terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Ministérios Fracassados

O documentário abaixo, produzido por Yago Martins, aborda a questão do sucesso segundo o mundo contra o sucesso segundo Deus – uma mensagem tão importante nos tempos megalomaníacos de hoje.

Por que os padres não podem se casar?

A princípio, padres não se casavam por opção, para dedicar 100% do tempo e das energias à oração e à pregação - da mesma forma que Jesus Cristo. Em 1139, ao final do Concílio de Latrão, contudo, o matrimônio foi proibido oficialmente a membros da Igreja. Embora a decisão tenha se apoiado em passagens bíblicas - como "É bom para o homem abster-se da mulher" (presente na primeira carta aos Coríntios) -, uma das razões mais fortes para a transformação do celibato (como é conhecida a proibição do casamento) em regra foi o que, já naquela época, ditava as regras da humanidade. Fé? Nada disso. Grana! Na Idade Média (do século 5 ao 15), a Igreja Católica alcançou o auge do seu poder, acumulando muitas riquezas, principalmente em terras. 

Para não correr o risco de perder bens para os herdeiros dos membros do clero, o melhor mesmo era impedir que esses herdeiros existissem. Isso não fez muita diferença para os monges, que, por opção, já viviam isolados em mosteiros, mas em algumas paróquias a proibição gerou discórdia. A maior delas ocorreu no começo do século 16 e foi uma das razões pelas quais o cristianismo passou pelo seu maior racha: Martinho Lutero rompeu com o papa e criou a Igreja Luterana, que permitia o casamento dos seus pastores - e permite até hoje (veja o quadro abaixo). 

Depois da Reforma Protestante, a Igreja Católica reafirmou o celibato, definindo no Concílio de Trento, em 1563, que quem o rompesse seria expulso do clero. A regra se manteve até 1965, quando o papa Paulo VI permitiu que padres se casassem e continuassem frequentando a Igreja (sem a função de padres, claro). Para conseguir essa liberação, o padre noivo precisa enviar um pedido ao Vaticano e esperar a autorização, que pode demorar até dez anos. "João Paulo II tornou o processo mais demorado, mas Bento XVI está limpando a mesa", diz o teólogo Afonso Soares, professor da PUC-SP. Além de promover a tal limpeza, o novo papa surpreendeu, em agosto do ano passado, ao aceitar que o ex-pastor anglicano David Gliwitzki, casado e pai de duas filhas, e tornasse padre.

Mulher do padre

Veja como outras religiões tratam a vida amorosa de seus sacerdotes

Judaísmo

Rabinos podem ter relacionamentos e se casar. A única recomendação é que a esposa seja judia

Budismo

Não reconhece nenhum ser superior capaz de dar ordens de conduta, mas monges e monjas vêem a abstinência sexual como algo que eles devem se esforçar a aprender

Cristianismo protestante

Pastores (batistas, metodistas, da Assembléia de Deus ou de qualquer outra corrente) podem se casar. Entre os luteranos, há grupos de monges que, por opção, adotam o celibato

Cristianismo Ortodoxo

Homens casados podem virar padres, mas dificilmente serão promovidos a bispos. A regra é a mesma em correntes católicas orientais, como a maronita e a ucraniana

Islamismo

Qualquer homem (no islamismo, não há sacerdotes como no catolicismo) não só pode como deve ter quatro esposas, se puder sustentá-las, é claro. As mulheres, por outro lado, só podem ter um marido.



Fonte: Mundo Estranho
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Pastor do texas vai orar para que Deus atinja e mate lutador de MMA com um raio

McGregor disse que 'daria uma surra' em Jesus. Agora, pastor do Texas quer que Deus atinja e mate o lutador de MMA com um raio

"Eu contra Jesus no octógono? Não há um homem vivo que possa me bater, mas Jesus não está vivo, então não sei, talvez ele possa voltar dos mortos, não sei. Ainda assim, lhe daria uma surra".

