi disponibilizado no YouTube. Assista:
Fonte: O Povo
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