quarta-feira, 8 de maio de 2013

Deus no meio do redemoinho

“Deus, do meio de um redemoinho respondeu a Jó.” (Jó 38:1)

Redemoinhos são fenômenos naturais que varrem literalmente pessoas e coisas, e dependendo da força do vento, o estrago pode ser de pequena ou grande proporção. Chegam sem avisar e se movem em todas as direções. Viver um redemoinho, significa “ser moído” literalmente, ver a vida ir pelos ares. Foi exatamente isso que aconteceu com Jó, “homem mais justo que havia sobre a terra” Jó 1:8. Em pouco tempo, foi surpreendido pelo mal, perdendo tudo que tinha: família, saúde, amigos e honras. Um redemoinho varrendo-lhe a felicidade.

A história de Jó, revela o motivo pelo qual muitos de nós padecemos adversidades. Elas seriam resultado de combate espiritual e não necessariamente punição, consequência de pecados cometidos. No entanto, é difícil para nós decifrarmos os desígnios de Deus, especialmente nos momentos em que a dor é tão intensa e a alma geme, faltando palavras e forças para sorrir e manter-se de pé.

Nossas dores nem sempre encontram abrigo no coração do outro, ninguém pode vivê-la ou compreendê-la do modo como gostaríamos. O “fardo” se torna pesado quando na alteridade falta o amor. Jó estava ali, maribundo, coberto de chagas, perplexo pelas muitas interrogações e sem amigos. O que existia era pré julgamento e impiedade. Quem intercedeu por Jó com lágrimas nos olhos e sinceridade de coração? Nenhum de seus companheiros. No fim do livro de Jó, contudo lê-se: “Mudou o Senhor a sorte de Jó, quando este orava pelos seus amigos e o Senhor deu-lhe o dobro de tudo quanto antes possuía” Jó 42:10

Sei que a vida de Jó está repleta de lições, não tenho a intenção de discorrer sobre elas nesse momento. O que pretendo enfatizar é sobre o versículo que me fez parar, meditar, me espantar no momento da leitura: “Deus do meio de um redemoinho respondeu a Jó” Jó 38:1

Não Temas

A fala do Senhor veio “do meio do redemoinho”, de dentro, o que significa dizer que Deus estava com Jó no redemoinho, participando de seu sofrimento. A forte ventania em forma de funil, espiral, estava elevando o espírito de Jó e depurando seus medos em relação ao futuro. No meio do caos, Deus se revela para dizer : “ Estou aqui, em todo tempo estive contigo”. Essa conversa entre Deus e Jó é real nos redemoinhos de nossas vidas, talvez sejam os momentos em que a voz do Divino seja mais latente.

No livro do profeta Zacarias vamos ler:

“ E o Senhor será visto sobre eles, e as suas flechas sairão como relâmpago; e o Senhor Jeová fará soar a trombeta e irá com os redemoinhos do Sul” Zc. 9:14

Em Isaías;

“As suas flechas serão agudas, e todos os seus arcos, retesados, as unhas dos seus cavalos dir-se-iam de pederneiras, e as rodas dos seus carros em redemoinho” Is 5:28

2 Rs. 2:11;

“E sucedeu, que indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho”.

Vemos Deus movimentando-se em redemoinhos.

Profeta Elias em vida viveu tantos redemoinhos que angustiado, chegou a pedir para morrer : “ Elias sentou-se embaixo do pé de zimbro e pediu a morte” I Rs. 19:4. No final, foi elevado ao céu pelo redemoinho. Elias se tornara sensível a voz de Deus, a Sua vontade. Nas adversidades enfrentadas, o funil redemoinho, depurará seu ser ao ponto de aumentar-lhe a fé: simples homem, sujeito a paixões, orou para que não chovesse e por três anos e seis meses não choveu, e orou novamente e a terra deu o seu fruto” Tg. 5:16,17. Essa intimidade entre Deus e Elias foi exercitada nos redemoinhos.

Agora te Vejo

Posso imaginar Jó, noites e mais noites sem dormir, buscando a presença de Deus, derramando lágrimas, suspiros e gemidos. Era apenas Deus e Jó no redemoinho. As forças contrárias impeliam Jó ao desanimo, desespero, mas Deus estava lá em movimento e Jó se voltou para Ele, por esse motivo, não foi abatido em espírito, não se entregou a morte, embora tenha desejado não ter nascido. Quem mais poderia ter feito cessar a força do vento? Homem algum. Elifaz, Bildade, Eliú, Zofar? Estes representam o mundo, a fragilidade, o desconhecimento, a distância de Deus. É irônico que do mais frágil de todos, do moribundo Jó é que nasce a sabedoria e o conhecimento do Altíssimo. Ele estava com Deus no movimento do redemoinho! Os demais, estavam incomodados com a poeira que cegava-lhes a visão da Eternidade, da Soberania Divina.

“Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza” Jó 42:5,6.

Que declaração essa que encerra o livro de Jó! Todo sofrimento o conduziu para bem perto de Deus. Ele tinha experienciado um relacionamento profundo, uma entrega total de si mesmo, a ponto de ser transformado em espírito e verdade. O Jó de agora, já não era o dos muitos holocaustos -Jó 1:5, sacrifícios, era o sacrificado, ele mesmo, em imersão de ser e submersão de espírito, unido ao Criador. Jó viveu cada dia de seu tormento na companhia do Aba, Pai, o que o acolheu e se compadeceu dele, tudo no redemoinho.

Lições nos redemoinhos

Se você chegou até aqui na leitura, certamente pôde sentir o propósito de Deus em meio ao redemoinho. Aprendo que através deles, chegamos mais perto de Deus e que nesses momentos em que somos surpreendidos pela destruição, haverá sempre lugar para restituição e quando ela chega traz felicidade e gozo de uma forma especial e única porque estaremos preparados para viver o melhor de Deus para nós. Deus está conosco nas adversidades e nós, precisamos estar com Ele, busca-Lo, ouvi-Lo, amá-Lo ainda que a força do vento só nos apresente destroços."Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo." Jo 16:33



Fonte:  Wilma Rejane em A Tenda na Rocha
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