Conor McGregor, se colocou acima de Jesus Cristo, numa entrevista polêmica - mais uma - em dezembro. É a forma como o lutador irlandês sempre promove suas lutas no UFC: criando histórias, fazendo graça.

Mas um pastor do Texas levou a ofensa bastante a sério. Donnie Romero, da Stedfast Baptist Church, partiu para o ringue:

"Vou orar para que Deus mate esse cara", disse Romero . "Vou orar a Deus para atacá-lo com um raio".

A gravação toda está logo abaixo:



Quantos fãs perdeu o lutador irlandês? Provável que muitos. Mas o que dizer então desse pastor que espera por uma vingança divina?


Fonte: HuffPost Brasil
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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Autointitulado apóstolo Agenor Duque promete apagar a memória dos fiéis

Agenor Duque num culto em novembro. Ele se veste de estopa em sinal de humildade, mas não dispensa o Nike no pé 

Numa incansável cruzada por arrecadação, o autointitulado apóstolo Agenor Duque, da Igreja Plenitude do Trono de Deus, pede à plateia que raspe a carteira e que doe até o décimo terceiro salário. Já anda de Porsche e voa de jatinho

Do alto do púlpito, diante de cerca de 7 mil fiéis com as cabeças cobertas por um pequeno pano avermelhado, um homem vestindo uma roupa que imita estopa aponta o dedo para um rapaz da plateia: “Você é homossexual?”, diz ao microfone. Ao ouvir uma resposta afirmativa, continua: “E você quer sair do homossexualismo?”. O interlocutor diz que sim, e é convidado a subir no altar. Enquanto uma canção entorpecente embala a cena, o líder espiritual cerra os dois punhos, ergue os braços e grita: “No milaaaagre de Manassés, Deus apaga da memória agora todo o passado de sofrimento. No milaaaagre de Manassés, Deus faz a pessoa esquecer que um dia foi homossexual”. Volta a se dirigir ao rapaz.

– Seu nome?
– Junior.
– Você tinha alguma vida errada no passado?
– Não.
– Pensei que você era gay... Pensei que você morava com um homem...
– Não, Deus me livre.

Como que num passe de mágica, Junior diz que nunca gostou de homens. Na semana seguinte, volta ao mesmo altar para contar o desfecho de sua história. Diz que seu namorado, ao saber da conversão, caiu no choro. A mãe, surpresa com o esquecimento súbito, cogitou levar o filho a um hospital. Entre gritos entusiasmados de “aleluia” e “eu creio”, o público se levanta e aplaude a transformação.

O homem das vestes de saco – um figurino para demonstrar humildade diante de Jesus Cristo – é o autoproclamado apóstolo Agenor Duque, um paulistano de 37 anos, filho de pais separados, crescido numa família pobre da Zona Leste de São Paulo, ex-viciado em drogas. No concorrido mercado das igrejas neopentecostais, Duque é o pastor emergente do momento. Com uma forte vocação teatral e adepto da prática de prometer o impossível, Duque abocanha cada vez mais fiéis e começa a incomodar as igrejas concorrentes. Além das usuais curas de doenças e vícios, Duque promete apagar o passado da mente dos fiéis.

Não hesita em abusar de condutas preconceituosas, como propagar o “milagre” de fazer um homem esquecer a homossexualidade ou enfrentar num duelo um suposto adepto do candomblé. Prova de sua destreza para lotar igrejas e influenciar opiniões, o deputado e pastor Marco Feliciano não sai do altar da Igreja Apostólica Plenitude do Trono de Deus*. Na campanha eleitoral do ano passado, o tucano Geraldo Alckmin, reeleito governador de São Paulo, ajoelhou-se no púlpito de Duque.

Num roteiro já conhecido entre os pastores das neopentecostais, Duque começou na Igreja Universal do Reino de Deus e migrou para a Mundial – até que teve uma “visão espiritual” e decidiu criar seu próprio templo. Em setembro de 2006, abria a porta da Igreja Plenitude do Trono de Deus. Com R$ 25 mil da venda de um Astra, Duque comprou algumas poucas horas nas madrugadas de rádios e alugou um galpão na Avenida Celso Garcia – que, pela facilidade de acesso e circulação intensa, concentra boa parte das igrejas neopentecostais. Há dois anos, Duque tinha cinco modestas igrejas em São Paulo.

