quinta-feira, 21 de abril de 2011

Famoso cirurgião plástico Dr. Robert Rey conta que sua vida mudou ao ser adotado por missionários norte-americanos


A entrevista estava marcada para as 10 horas da manhã. A equipe do iG Gente chega ao Hotel Grand Hyatt em São Paulo na hora marcada, mas após uma ligação, acaba esperando por mais de uma hora para o início da conversa.

De terno, camisa rosa e “gravata da grife Dolce&Gabbana”, como logo enfatizou, Dr. Robert Rey chega ao saguão do hotel muito diferente do visual pelo qual é conhecido, com regatas transparentes e calças justas. Alegre, ele faz a festa de hóspedes, funcionários e das fãs, que o aguardavam desde o início da manhã.

“Desculpe pela demora. Tive uma festa e cheguei às 6 horas”, soltou ele na primeira frase, sem negar também que demorou para se arrumar, como de costume. Rey carrega com ele pó-compacto e brilho labial, além do minifrasco de perfume que leva escondido na meia. No entanto, com toda a pose de vaidoso, ele conta que na semana anterior quebrou o braço de um gringo que o chamou de gay. “Me visto assim por conta dos US$ 5 mil que minhas clientes pagam por consulta no meu consultório de Beverly Hills”.

Mesmo sem ser levado à sério por boa parte de seus colegas de profissão, só no ano passado Dr. Rey faturou US$100 milhões em cirurgia plástica e com a venda de seus produtos, que inclui cápsulas para emagrecer, cintas modeladoras e shakes, entre outros. Natural de São Paulo, após ir para a prisão por duas vezes, foi adotado por missionários norte-americanos e acabou estudando medicina em Harvard. “Eu sou o perdedor com mais sucesso no mundo”, diz.

Confira a entrevista exclusiva com o Robert Rey durante uma rápida passagem dele pelo Brasil…

iG: Você já contou em seu programa que teve uma infância triste. Como foi?
Dr. Rey:
Meu pai era um camarada ruim. Alguma coisa aconteceu na Segunda Guerra Mundial que f**** o cérebro dele. Ficou louco e fugiu dos Estados Unidos. Imagina, quem foge dos Estados Unidos? Foi para a Argentina e depois para São Paulo. Mas o cara era um monstro, só levava dinheiro para suas amantes. Eu dormia numa mesa, não tinha comida suficiente, nem roupa. Já estava começando a roubar lojas e fui para a cadeia duas vezes. Eu estava mal encaminhado…

iG: Como saiu dessa situação?
Dr. Rey:
Um dia batem na minha porta e eram dois missionários americanos, que me levaram para os Estados Unidos. Foi assim. A família era tão culta, que de filho de faxineira acabei me formando em Harvard.

iG: E como foi estudar em uma das faculdades mais exclusivas do mundo?
Dr. Rey:
Os caras de Harvard são super-racistas mesmo. Na porta física você entra, mas como brasileiro ou sem o sangue azul, você nunca era convidado para as festas. Sofri muito preconceito.

iG: Mas hoje você se transformou em um dos médicos mais conhecidos do mundo…
Dr. Rey:
Eu pensava: “Como eu vou sobreviver aqui? Como eu, feinho e meio bobo, vou vencer desses caras?”. Vinte anos depois, vou falar como a história termina: nunca mais eu ouvi falar deles. Quem vence na vida é Dilma Rousseff, é a Madre Teresa, é o Obama. Quem ganha é quem se esforça.

iG: E como pagou o curso de medicina?
Dr. Rey:
Saí de Harvard com US$ 200 mil de dívida. Sabe quanto tempo levou para eu pagar? Dois dias. Eu sou o perdedor com mais sucesso no mundo.

iG: Quanto você ganha hoje por ano?
Dr. Rey:
Só no ano passado faturei US$ 100 milhões com os meus produtos. Um milhão e meio vem da cirurgia, o resto vem dos produtos, eu vendo no mundo inteiro, da África à Austrália.

iG: O Tak Gold é um de seus produtos para emagrecer sem sacrifício. Você se sente bem em ajudar as pessoas desta forma?
Dr. Rey:
Não existe uma pessoa que segue 100% sua dieta. Acho que a última vez que eu comi um bolo foi em 1986. Hoje, se eu não resistir e comer um pedaço, eu posso. É só tomar um Tak Gold, em até meia hora. É a pílula do dia seguinte daquele descuido na festa que você foi. E custa só R$ 50.

iG: Você fala muito sobre ser bobo e feio quando era mais novo. E hoje, você justamente trabalha para deixar as pessoas mais bonitas…
Dr. Rey:
Depois de vinte anos eu percebi que fiquei milionário abusando da baixa autoestima das mulheres. Eu tive uma epifania mesmo, porque e nunca conheci uma mulher que se gostava. Até princesas, rainhas, esposas de presidentes. E pelo menos uma Miss de todos os países.

