Qual a maior virtude de Davi, o rei de Israel ? É difícil escolher uma, mas certamente a coragem está entre elas. No entanto, há pelo menos um episódio em que fica claramente com medo (1 Samuel 21.10-15).
Enfraquecido diante da fúria persecutória de Saul, Davi fugiu para Gate, cidade filisteia governada por Aquis. O rei local reconheceu Davi como guerreiro poderoso. Em lugar de se valorizar, o filho de Jessé temeu que Aquis o enfrentasse e derrotasse.
Então, teve medo.
Na tentativa de se livrar, fingiu-se de louco. A estratégia deu certo. Em seguida, fugiu para outro lugar.
Aprendemos, com esta história, que o mundo é o que ele é e não o que gostaríamos que fosse. Por isto mesmo, Jesus, quando enviou seus apóstolos, deu-lhes esta (estranha) instrução: "Eu os estou enviando como ovelhas entre lobos. Portanto, sejam astutos como as serpentes e sem malícia como as pombas" (Mateus 10:16). Davi tinha o dever de proteger a sua vida. O cuidado é não tornarmos a ética da exceção na ética da regra, legitimando-se todos os recursos em nome de uma propalada defesa da vida.
Esta mesma passagem, no entanto, nos adverte que a nossa força pode ser nossa fraqueza. O valente Davi teve medo.
Talvez devêssemos julgá-lo: ele não cantou nenhum salmo. Ele teve medo. Antes, devemos nos identificar com ele: há situações que nos põem medo. Por que não admiti-lo.
O que não podemos é fazer do medo a regra.
Se tivermos medo, devemos, no limite, agir como Davi; como ideal, devemos pedir a Deus que nos fortaleça.
Fonte: Pr Israel Belo de Azevedo em Prazer da Palavra
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