Hoje, são pelo menos 20, espalhadas por São Paulo, Amazonas, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás e Distrito Federal – sem contar as dezenas de núcleos, galpões abertos pelo interior que, ainda sem documentação, não são considerados templos. No ano passado, a Igreja Plenitude do Trono de Deus firmou uma espécie de joint venture evangélica com a igreja de André Salles, o líder evangélico responsável pela conversão da ex-senadora Marina Silva, para aportar em Brasília. Em dois anos, a Igreja Plenitude do Trono de Deus saltou de quatro para 18 horas no canal de televisão RBI. Só entre outubro e novembro, passou de quatro para mais de nove na Rede Brasil TV.

O traje de saco nos cultos é uma espécie de abadá para uma encenação de pobreza. Há tempos Duque deixou a dureza para trás. Como os adeptos do funk ostentação, fora do palco ele se enfeita com cordões, anéis e relógios dourados, bonés e tênis de marcas como Nike e Hugo Boss e adora exibir-se no Instagram. Dirige um Porsche e um BMW. Já se exibiu em um vídeo com uma Ferrari – após críticas de internautas, recuou e disse que o carro era de um “amigo”, o pastor Arthur Willian Van Helfteren, da Igreja Universal do Reino de Deus.

Sempre que viaja, Duque evita apertar o corpanzil nas poltronas da aviação comercial; prefere o conforto de um bimotor Cessna Citation. De acordo com os registros da Agência Nacional de Aviação Civil, a aeronave pertence à Cimeeli Comércio e Indústria, uma empresa sem rastro. O telefone atribuído à Cimeeli é residencial e seus sócios não foram localizados.

Em um universo em que não faltam exageros, os cultos de Duque são espetáculos ainda mais histriônicos. Ele atua em parceria com a mulher, a autointitulada bispa Ingrid Duque, e mais recentemente com o filho adotivo, o pastor Allan. Em suas performances, Agenor Duque intercala suas falas com expressões incompreensíveis que diz virem da língua do Espírito Santo – “Traz o óleo, quibalamacia balabaliã”, diz, em meio ao culto, enquanto checa mensagens no telefone. Suas orações quase sempre terminam com um “hallelujah”, num esforçado sotaque americano.

“A religiosidade brasileira sempre foi muito sincrética. O brasileiro valoriza tudo o que o ajuda a se relacionar diretamente com o sagrado”, afirma Rodrigo Franklin de Sousa, professor de pós-graduação em ciências da religião da Universidade Presbiteriana Mackenzie. “O teatro cai como uma luva.” Os cultos da Plenitude do Trono de Deus reúnem dramas humanos de todos os tipos. Há mulheres traídas pelo marido, fiéis com pendências com a Justiça, mães desesperadas para tirar o filho da prisão, pais de família desempregados, viciados que tentam resgatar a dignidade.

Converter os dramas em espetáculo e gerar lucro requer organização. Nos cultos de domingo, mais lotados, a igreja é dividida em quadras imaginárias, cada qual vigiada por um pelotão de obreiros. Numa cerimônia, um homem se exaltou e foi contido por seguranças. Curiosa, parte da plateia foi repreendida pelos obreiros: “Deus está no altar lá na frente. Parem de olhar para o lado”.

O apóstolo Agenor Duque, o pastor André Salles e a bispa Ingrid Duque. Numa espécie de joint venture evangélica, suas igrejas se uniram no ano passado para arrebanhar mais fiéis

Em um dos episódios mais plásticos, no ano passado, Duque estava no altar quando um dos obreiros avisou sobre um homem que, sem abrir a boca, se apresentava como pai de santo e o desafiava. Rodando uma jaqueta ao redor do corpo, o homem subiu ao palco e foi ao encontro de Duque. Como se estivesse num MMA espiritual, Duque encostou a cabeça no adversário, deu dois gritos e – shazam! – o sujeito desmilinguiu-se. A plateia foi ao delírio. “O público gosta”, diz Paulo Romeiro, doutor em ciências da religião. “A igreja neopentecostal brasileira é cega, infantilizada, cheia de picaretas e cambalacheiros.”

