segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Cuidados com os pés

Muita gente só repara neles quando o calo aperta, uma ferida aparece, a unha encrava ou o ‘chulé’ começa a incomodar. Não deveria. Confira, passo a passo, como cuidar de quem nos garante postura, equilíbrio e locomoção

Os pés escondem uma complexa anatomia para dar conta de nossa estrutura e movimento. Revestidos pela pele – que pode ser comparada a uma capa protetora -, estão 26 ossos, 114 ligamentos e 20 músculos em cada pé. Tudo funciona como uma orquestra, em que todos os componentes devem estar em perfeita sintonia. Uma pequena desafinação pode comprometer todo o conjunto. O problema é que o maestro neste caso somos nós, responsáveis, na maioria das vezes, por dores, bolhas, feridas, calos e mau cheiro que nos tiram, literalmente, o chão e acabam afetando o ritmo de nosso dia-a-dia e até o nosso humor.

Resultado: os problemas decorrentes da falta de cuidados com higiene são os que mais levam os pacientes aos consultórios. Cerca de 90% dos casos ficam por conta de micoses, seguidos pela calosidade e pela verruga plantar, mais conhecida como “olho de peixe”. A maioria desses transtornos é causada por falta de cuidados básicos: usar objetos (alicates, tesouras, lixas) infectados, deixar os pés úmidos, usar sapatos inadequados, andar descalço ao redor de piscinas e na areia da praia.

Já nas clínicas de podologia, os principais incômodos são os calos. Por isso, não é recomendável passar, com freqüência, lixa na planta dos pés. Os calos nada mais são do que uma defesa do organismo, mais especificamente da pele, contra o atrito com o solo.

Confira a seguir os cuidados essenciais para manter os pés saudáveis:

Os cuidados devem ser redobrados com o pé diabético

Quem tem diabetes é mais suscetível a feridas constantes e de difícil cicatrização nos membros inferiores. De acordo com o Ministério da Saúde, a doença atinge hoje cerca de 8 milhões de brasileiros ou 7,6% da população com idades entre 30 e 60 anos. Esse número deverá duplicar em 2025. Aproximadamente, 2 milhões (25%) dessas pessoas desenvolverão o pé diabético (as úlceras/feridas). E o mais alarmante é que o problema é a principal causa de amputações no país. Em 2006, foram registradas 37 mil amputações de membros inferiores, sendo 80% delas originadas de seqüelas do diabetes.

O caminho que levará você a pisar nas nuvens

1º PASSO: limpar e secar

Isso significa esfregá-los com esponja, água e sabão, com uma atenção especial à parte entre os dedos e cantos das unhas. E, para completar o ritual de limpeza, depois do banho, secar bem os pés com uma toalha. Uma boa dica para garantir a secagem e afastar os fungos causadores das frieiras é passar papel higiênico entre os dedos. Para evitar micoses e o incômodo mau cheiro, também é recomendado o uso uniforme de talco (de preferência os de polvilho). Aqueles que costumam suar muito nos pés devem dar preferência aos sprays antitranspirantes.

2º PASSO: hidratar

Após a correta higienização, o uso de cremes hidratantes (principalmente aqueles à base de uréia) deixa a pele dos pés mais macia e evita rachaduras – especialmente nas estações mais frias e secas. Entretanto, fique atento ao excesso de hidratante entre os dedos e nos cantinhos das unhas, pois isso serve de porta de entrada para os fungos.

3º PASSO: cortar as unhas em formato quadrado

Esse tipo de corte, em ângulo reto, evita que as unhas fiquem encravadas. Se isso for feito por um pedicure ou um podólogo, é ideal certificar-se de que os produtos (tesouras, alicates) utilizados pelo profissional estejam esterilizados e as lixas, descartáveis. Objetos contaminados podem transmitir doenças como aids e hepatite. As estufas para esterilização desses materiais, geralmente, devem ter temperatura mínima de 170º C, e os objetos precisam permanecer nela por pelo menos duas horas. Outro método bastante usado hoje em dia por estes profissionais é a autoclave, uma espécie de panela de pressão automática, onde a peça permanece por até 50 minutos, sendo esterilizada a uma temperatura entre 140 e 170º C.


