O reggae começa com este verso: “eu vou contar a história de um craque, jogador de futebol”. E segue com a vida de um atleta que, depois de conhecer a fama, passou a beber, se divertir na noite, se tornou usuário de cocaína, promoveu farras com mulheres e entrou numa espiral de decadência profissional. Até que encontrou Deus e mudou.
A canção se chama “André Balada”. Faz parte do disco lançado pelo atacante e presbítero André Neles, atleta do Botafogo de Ribeirão Preto. Foi ele quem escreveu a letra. O músico Rodrigo Pires, de Araguari, compôs a música. E alterou o ritmo. “Era para ser uma música mais lenta, mas ele achou que reggae era melhor. Ficou bom, né?”, disse André. Ouça aqui.
Os torcedores do Palmeiras se lembram do André Neles. Em 2002, ele marcou um gol do Vitória no jogo que rebaixou o time paulista para a Série B do Campeonato Brasileiro. No ano seguinte, o atacante foi contratado pelos palmeirenses. Ficou na reserva de Edmilson e Vágner Love.
Neles virou Balada durante a disputa da segunda divisão. O volante Magrão, hoje no mundo árabe, colocou o apelido no atacante que ia para a noite com a fúria de um artilheiro. “Era festa toda noite, muita mulherada. Ia treinar, a galera comentava e ficou o apelido”, lembra André.
Mineiro, o jogador teve um início promissor de carreira. Começou no Atlético Mineiro, passou pelo Vitória e, no time baiano, se sagrou campeão estadual (“fiz 31 gols na temporada”) e despertou o interesse do Benfica. Assinou contrato de cinco anos, não aguentou uma temporada. “Não me adaptei”, admite.
Até o final do compromisso com o clube lisboeta, André Balada foi emprestado para clubes brasileiros: Vitória, Palmeiras, Internacional (“sai de lá porque fui para a farra com o joelho recém-operado”), Figueirense e Fortaleza.
As duas últimas equipes marcaram a virada na vida do atleta, se é que, naquela altura, ele podia ser descrito como tal: “Eu era usuário de cocaína. Estava no limite da droga. Não conseguia ficar um dia sem cheirar. Já tinha perdido amigos, minha carreira tinha desandado, estava com a vida toda torta, sem solução”, conta.
Uma noite, em Florianópolis, o goleiro do Figueirense – Gustavo – convidou André Balada para participar de um culto numa igreja pentecostal. Ele diz que aquele foi o momento da virada. “Foi em 2004, eu estava com 27 anos. No meio do culto, eu fui lá na frente e caí de joelhos. Senti a presença do Espírito Santo”, conta.
A experiência provocou um choro cinematográfico. “Fui me purificando, chorei muito mesmo”, afirma. Apesar da experiência, André ainda levou um tempo para deixar de consumir cocaína. A conversão levou um tempo e só se completou no Ceará. “Foi em 2005, dois meses depois que mudei para jogar no Fortaleza. Foi quando e onde parei de me drogar”, conta.
Desde então, André Neles passou a reconstruir a vida (“Deus foi trabalhando em mim”). Na última temporada, ele jogou no Barueri. Agora está no Botafogo, de Ribeirão Preto (SP), pelo qual vai disputar o Campeonato Paulista. Tem uma rotina marcada: “Levanto às 8h, treino às 9h, almoço, descanso, treino à tarde, e, às 19h, participo do culto”, conta.
Ele avalia que, se tivesse seguido este ritual quando era mais jovem, sua carreira teria sido outra. “Perdi muito dinheiro e ótimas oportunidades. Se tivesse me dedicado no Benfica, poderia estar milionário e mesmo até ter chegado à seleção brasileira. O técnico Muricy Ramalho elogiou meu futebol. Mas esta vida da noite me fez perder muita coisa”, diz.
André Neles já contou em outras entrevistas que levou mulheres para a concentração, que fugiu de hotéis para retornar só no café da manhã e que não fiz isso tudo sozinho. Geralmente tinha a companhia de outros atletas.
Hoje, enquanto busca um espaço no futebol aos 31 anos, ele se revelou um compositor prolixo. No ano passado, André lançou seu primeiro CD com músicas gospel. “Componho muito. Tenho idéias até de madrugada. Anoto tudo, vou gravando e mando para o Rodrigo Pires e ele coloca a música”, explica.