Tanto cultos quanto programas no rádio e na TV da Igreja Plenitude do Trono de Deus têm um roteiro simples, que converge para a arrecadação. A pregação da Bíblia é quase inexistente. Invariavelmente, o pastor apresenta um “milagre” e, na sequência, pede dinheiro ostensivamente. Numa tarde de terça-feira, em outubro, uma pastora da Plenitude do Trono de Deus pediu aos fiéis que abrissem suas Bíblias em 1 Reis 17. A passagem conta a história de uma viúva miserável que, diante de uma onda de fome, doou tudo o que tinha – um punhado de farinha na panela e um pouco de azeite numa botija – a um profeta desconhecido, antes mesmo de alimentar o filho.

Ao final da leitura do capítulo, a pastora gritou ao microfone: “Deus está me dizendo que alguém aqui tem R$ 50 na carteira, é tudo que essa pessoa tem. Se você sentiu que esse chamado é para você, faça como a viúva. Ela deu tudo que tinha, e foi recompensada”. Uma mulher se encaminhou ao altar e retirou a única nota de R$ 50 da carteira. Os pedidos aos demais continuaram num crescente. “Prova para Deus que você acredita. Precisa ser um sacrifício grande, algo que dói! Limpa a carteira! Raspa a carteira! Ou faz como uma mulher no culto desta manhã, que doou o próprio carro.”

A adivinhação no púlpito, diz um ex-obreiro da Igreja Plenitude do Trono de Deus, não passa de uma trapaça. Na chegada à igreja, os fiéis com um pedido especial preenchem uma ficha com sua história – depois colocada no altar. Enquanto lê disfarçadamente o relato, o pastor repete tudo ao microfone como se estivesse tendo uma epifania. Ao reconhecer sua história, o fiel emocionado se dirige ao altar e confirma o milagre. “São verdadeiras empresas da fé”, afirma o teólogo João Flávio Martinez, presidente do Centro Apologético Cristão de Pesquisas. Os pastores que arrecadam mais são recompensados e ascendem. “Eles recebem até bônus”, afirma um ex-obreiro da Plenitude do Trono de Deus. “Eles dizem que você tem de entrar na mente da pessoa, convencê-la a aceitar o que você diz”, afirma.

Às quintas-feiras, numa reunião fechada de presbíteros, os mais experientes recomendam “agressividade” e “olhar clínico” para identificar potenciais doadores. “Os pastores dessas igrejas são bem preparados, fazem cursos de marketing, de gestão, de oratória. A lógica é unicamente de mercado. Não existe uma base de doutrina”, diz Rodrigo Sousa. Os pastores das maiores agremiações fazem cursos específicos de gestão financeira de igrejas no exterior. A hierarquia é rígida. Como um presidente de empresa, Agenor Duque convive com poucos de seus comandados. Usa até mesmo uma entrada exclusiva na sede. Os insistentes pedidos de entrevista de ÉPOCA – todos negados – percorreram três instâncias antes de chegar a ele.

Em sua incansável cruzada por arrecadação, a Igreja Plenitude do Trono de Deus promove campanhas temáticas com objetivos específicos. Uma do Vale de Elah, traz um boneco recente, gigante que procura reproduzir a figura do rei David, vestido como um guerreiro, com escudo e espada no altar da igreja. Uma loja vende diversos badulaques inspirados longinquamente em temas bíblicos. A gama de produtos inclui a marca própria de roupas e acessórios femininos da bispa Ingrid, na loja Amor Oficial.

