domingo, 17 de outubro de 2010

Rússia veta meios de comunicação aos charlatões espirituais

Divulgação como esta seria proibida na Rússia

Em seu programa de tv, Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial, às vezes pede que os devotos, do outro lado da tela, coloquem um copo d’água sobre o aparelho de tv para que se obtenham um líquido milagroso.

Na Rússia, também existe esse tipo de coisa. Os ‘bruxos’ Alan Chumak e Valdimir Kashpirovski, para uma audiência de milhares de pessoas, prometem (ou prometiam) curar cancerosos, entre outros doentes, que estivessem assistindo ao programa.

Mas o parlamento russo acaba de aprovar uma lei que proíbe charlatões espirituais, como religiosos milagrentos do tipo Valdemiro Santiago, curandeiros, videntes, futurólogos e devotos do ocultismo em geral de terem acesso aos meios de comunicação, incluindo a internet, com o objetivo de explorar a população.

Estão incluídos nesta lista os malandros que prometem êxito nos negócios e o retorno de maridos infiéis ou de ex-amantes. (No Brasil, até gente supostamente esclarecida, com curso superior, cai no conto desses vigaristas.)

“É ridículo tratar uma dor de dentes esfregando na bochecha um rabo de rato”, disse a deputada Tatiana Yákovleca, do comitê de Saúde da assembleia legislativa.

Para ela, enganar a população com a promessa de curar câncer e Aids – como é comum também no Brasil, observa este blog – “é crime”. A nova lei tem o apoio da IOR (Igreja Ortodoxa Russa).

Tatiana informou que lei foi criada para deter a multiplicação de charlatões que obtêm dinheiro fácil com a exploração da credulidade e da ignorância de parte da população, a mais pobre.

Ela estima que a Rússia tenha 800 mil curandeiros que movimentam anualmente US$ 2 bilhões. O número de médicos não passa de 620 mil. Pela estimativa oficial feita em 2007, a população do país naquele ano era de 141 milhões de pessoas. Cerca de 20% desse contingente já recorreu aos charlatões uma ou mais vezes.

Ressalta-se que o parlamento russo não deixou de admitir a existência de milagre, respeitando as crenças religiosas, mas decidiu restringir as atividades de quem se aproveita da fé dos crentes ingênuos.

No Brasil, escudados pela lei de liberdade de religião, os charlatões agem livremente. Aqui, em um único programa de televisão, os milagrentos neopentecostais, por exemplo, curam mais do que Jesus Cristo em toda a Bíblia.

E o Ministério Público não faz nada, como se isso fosse normal, por temer a acusação de discriminação religiosa e o poderoso rolo compressor desses charlatões, que possuem horário nas emissoras de tv e bancada parlamentar.

Isso tem um nome: conivência, para não dizer covardia.


Fonte: Paulo Weblogs
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