Pelas contas do jogador, o disco de estréia vendeu 10 mil cópias. Há cerca de três meses, André colocou no mercado pentecostal seu segundo trabalho. A música de trabalho é “Vou Vencer”, mais apropriada para cultos.
Mas no dia 29 de novembro, quando lançou seu disco em Uberlândia, sua terra natal, ele percebeu que o reggae “André Balada” colocou para dançar as quase quatro mil pessoas da audiência. “Já tinha sido assim em Patrocínio. Acho que o ritmo ficou legal”, diz.
Empolgado, ele mesmo editou um vídeo-clip para lá de literal da música André Balada. Está na rede. Mistura fotos dele num cruzeiro com imagem que caçou na internet para ilustrar frases como “vivia num bueiro”, “ele bebia demais” ou mesmo para descrever o vazio que sentia quando estava sozinho.
André Neles canta sem desafinar. Sua formação musical é esta: “Eu já cantava lá atrás, no chuveiro”, brinca. Os irmãos dele, que também atuam no mercado de música gospel, o convenceram a interpretar as próprias canções.
Ele até tentou tomar aulas de canto. Depois de uma semana, ficou afônico. Achou que era um aviso de Deus e parou. “Vou voltar a fazer mais na frente”, promete.
O novo disco do André “Balada” Neles contém 11 faixas. A última é um depoimento/testemunho em que ele – durante quase 28 minutos – conta sua vida, evitando falar muito da cocaína, mas caprichando em vários episódios pessoais que provariam como Deus tinha reservado grandes coisas para ele.
Hoje, está no terceiro casamento. É a primeira vez que não trai a mulher. Mantém contato com os filhos das uniões anteriores e segue à risca os preceitos que lhe foram ensinados. Grava os discos e garante que não o faz por dinheiro: “Faço por amor, para retribuir o que Deus fez por mim”.
E está feliz: “Cara, ganhei mais alguns anos de carreira. Se não tivesse parado com aquilo tudo, estaria jogado por aí. Hoje, acho que posso jogar até uns 35 anos. E depois, vou me tornar pastor”.
Fonte: Blog do Boleiro Luciano Borges
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A canção se chama “André Balada”. Faz parte do disco lançado pelo atacante e presbítero André Neles, atleta do Botafogo de Ribeirão Preto. Foi ele quem escreveu a letra. O músico Rodrigo Pires, de Araguari, compôs a música. E alterou o ritmo. “Era para ser uma música mais lenta, mas ele achou que reggae era melhor. Ficou bom, né?”, disse André. Ouça aqui.
Os torcedores do Palmeiras se lembram do André Neles. Em 2002, ele marcou um gol do Vitória no jogo que rebaixou o time paulista para a Série B do Campeonato Brasileiro. No ano seguinte, o atacante foi contratado pelos palmeirenses. Ficou na reserva de Edmilson e Vágner Love.
Neles virou Balada durante a disputa da segunda divisão. O volante Magrão, hoje no mundo árabe, colocou o apelido no atacante que ia para a noite com a fúria de um artilheiro. “Era festa toda noite, muita mulherada. Ia treinar, a galera comentava e ficou o apelido”, lembra André.
Mineiro, o jogador teve um início promissor de carreira. Começou no Atlético Mineiro, passou pelo Vitória e, no time baiano, se sagrou campeão estadual (“fiz 31 gols na temporada”) e despertou o interesse do Benfica. Assinou contrato de cinco anos, não aguentou uma temporada. “Não me adaptei”, admite.
Até o final do compromisso com o clube lisboeta, André Balada foi emprestado para clubes brasileiros: Vitória, Palmeiras, Internacional (“sai de lá porque fui para a farra com o joelho recém-operado”), Figueirense e Fortaleza.
As duas últimas equipes marcaram a virada na vida do atleta, se é que, naquela altura, ele podia ser descrito como tal: “Eu era usuário de cocaína. Estava no limite da droga. Não conseguia ficar um dia sem cheirar. Já tinha perdido amigos, minha carreira tinha desandado, estava com a vida toda torta, sem solução”, conta.
