quarta-feira, 9 de março de 2011

Novo estudo sobre comportamento sexual:Jovens adiam 1ª vez e mais meninas dizem ser "bi"

Mais jovens estão se iniciando mais tarde na vida sexual, enquanto mais mulheres do que homens estão buscando parceiros do mesmo sexo, mostra um novo relatório que detalha o comportamento e as preferências sexuais dos americanos. O relatório National Survey of Family Growth, levantamento feito entre 2006 e 2008, compilou estatísticas a partir de entrevistas de 13.500 homens e mulheres entre os 15 e os 44 anos. Lançado no dia 3 de março pelo Centro Nacional de Estatísticas de Saúde dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), o estudo também revela que três vezes mais mulheres do que homens acima dos 18 anos se dizem bissexuais.

Os resultados também indicam que mais da metade dos jovens abaixo dos 24 anos que já experimentou o sexo oral teve a experiência antes mesmo de ter uma relação sexual com penetração vaginal.

As estimativas do CDC são de que 19 milhões de infecções sexualmente transmissíveis ocorram a cada ano, além de 50.000 diagnósticos de infecção por HIV. Uma das funções do relatório é suprir pesquisadores de saúde pública dos EUA com informações para o desenvolvimento de estratégias preventivas focadas em grupos de alto risco, explicou Anjani Chandra, que liderou o estudo.

“Tradicionalmente, pensamos em sexo como penetração vaginal, mas acabamos nos esquecendo de outros tipos de comportamentos sexuais”, disse Chandra, cientista de saúde do Centro Nacional de Estatísticas de Saúde dos Estados Unidos, que lançou um relatório semelhante usando dados de 2002.

Algumas das descobertas incluem:

Muitos jovens relataram nunca ter tido contato sexual com um parceiro. Em 2002, aproximadamente 22% dos jovens entre os 15 e os 24 anos de idade disseram que se encaixam nesta descrição, enquanto que 27% dos homens e 29% das mulheres responderam o mesmo em 2006-2008.

Jovens brancos entre os 15 e os 24 anos de idade se mostraram mais propensos (57%) do que os negros ou os hispânicos (39%) a relatar que experimentaram o sexo oral antes de ter tido uma relação sexual.

Duas vezes mais mulheres (12,5%) do que homens (5,2%) relataram ter tido algum contato com parceiro do mesmo sexo, numero que se mantém estável desde 2002. Aproximadamente 3,5% das mulheres e 1,1% dos homens relataram que são bissexuais. Aproximadamente 1,1% das mulheres e 1,7% dos homens se disseram homossexuais. Aproximadamente 35% das mulheres e 44% dos homens relataram que já fizeram sexo anal com um parceiro do sexo oposto.

Bill Albert, diretor da Campanha Nacional Para A Prevenção de Gravidez Adolescente e Não-Planejada dos Estados Unidos, disse que se sentiu animado com a revelação de que cada vez mais jovens ainda não tiveram contado sexual com um parceiro.

“A visão dos adultos é de que, quando o assunto é adolescência e sexo, as coisas estão ficando cada vez piores. Eu não quero dar uma de Pollyanna e dizer que o relatório só tem notícias boas, mas no geral, as notícias são positivas”, disse ele.

Entretanto, ele acha que as estatísticas que indicam que mais jovens estão experimentando o sexo oral antes da relação sexual completa são bastante vagas.

“O que significa ‘antes’ – uma hora, dois dias? Tenho fortes suspeitas de que, neste caso, as atividades sexuais ocorram praticamente ao mesmo tempo... Eles provavelmente vão ter penetração vaginal logo depois. Alguns jovens estão fazendo o caminho inverso: antes eles começavam de forma mais casual e depois mais intima, mas este não é necessariamente o caso hoje em dia”, ele explicou.

A especialista em sexo Dra. Jennifer Berman não se surpreende que os jovens estejam experimentando o sexo oral antes, pois atualmente esta é uma maneira de ganhar status e prestígio entre os colegas.

Além disso, “Isso geralmente está relacionado à educação sexual ou à falta dela. Os jovens não veem o sexo oral como sexo e eles acreditam que ainda são virgens se não houve penetração”, disse Berman, diretora do Berman Women’s Wellness Center de Beverly Hills.
Chandra e Berman têm opiniões bem diferentes sobre as estatísticas que indicam que duas vezes mais mulheres do que

“Seja a discrepância de gêneros real ou não, elas simplesmente se sentem mais confortáveis do que os homens de relatarem a experiência. E o conforto que elas sentem pode aumentar a honestidade e o nível de revelação”, disse Chandra.

Na opinião de Berman, a revelação é genuína, mas é também impulsionada por forças da sociedade. “No campo sexual e em Los Angeles, acreditamos que experiências sexuais entre mulheres muitas vezes estão relacionadas ao álcool e às drogas, ou ainda planejadas e coreografadas para o prazer masculino”, disse ela.

Berman criticou a estrutura e a abrangência do relatório nacional: “Ele não incluiu gerações muito produtivas e ativas, excluindo pessoas acima dos 45 anos de idade e omitindo detalhes sobre hábitos sexuais – como o uso de preservativos, lubrificantes e acessórios sexuais”.
Ela disse que a amostra é interessante, mas “certamente não habilita os profissionais da área a tirar conclusões válidas, ou a desenvolver sistemas de apoio”.


Tradução New York Times: Claudia Batista Arantes
Fonte: Jovem IG
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