Os looks – saias estampadas, calças boca de sino, bolerinhos e vestidos longos com estampas em três dimensões – usados por Ingrid na TV e nas redes sociais são reproduzidos por boa parte das fiéis nos cultos. “Quem usa é escolhida por Deus”, diz Ingrid no Instagram da marca. Como a inflação não respeita nem o sagrado e não está fácil nem para milagreiros, na Amor Oficial também tem liquidação – só muda o nome: a Black Friday, o dia internacional do desconto, chama-se White Friday.

O ritmo de inovação da Plenitude do Trono de Deus é incessante. Recentemente, Duque passou a pedir o 13º salário dos fiéis – e até o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Para os próximos meses, planeja a construção de um novo templo, para o qual criou uma campanha específica, cuja contribuição começa em R$ 1.000. Em fevereiro, pretende lotar o Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, com capacidade para 13 mil pessoas, e o estádio do Canindé, em São Paulo, que acomoda 21 mil pessoas, com uma atração internacional: o controverso pastor Benny Hinn, que percorre o mundo com seus megacultos milagrosos. “Com a crise financeira, as igrejas neopentecostais estão tendo de se reinventar para entregar resultados”, afirma Rodrigo Sousa. No que depender da criatividade de Duque, a Igreja Apostólica Plenitude do Trono de Deus pode superar limites.

*Nota da redação: A Igreja Internacional Plenitude de Deus não tem vínculos com a Igreja Apostólica Plenitude do Trono de Deus. 



Fonte: Época
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Tá na Bíblia: A resposta certa vem de Deus


"Ao homem pertencem os planos do coração, mas do Senhor vem
a resposta da língua."
( Provérbios 16:1)

Ex-presidente da escola A Grande Família se prepara para servir só a igreja evangélica

O principal motivo, conta o ex-sambista, foi a falta de tempo para a família e os problemas de saúde que ele e outros familiares sofreram recentemente

Uma das pessoas mais identificadas do Carnaval amazonense, particularmente com a escola de samba A Grande Família, trocou, desde agosto do ano passado, o ritmo frenético do samba pelos louvores e cânticos cristãos. Luiz Gilberto Ferreira Lima, 58, está gradativamente deixando o mundo do samba para se dedicar somente ao Evangelho.

O principal motivo, conta o ex-sambista, foi a falta de tempo para a família e as atribulações e problemas de saúde que ele e outros familiares, viviam sofrendo nos últimos anos. 

Ele só não deixou a agremiação por completo devido parte dos familiares integrarem a diretoria da vermelho e branco do bairro São José: um dos filhos, Luiz Gilberto, é o presidente da A Grande Família, enquanto que outro, Luiz Eduardo, é mestre de bateria. A esposa, Ermozinda Andrade Lima, foi durante 12 anos porta-bandeira e hoje é cozinheira (ele também é pai do filho adotivo Luiz Fabiano). 

Outra rotina

Diferente dos anos anteriores, quando sua rotina era viver quase 100% entre a quadra e o barracão de alegorias da escola de samba, hoje ele vai raramente à sede da agremiação e mais para dar suporte ao filho presidente.

Na vermelha e branca ele esteve presente em todos os seis títulos de grupo Especial, e neste ano mais uma vez sua opinião foi de “peso” para a escola definir, como enredo, o didático tema “Paz no Trânsito” (reeditando o samba homônimo de 2006 quando foi campeã).

Atualmente, são as terças e domingos os principal focos dele, nos cultos da Assembléia de Deus, Área 71, localizada na Cidade Nova, Zona Norte. “Eu ainda estou de corpo na A Grande Família porque preciso ajudar meu filho. Mas espiritualmente a minha cabeça e o meu coração estão na igreja. Foram 30 anos sem ter tempo como deveria para a minha família”, comenta ele. A promessa dos familiares é de que todos deixem a escola após o fim do mandato de Luizinho, como é conhecido o filho de Luiz Gilberto.

