quinta-feira, 6 de maio de 2010

Rio Jordão pode morrer em 2011

Relatório diz que curso d'água foi devastado por exploração, poluição e falta de gestão.

Cristãos brasileiros oram, em 2009, em cerimônia de batismo em trecho não poluído do Rio Jordão.

O rio Jordão, onde os cristãos acreditam que Jesus foi batizado, se resume agora a um córrego poluído que pode morrer no próximo ano a menos que a poluição seja interrompida.

A revelação faz parte de um relatório da ONG (Organização Não Governamental) Amigos da Terra do Oriente Médio (FoEME) divulgado nesta segunda-feira (3).

- O rio foi reduzido a um fio de água ao sul do mar da Galileia, devastado pela exploração, poluição e falta de gestão regional.

Mais de 98% do curso de água do rio foi desviado por Israel, Síria e Jordânia ao longo dos anos.

- O fluxo que restou é constituído principalmente de esgoto, viveiro de peixes, escoamento agrícola e água salina. Sem medidas concretas, o baixo rio Jordão deverá secar até o final de 2011.

O rio - que percorre 217 km do mar da Galileia ao mar Morto - e seus afluentes são partilhadas por Israel, Jordânia, Síria e Cisjordânia.

Alguns quilômetros ao sul do mar da Galileia - que na verdade é um lago - uma barragem corta o fluxo do rio. Ao sul da barragem, o esgoto jorra de um cano.

Gidon Bromberg, diretor em Israel da FoEME lamenta a atual situação e aponta para as águas fétidas.

- Esta é a fonte do baixo rio Jordão. Ninguém pode dizer que essa água é benta. Ninguém pode dizer que esse é um estado aceitável para um rio, famoso no mundo todo.

A poucos metros, a água salgada flui acompanhada de uma espuma marrom. Todos os anos, milhares de peregrinos mergulham no rio bíblico, apesar do índice de poluição no local ser alarmante.

Israel, Jordânia, comunidades palestinas e outras de pequeno porte - totalizando cerca de 340 mil pessoas – despejam esgoto bruto no rio.

Ironicamente, se o esgoto parasse de ser despejado no rio – um projeto que Israel deseja concretizar – os danos poderiam ser ainda maiores a não ser que novas medidas sejam tomadas para reduzir a salinidade da água.

A FoEME acredita que a solução está na liberação de grandes quantidades de água limpa do rio. A Jordânia já teve um fluxo de 1,3 bilhões de metros cúbicos por ano, mas agora descarrega apenas entre 20 e 30 milhões de metros cúbicos no Mar Morto,
disse Munqeth Mehyar, diretor na Jordânia da Amigos da Terra no Oriente Médio.

- Um novo estudo revela que perdemos pelo menos 50% da biodiversidade em torno do rio por causa do desvio quase total de água doce. E que cerca de 400 milhões de metros cúbicos de água anualmente são necessários para trazê-lo de volta à vida.

Israel, Síria e Jordânia devem devolver água limpa para o rio doente, segundo o relatório. Israel, depois de ter desviado a maior parte e de ser uma nação desenvolvida, deve retornar um percentual proporcionalmente mais elevado de água.

Uma gestão mais eficaz dos recursos naturais poderia economizar para Israel 517 milhões de metros cúbicos de água e 305 milhões para a Jordânia. Melhorar o fluxo do rio Jordão também é um longo caminho para salvar o mar Morto.

Fonte: R7
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