domingo, 7 de abril de 2013

Proibição de véu em região da Rússia revolta população muçulmana

Ali Salikhov, um muçulmano, na sua aldeia na região de Stavropol, que proibiu véus nas escolas

As garotas da família Salikhov vivem na fronteira do país. A estrada é de terra, pontilhada de poças e ovelhas, e sua casa não dispõe nem de encanamento nem de água encanada. Elas achavam que neste ano as autoridades fariam a ligação de gás natural.

Em vez disso, elas se encontram no meio de um debate sobre religião na Rússia.

Quando a direção da escola local, no extremo leste da escassamente povoada região de Stavropol, anunciou que garotas com véus muçulmanos não poderiam entrar em escolas públicas, a família Salikhov teve de fazer mudanças.

Raifat, 15 anos, chorou ao saber que seria enviada ao vizinho Daguestão. Sua sobrinha, Amina, 10 anos, começou a ter aulas particulares com um professor em vez de frequentar a aula na escola primária local. A irmã de Amina, Aisha, de cinco anos, não sabe que sua vida mudou. Numa manhã recente, ela estava sentada à mesa da cozinha e tentava colorir dentro das linhas do desenho.

A proibição dos véus levada a cabo por Stavropol – a primeira restrição ampla a ser imposta por uma região na federação russa – está sendo questionada nos tribunais. A atitude nasceu em meio a tensões étnicas que vêm confrontando o Kremlin com um problema: o presidente russo, Vladimir V. Putin, teve sucesso em controlar a violência separatista no norte do Cáucaso em parte pela concessão de subsídios e ampla autonomia às regiões predominantemente muçulmanas. Porém, agora o Kremlin precisa lidar com o ressentimento crescente em regiões onde predomina a etnia russa, como Stavropol, situada no limite da cordilheira do Cáucaso.

Quando a severa diretora russa de uma escola num destes vilarejos pobres disse que não mais aceitaria garotas de véu, ela se tornou uma heroína para muitas pessoas em Stavropol. Os líderes da região a apoiaram, adotando um uniforme que não permite nenhum tipo de cobertura na cabeça das meninas; a restrição afeta uma população de cerca de 2,7 milhões. Segundo estatísticas oficiais, aproximadamente dez por cento dos residentes são muçulmanos, embora o número verdadeiro possa ser o dobro por conta da migração não registrada, garante o International Crisis Group.

Ali Salikhov, pai de Amina, afirmou que não será amedrontado e levado a relaxar sua visão quanto ao véu.




Fonte: The New York Times
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