“O Luizinho me fez uma promessa. Depois do desfile da escola, no dia 6, virá a eleição em maio e ele não vai concorrer à reeleição. Vai cuidar da vida dele. Tomara que ele me siga. Ninguém arrasta ninguém. É Deus que toca no seu coração e há de tocar no coração dos meus filhos. Um dia hei de vê-los aqui comigo na Igreja. Eu acredito muito que meus filhos vão me seguir. Há cinco meses ninguém imaginava que eu iria entrar para a igreja evangélica”, pontua o ex-sambista.

Visão

Luiz Gilberto conta que, do dia 6 para 7 de agosto do ano passado, teve uma visão que foi fundamental para a mudança de estilo de vida. Ele garante que, ao andar pela avenida Grande Circular, uma mata se fechou ao seu redor e, em meio à confusão de não encontrar um caminho, foi ajudado por um motorista dirigindo um antigo modelo Corcel 2.

“E ele perguntou se eu estava perdido e eu disse: ‘Estou’. E ele falou: ‘Então vamos encontrar esse caminho juntos’. E eu entrei no carro e as árvores começaram a aparecer e ao longe eu vi uma cidadezinha. E eu despertei”, lembra o evangélico, que a partir dali decidiu mudar totalmente de vida.

Ele crê fervorosamente que a recuperação de sua mãe, Leonília Ferreira Lima, hoje com 89 anos, que estava desenganada pela medicina tradicional, é fruto da sua entrada para a igreja.

“Hoje minha mãe anda, sem inflamações, come de tudo, é sã, também está na igreja. Já viajou para o Ceará e até foi à praia. Ela é um milagre vivo de que Deus existe após todo esse sofrimento grande pelo qual passamos”, relata Luiz Gilberto, dizendo estar tranquilo quanto à transição do samba para a igreja. “O que eu quero é a Igreja de Deus e conviver para a minha família, coisa que eu não vivia há mais de 30 anos”, ressalta.

Cânticos

Luiz Gilberto faz planos de entoar, brevemente, um louvor em plena quadra da A Grande Família. Mas não para sambistas, e sim para evangélicos, afirma ele. Cânticos como “Raridade”, do artista gospel Anderson Freire, um dos que Luiz Gilberto já começa a cantar nas pregações.

Ele faz questão de citar, emocionado, um trecho dele para a equipe de A CRÍTICA: “Você é um espelho que reflete a imagem do Senhor / Não chore se o mundo ainda não notou. Já é o bastante Deus reconhecer o seu valor / Você é precioso, mais raro que o ouro puro de ofir. Se você desistiu, Deus não vai desistir / Ele está aqui pra te levantar. Se o mundo te fizer cair....”.

Altamente identificado com o folclore amazonense, de onde fez parte de grupos como na Praça 14 de Janeiro, Luiz Gilberto lembra que ícones do boi-bumbá como David Assayag, levantador de toadas do Caprichoso, há alguns meses também se converteram ao Evangelho. “Olha aonde Deus foi usar o David”, ressalta o ex-sambista.

Já evangélico, recentemente, a pedido do filho presidente, Gilberto apresentou um dos eventos de feijoada da escola de samba, mas fez questão de explicar ao povo sambista presente na quadra da A Grande Família que continuava fiel à sua igreja, que não havia se desvirtuado e que as pessoas deveriam se preocupar mais com as suas vidas pois a dele estava resolvida. “Deus me guiou, meu parceiro”, conta ele, que ainda guarda, consigo, o vocabulário do samba, que ficará mais raro a cada dia.

“Muitos dizem pra mim: Glória a Deus, Gilberto, que bom. Feliz por você ter encontrado um caminho de paz e sossego na sua vida. Já os irônicos dizem: ‘Isso é fogo de rabo de palha. Quando passar o primeiro balde de cerveja ele toma uma latinha’. E eu digo: já passaram mais de 100 e a tentação não me bate. Quando alguém me oferece uma cerveja eu só faço rir. Se quiserem me pagar um refrigerante eu aceito”, brinca ele, sorridente, uma das suas marcas registradas.




Fonte: A Crítica
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