Ao menos 12 vítimas do desabamento da igreja Renascer, ocorrido há exato um ano, estão com processos em andamento do Tribunal de Justiça de São Paulo para conseguir indenização após a tragédia que matou nove pessoas e deixou mais de 100 pessoas feridas.
De acordo com o advogado Ademar Gomes, representante das vitimas, os processos foram a única forma encontrada pelas pessoas que tiveram ferimentos ou perderam parentes na tragédia, uma vez que nenhum acordo foi estabelecido com a igreja. “Sem conciliação, as vitimas não tiveram outro caminho”, afirmou o advogado.
Entre as pessoas que aguardam indenização estão parentes de vítimas, que entraram com os pedidos separadamente. Ainda de acordo com o advogado, os valores de indenização pedidos variam de R$ 5.000 a R$ 500 mil, de acordo com o dano sofrido no desabamento da igreja.
Procurada pela Folha, a assessoria da Renascer afirmou, por meio de nota, que “todos os temas relacionados ao acidente encontram-se na Justiça, o que impede que as partes teçam quaisquer comentários ou declarações, por menores que sejam”. A assessoria da igreja não informou se alguma indenização já foi paga desde o acidente, ocorrido em 18 de janeiro do ano passado.
Além das pessoas que tiveram ferimentos e perderam parentes no desabamento, outras famílias, que moram ao lado de onde ficava o templo, na região do Cambuci, no centro de São Paulo, também reclamam que não receberam ressarcimento dos danos causados em suas residências.
Esse é o caso de Norma Cristina Ribeiro, 53, que afirma ter reformado a casa da mãe com a ajuda dos irmãos. “A queda da igreja provocou danos no telhado, na edícula e no encanamento da casa da minha mãe. Precisamos ficar cerca de 30 dias fora de casa e quando retornamos tivemos que fazer nós mesmos os reparos”, afirmou Norma, que vive com a mãe de 81 anos, em uma casa aos fundos do templo.
Outro morador, que pediu para não ter o nome divulgado, afirmou que recebeu uma proposta para que uma construtora, contratada pela Renascer, consertasse os danos em sua casa, mas destaca que após pesquisa, desconfiou da empresa e, por isso, não autorizou a reforma.
Ao todo, oito residências vizinhas à igreja foram interditadas após o desabamento. De acordo com Ana Cláudia Cavalcante, integrante da associação de moradores do bairro e moradora de uma vila localizada ao lado do templo, ao menos cinco casas tiveram danos devido ao desabamento, enquanto as outras foram interditadas por precaução.
Em nota, a assessoria da igreja afirmou que “todas as obras foram efetivadas onde houve consentimento.” A Renascer ainda acrescenta que “infelizmente, alguns moradores preferem se opor à solução definitiva, amplamente acordada, e continuar buscando os holofotes da mídia.”
Fonte: Folha Online
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