Uma noite, em Florianópolis, o goleiro do Figueirense – Gustavo – convidou André Balada para participar de um culto numa igreja pentecostal. Ele diz que aquele foi o momento da virada. “Foi em 2004, eu estava com 27 anos. No meio do culto, eu fui lá na frente e caí de joelhos. Senti a presença do Espírito Santo”, conta.
A experiência provocou um choro cinematográfico. “Fui me purificando, chorei muito mesmo”, afirma. Apesar da experiência, André ainda levou um tempo para deixar de consumir cocaína. A conversão levou um tempo e só se completou no Ceará. “Foi em 2005, dois meses depois que mudei para jogar no Fortaleza. Foi quando e onde parei de me drogar”, conta.
Desde então, André Neles passou a reconstruir a vida (“Deus foi trabalhando em mim”). Na última temporada, ele jogou no Barueri. Agora está no Botafogo, de Ribeirão Preto (SP), pelo qual vai disputar o Campeonato Paulista. Tem uma rotina marcada: “Levanto às 8h, treino às 9h, almoço, descanso, treino à tarde, e, às 19h, participo do culto”, conta.
Ele avalia que, se tivesse seguido este ritual quando era mais jovem, sua carreira teria sido outra. “Perdi muito dinheiro e ótimas oportunidades. Se tivesse me dedicado no Benfica, poderia estar milionário e mesmo até ter chegado à seleção brasileira. O técnico Muricy Ramalho elogiou meu futebol. Mas esta vida da noite me fez perder muita coisa”, diz.
André Neles já contou em outras entrevistas que levou mulheres para a concentração, que fugiu de hotéis para retornar só no café da manhã e que não fiz isso tudo sozinho. Geralmente tinha a companhia de outros atletas.
Hoje, enquanto busca um espaço no futebol aos 31 anos, ele se revelou um compositor prolixo. No ano passado, André lançou seu primeiro CD com músicas gospel. “Componho muito. Tenho idéias até de madrugada. Anoto tudo, vou gravando e mando para o Rodrigo Pires e ele coloca a música”, explica.
Pelas contas do jogador, o disco de estréia vendeu 10 mil cópias. Há cerca de três meses, André colocou no mercado pentecostal seu segundo trabalho. A música de trabalho é “Vou Vencer”, mais apropriada para cultos.
Mas no dia 29 de novembro, quando lançou seu disco em Uberlândia, sua terra natal, ele percebeu que o reggae “André Balada” colocou para dançar as quase quatro mil pessoas da audiência. “Já tinha sido assim em Patrocínio. Acho que o ritmo ficou legal”, diz.
Empolgado, ele mesmo editou um vídeo-clip para lá de literal da música André Balada. Está na rede. Mistura fotos dele num cruzeiro com imagem que caçou na internet para ilustrar frases como “vivia num bueiro”, “ele bebia demais” ou mesmo para descrever o vazio que sentia quando estava sozinho.
André Neles canta sem desafinar. Sua formação musical é esta: “Eu já cantava lá atrás, no chuveiro”, brinca. Os irmãos dele, que também atuam no mercado de música gospel, o convenceram a interpretar as próprias canções.
Ele até tentou tomar aulas de canto. Depois de uma semana, ficou afônico. Achou que era um aviso de Deus e parou. “Vou voltar a fazer mais na frente”, promete.
O novo disco do André “Balada” Neles contém 11 faixas. A última é um depoimento/testemunho em que ele – durante quase 28 minutos – conta sua vida, evitando falar muito da cocaína, mas caprichando em vários episódios pessoais que provariam como Deus tinha reservado grandes coisas para ele.
Hoje, está no terceiro casamento. É a primeira vez que não trai a mulher. Mantém contato com os filhos das uniões anteriores e segue à risca os preceitos que lhe foram ensinados. Grava os discos e garante que não o faz por dinheiro: “Faço por amor, para retribuir o que Deus fez por mim”.
E está feliz: “Cara, ganhei mais alguns anos de carreira. Se não tivesse parado com aquilo tudo, estaria jogado por aí. Hoje, acho que posso jogar até uns 35 anos. E depois, vou me tornar pastor”.
Fonte: Blog do Boleiro Luciano Borges
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