domingo, 1 de julho de 2012

Bem me quer, mal me quer

Pior, muito pior que ter certezas dolorosas, é ter incertezas. Quando sabemos, pelo menos fica decidido, dói, a gente chora, finge que se esquece, diz que não aceita e acaba por aprender a conviver com a verdade.

O ciúme é um sentimento pernicioso que não destrói somente uma relação, mas as partes envolvidas. Ele cria feridas tão profundas que podem nos marcar (e o outro) para toda a vida.

O ciumento costuma dizer: "eu tenho ciúme porque te amo" quando na realidade deveria ser mais honesto dizendo: "tenho ciúme porque acho que você me pertence."

Ora, ninguém pertence a ninguém!!! As pessoas doam-se por amor e continuam elas mesmas. Escolhem voluntariamente estar junto e continuam a ter o direito de respirar sozinhas e se assim não for, melhor que cada qual fique do seu lado.

Se o relacionamento é uma brincadeira de bem me quer, mal me quer, te amo apaixonadamente ou não te amo, então ele não vale a pena.

É insano querer fechar o ser amado num quarto sem portas e sem janelas, impedi-lo de ter amigos e de poder apreciar a vida como se deve ser.

Nada pior para uma relação do que a incerteza do amor do outro, mas ainda o julgar de tudo o que o ele faz, com quem anda, para onde olha... o querer saber a todo custo os pensamentos que passam pela sua cabeça e as emoções que atravessam seu coração.

O amor não é uma prisão, mas um campo aberto ao sol e às flores. É a brisa suave do fim do dia e o sereno da madrugada. É um dar as mãos voluntário.

Ter alguém que desconfia todo o tempo de tudo o que fazemos é humilhante. É como se não fôssemos capazes de andar sozinhos e escolher livremente por onde andamos ou com quem estamos. Conviver com pessoas assim é altamente destrutivo.

As pessoas são ciumentas porque não se sentem amadas ou não têm certeza que são amadas o bastante para que o outro fique com elas por escolha livre.

Elas acham que não são merecedoras do amor e por isso precisam aprisioná-lo.

Essas pessoas precisam, antes de tudo, conhecer a razão de tanta insegurança, curar-se desse mal, desenvolver um bom relacionamento de si para si e só depois poderão abrir-se ao mundo.

Elas deverão amar-se e, por conseqüência, achar natural que o amor venha a elas, não porque ela criou-lhe amarras, mas porque ele descobriu um lugar seguro para morar e para onde, de onde ele estiver e por onde andar, vai querer voltar.



Autor: Letícia Thompson
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