quinta-feira, 30 de maio de 2013

"Precisei ler a Bíblia", diz figurinista de 'José do Egito'

Para reproduzir com riqueza de detalhes a passagem bíblica retratada em José do Egito, ambientada 3.000 a.C., a figurinista Carolina Li, de 42 anos, dedicou-se intensamente aos estudos. O ponto de partida foi a Bíblia. "Precisei ler para compreender também os hábitos e costumes da época", explica. Após entender a história do personagem-título da série, a figurinista buscou inspiração em livros, filmes e pinturas. 

"Inclusive seriados como Spartacus, Roma e Game of Thrones foram essenciais", diz sobre o processo de pesquisa que iniciou quatro meses antes das gravações da minissérie da Record começarem.  Com uma equipe formada por ela e mais oito profissionais, os esboços dos figurinos começaram a ganhar detalhes e cores nos papéis. "Em uma reunião, apresentei as pranchas (desenhos) para a autora Vivian de Oliveira e para o diretor e chegamos a um denominador comum", revela.

O trabalho de elaboração e criação de novas peças não parou durante a exibição da série. De acordo com Carolina, devido ao pouco tempo hábil que tiveram para produzir e a grande demanda por peças, a confecção das roupas se estendeu ao longo de todas as gravações. "Continuamos estudando e construindo figurinos", detalha. Para dar conta da intensa gama de produção de todos os figurinos, que teve um custo final avaliado em R$ 1,2 milhão, Carolina precisou dividir sua equipe e delegar funções.

"Aproveito o que cada um de meus assistentes tem de melhor e os direciono", declara, ao dizer que, com exceção das peças que foram reaproveitadas das séries anteriores, todas as demais foram produzidas por sua equipe. Além de tecidos como linho e tear, peles de animais foram utilizadas para a confecção das roupas de época. "Usei pele de jacaré, avestruz, peixe... Inclusive, a capa do faraó é toda feita em couro de pirarucu e escama de pescada", enumera.

Indagada quanto ao figurino que mais lhe deu trabalho, Carolina não consegue pontuar. A figurinista diz que todos requerem muita dedicação, inclusive os que parecem "menos sofisticados", como denomina, aos olhos do público. "Quem olha uma peça simples como a túnica do José não imagina o trabalho que deu para chegar naquele resultado", garante. Justamente por exigir tamanha simplicidade, a roupa demorou aproximadamente três meses para ser finalizada.

"Como ele ia ficar meses com ela, precisei pensar em cada lugar que ele ia passar. Inclusive pelo deserto", discorre. Apesar da aparente simplicidade de algumas peças como essa, outras são repletas de camadas de diferentes tecidos e acessórios. "Às vezes, faço sobreposições de vários tecidos para chegar à textura que preciso", argumenta. Com isso, algumas produções chegam a pesar mais de oito quilos, como a do faraó, personagem de Leonardo Vieira na série. 
         
Como as produções de época são muito pesadas por conta das diversas camadas de roupa e dos colares enormes, que chegam a cinco quilos, Carolina diz que alguns atores pedem para diminuir a quantidade de acessórios. "Os atores se adaptam às necessidades e nós nos adaptamos a eles", afirma, antes de continuar. "Quando o ator usa a roupa de maneira natural e entende que faz parte da essência do personagem, aí o figurino ganha vida", conclui.

Orgulhosa do resultado final de seu trabalho juntamente com sua equipe, Carolina afirma não ter preferência por um ou outro figurino. "É difícil. São personagens com características muito diferentes. Eu gosto de todos igualmente", finaliza. 



Fonte: TV Press
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