iG: Qual foi a cirurgia mais louca que você já fez na vida?
Dr. Rey:
Teve um cara que queria que eu fizesse uma asa nele. E tem muito machão que chega lá, mas machão mesmo, que me pede peito feminino. Mas eu falo: “Peitoral?”. Não, eles querem seios redondos mesmo. Até hoje eu não entendo…

iG: E qual cirurgia os homens mais procuram?
Dr. Rey:
Homem pede para competir no mundo dos negócios. Número um: tirar as olheiras. Segundo: o cabelo. Hoje podemos colocar fio por fio, quase como Deus.

iG: Qual o seu maior sonho hoje?
Dr. Rey:
Estar perante do meu Deus, e falar: “Olha eu fiz os meus errinhos, mas eu melhorei a condição humana. E não tem que olhar para baixo. Eu quero olhar nos olhos de Deus. Quero também poder falar: “Fui leal a minha esposa, fui bom pai”.

iG: Você é uma pessoa religiosa?
Dr. Rey:
Trinta mil pacientes, cinco infecções. Estatisticamente isso não é possível. Zero mortes. Como você acha que eu fiz isso? Passei muitas horas de joelhos. E pagando o dízimo cada mês. Dez por cento.

iG: Você se incomoda de as pessoas acharem que você é gay?
Dr. Rey:
Quebrei o braço de um gringo lá em Nova York. Durante um desfile, num teatro gótico superlegal. Saindo do teatro, eu escuto: “Rey, quando você vai sair do armário?”. Escutei 150 vezes e sorri, desliguei. Mas foi 151 vezes. Eu tirei meu paletó – claro, não ia estragar meu Versace de US$ 6 mil -, esvaziei meu bolso, tirei meu pó MAC, só pra ele ver que eu tinha, e disse: ‘O que você falou de mim? Vou te dar uma surra’. A alta sociedade de Nova York abriu uma roda e viu a luta. Aquele gringo nunca mais vai chamar brasileiro de viado. Todo mundo aplaudiu.

iG: Você está sempre arrumado por vaidade mesmo ou faz parte de seu “personagem”?
Dr. Rey:
Minhas clientes pagam US$ 5 mil para um exame de meia hora comigo. Então meu consultório é de arrasar. É tudo de mármore. Você pode até lamber o chão. Eu uso o perfume mais legal… (Dr. Rey tira de dentro da meia um minifrasco de Issey Miyake e diz: “Um dos segredos do meu sucesso: escolher instituições de vencedores. Sempre se rodear de vencedores”).

iG: Como a comunidade médica vê seu trabalho?
Dr. Rey:
Médico velho não é meu amigo. Catedrático, não é. Médico jovem sim. Eles querem ser como eu: se vestem como eu, usam óculos como eu. Me seguem no Twitter. Medicina é uma indústria suja. Os catedráticos querem vender veneno, que muitas vezes é pior que a doença.

iG: Como conheceu a sua esposa?
Dr. Rey:
Quando ela chegou a Hollywood para ser atriz e morávamos no mesmo condomínio. Enchia o saco dela todos os dias no elevador até que ela falou: “Eu não gosto de você e não gosto de homem. Eu vou dedicar minha vida aos animais. Vou sair com você uma vez só, porque você me enche o saco. E não segura na minha mão!”. Aí eu pensei: “É essa, vou me casar com essa. Gosto de casos complicados”.

iG: Seus filhos participam do programa numa boa? Como é a relação entre vocês?
Dr. Rey:
Eles não gostam de fazer televisão. Eles odeiam a câmera, mas é um sacrifício. Eles vivem em um bairro legal. Eu me acho um paizão. Nunca gritei com meus filhos.

iG: E se um dia eles quiserem fazer uma cirurgia plástica, você deixaria?
Dr. Rey:
Se tivesse orelha de abano ou nada de seios, eu deixaria. Porque é muito trauma para a pessoa e é uma cirurgia de 26 minutos. Mas se tem seios 38, 40, não, não.

iG: Aqui no Brasil, você circula com mulheres lindas e sempre com camisetas coladas no corpo. Ela não fica com ciúmes?
Dr. Rey:
Vou te explicar uma vez só: as primeiras mil vaginas são interessantes. As cinco mil já começam a perder um pouco do interessante. Dez mil é 100% técnico. Meus amigos médicos me ligam e falam: “se eu vir mais uma mulher pelada eu me jogo do prédio”. Eu estou nas 30 mil! Você acha que minha esposa tem que se preocupar com alguma coisa? A anatomia é simples. A sedução vem daqui (e coloca as mãos na cabeça). Nunca fui desleal com minha esposa e nunca vou ser.


Fonte: iG Gente
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