Cultos e missas são oferecidos por metodistas e católicos em horários alternativos, como às 6h30 e na hora do almoço; religiosos afirmam, porém, que mudanças não alteram sua essência.
Às quartas-feiras, Cleonice Ferreira, 39, auxiliar operacional de uma loja de departamentos, troca meia hora do almoço por cânticos religiosos e pela pregação de dois pastores da Igreja Metodista de Ribeirão Preto.
“Às vezes, você está estressada ou irritada. Aí, vem aqui e sente um alívio”, diz.
Além dela, cerca de 20 pessoas participam semanalmente do projeto “Meia Hora Com Jesus”, que começou há cerca de três meses.
Inspirado em uma iniciativa da Igreja Metodista no Sul do país, o culto começa às 12h15. Segundo o pastor Davis Daniel, o objetivo do programa é servir como “um oásis na rotina das pessoas”.
“Angústias, problemas familiares e profissionais. A vida urbana é cada vez mais corrida. As igrejas precisam se adaptar”, afirma o pastor.
O culto “adaptado” não é iniciativa isolada dos metodistas. Cada vez mais igrejas católicas e entidades espíritas no Estado de São Paulo têm ampliado horários durante a semana -também no período da manhã- para seguir a rotina das pessoas.
Entre os católicos, a paróquia Santa Mônica, de Franca, oferece, há cerca de um ano, missas às 6h30 de terças e quintas-feiras.
O padre José Ricardo Batista Cintra disse que fez uma consulta informal a moradores do bairro para escolher o melhor horário. “Como aqui só tem operários, não faria sentido ter uma missa na hora do almoço porque todo mundo está no trabalho.”
A Igreja Católica deixa claro, porém, que a missa semanal não abona a ausência na dominical, considerada a mais importante.
“Nos adaptamos sem perder a essência”, diz o padre Walter Caldeira, da catedral da Sé, na capital, que faz uma missa no horário do almoço.
‘BALADA CRISTÃ’
Em Barretos, a igreja estuda “atrasar” as missas para se aproximar de jovens fiéis.
“Pensamos que, se celebrássemos as missas mais tarde, às 22h, talvez teríamos mais participação de jovens”, afirma o coordenador diocesano Ronaldo José Miguel.
O presidente da USE (União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo), José Luiz Balieiro, diz que o ideal é que as entidades atendam a família de um modo geral. “Os horários têm de facilitar o acesso dos idosos, dos jovens e das crianças.”
Para o sociólogo da USP de Ribeirão Marcos Cassin, esses horários visam atrair uma população economicamente ativa, que tenderia a deixar a religião de lado pela falta de tempo. “Para não ficar em segundo plano, as instituições religiosas têm de se adaptar ao ritmo laico de hoje.”
Fonte: Folha de São Paulo
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