Se não fosse o pecado,
o que seria de nós?
Se não fosse o pecado,
não teríamos inimigos
e a vida seria um cercado
só de bons amigos,
pior, só de conhecidos.
Assim, não precisaríamos de perdão,
pois se não fosse o pecado,
só haveria acertos e perfeição.
Se não fosse o pecado,
pênis e vagina não teriam graça
e eu andaria pelado...
Se não fosse o pecado,
eu não teria o que esconder,
nem o que está na mente,
nem o que está no corpo.
Ser absolutamente transparente,
sem as nuances das minhas cores.
Se não fosse o pecado,
eu não conheceria a verdade
de que nunca conheceria a verdade,
e andaria por aí me achando...
Aliás, acharia tudo o que precisasse
sem ter que estar me agachando,
porque se não fosse o pecado,
eu não teria joelhos.
Achar tudo é tão triste.
Ter tudo nas mãos...
Ter toda segurança é tão tédio.
Não se trata de uma ode ao mal,
mas de um desajuste ao pleno bem.
Se não fosse o pecado,
a virtude não estaria inocuamente no meio,
pois sem extremos, meio não há.
Se não fosse o pecado,
ponto de vista não haveria
e tudo num só ponto incidiria.
Se não fosse o pecado,
eu não me conheceria.
Não conheceria limites de se transpor;
não conheceria até que ponto resisto;
não conheceria a morte, não sentiria dor;
não conheceria a causa por que existo...
Não conheceria a caridade nem o amor.
Não conheceria Jesus nem o Cristo.
Não se trata de um elogio do mal,
mas se há tanto bem que a nada leva,
e nossos olhos admiram o que é normal,
bem mal levamos a vida que nos enleva.
Fonte: Verticontes
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