4º PASSO: visitar um podólogo a cada 20 ou 30 dias

Ao escolher o profissional, o ideal é verificar se ele tem a formação técnica e os cuidados de higiene necessários para realizar o tratamento. O bom podólogo deve levantar primeiramente o histórico médico do cliente e, de preferência, trocar os instrumentos descartáveis sempre em sua frente. Assim, o trabalho fica mais transparente.

5º PASSO: movimentar os pés

A principal orientação para quem é sedentário, é não deixar os pés parados em uma única posição por muito tempo, o que geralmente impede a circulação do sangue e provoca dores e inchaço. Mesmo sentado, é possível mexê-los (para frente, para trás e em movimento circular).
Se os pés incharem, a dica é elevá-los a uma altura acima do quadril, ou fazer um ‘escalda-pés’, ou seja, mergulhá- los em uma bacia com água morna e sal (ritual que não é indicado aos diabéticos, por causa da pouca sensibilidade à temperatura). Se depois disso o inchaço persistir, um médico deve ser consultado, pois neste caso pode ser um problema de origem vascular.

6º PASSO: evitar andar descalço

O contato dos pés com o chão (especialmente em beirada de piscinas, vestiários de academias, clubes e areia das praias) facilita a contaminação por fungos e doenças.

7º PASSO: aprender quando e como escolher um sapato

Ao comprar um calçado (sapatos fechados masculinos e femininos, sandálias, tênis), a regra básica é conforto, ou seja, nem apertado, nem largo. O indicado é escolher um modelo no fim da tarde, quando os pés geralmente estão um pouco inchados. As palmilhas e solados devem ser macios, com sistema anti derrapante e formato que não aperte os dedos em cima e nas laterais. Por isso, as mulheres devem evitar o modelo chamado “bico fino”, que comprime os dedos. Em geral, de acordo com os especialistas, os modelos de couro com formato quadrado na ponta são os mais indicados, tanto para homens quanto para mulheres.
Para inibir o excesso de transpiração – condição ideal para a ação de fungos, o recomendado é evitar os calçados de plástico. Se o problema for manter a higiene, os contra-indicados são os feitos de tecido.
E, para quem costuma comprar palmilhas por conta própria, um alerta: a indicação desse acessório deve partir sempre de um ortopedista. Só ele saberá dizer qual o melhor modelo para cada caso.

8º PASSO: fugir do uso de calçados sem salto

Usar calçado sem salto, nem pensar. A altura aconselhada para homens é de no mínimo 1,2 cm a 2 cm, e, para as mulheres, de 1,2 cm até 5 cm. É desaconcelhável o uso de calçados no estilo ‘rasteirinha’ ou que não tenham nenhum tipo de proteção de borracha na base, porque facilitam o atrito dos pés direto com o chão – o que pode afetar todas as estruturas desses membros.

9º PASSO: o tênis precisa ter garantias e atender as suas necessidades

Um cuidado adicional, de acordo com o especialista, é observar a finalidade de sua utilização (caminhada, corrida, futebol, basquete). Também devem possuir certificado de garantia, no momento da compra, e precisam constar nas embalagens. A regra básica é que tenham sistema de amortecimento. Um tênis de caminhada, por exemplo, não serve para corrida. Ao comprar meias, prefira as de algodão, porque absorvem mais a transpiração.

10º PASSO: trocar de calçado a cada dois dias

Para a manutenção da saúde dos pés, a dica é usar o mesmo par, no máximo, por dois dias seguidos. Antes de guardá-los, é recomendável que sejam colocados em área ventilada e onde reflita os raios solares. Sprays antifungos também podem ser borrifados nos calçados, uma vez por mês.


Fonte: Dieta e Beleza
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