quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Amor ou luxúria?

Cresci em uma família atéia e foi só quando entrei na faculdade que conheci pessoas cristãs. Elas me pareceram pessoas agradáveis e havia uma qualidade em seus relacionamentos que eu invejava. Ainda que pra mim, parecessem insuportavelmente ingênuos, sua inocência, particularmente na área de moralidade sexual, despertaram minha simpatia. Desde então, meu pensamento mudou radicalmente. Neste artigo quero perguntar se existem razões para levar aquilo que a Bíblia ensina sobre sexo a sério.

Ao contrário do que as pessoas pensam sobre eles, os cristãos não vêem o sexo como uma coisa ruim ou apenas tolerável. Deus criou o sexo e o fez para que fosse bom, muito bom. Sexo não é apenas uma maneira de as pessoas engravidarem, mas também uma intensa, prazerosa e apaixonada manifestação de amor. Deus também designou um contexto para o sexo: o casamento duradouro entre um homem e uma mulher. Já que a atual cultura ocidental abandonou essa idéia, deveriam os cristãos também abandoná-la como irrelevante ou assumir esse princípio como algo atemporal?

Razões práticas para seguir os designos de Deus nos relacionamentos

De um ponto de vista prático, existem inúmeras vantagens para seguir o plano bíblico para o sexo. É um plano que protege você contra doenças sexualmente transmissíveis; o que é uma questão importante para nós e ainda maior em partes do mundo onde a AIDS está devastando comunidades inteiras e também destruindo economias.Também protege pessoas solteiras da gravidez indesejada.

Manter o sexo apenas dentro do casamento é uma forma de evitar as terríveis e dolorosas comparações entre parceiros sexuais. Também nos evita de passar por situações em que um quer o sexo como uma demonstração de amor e intimidade, e o outro apenas para obter um orgasmo.

Um último argumento, é que nossas intenções e desejos sexuais viciam. Já se comparou que nosso desejo sexual tem o motor de uma Ferrari e os freios de uma bicicleta. Se nos empolgarmos e alimentarmos nossos desejos sexuais de forma não sadia, se tornará cada vez mais e mais difícil manter-se fiel dentro de um casamento, com toda a agonia emocional que a infidelidade traz. As estatísticas do número de divórcios refletem as conseqüências dos nossos valores sexuais.

Razões ideológicas

Apenas as razões práticas já seriam suficientes para dar suporte aos ensinamentos bíblicos sobre sexo. Entretanto, existem outras fortes razões para deixar o sexo apenas para o casamento. Deus não criou o sexo apenas para nos trazer orgasmos, mas sim como uma expressão de intimidade física e de amor.

O ato sexual é algo profundamente significativo e, se for mal administrado, seus efeitos podem ser devastadores. Existe uma história maravilhosa sobre um caso jurídico em que um homem processou os fabricantes do seu cortador de grama. O homem acidentou-se ao usar o cortador para aparar uma cerca viva e alegou que nas instruções não havia nada dizendo que o cortador não poderia ser usado para este propósito. De forma semelhante, o sexo tem um propósito, mas por ser algo tão poderoso, pode vir a causar sérios danos se não for usado como mandam as instruções do fabricante.

Para entender a visão da Bíblia a respeito do sexo é preciso entender a diferença entre o amor e a luxúria. O amor valoriza, honra e busca o melhor para seu amado. É focado no outro, não é egoísta, se sacrifica e é inseparável do compromisso. A luxúria, por sua vez, busca usar coisas ou pessoas para suprir seus desejos e necessidades. Concentra-se apenas em si mesma, é de natureza egoísta e não aceita compromissos.

O amor e a luxúria são opostos; estão sempre em conflito um com o outro. A pergunta a ser feita é se nossas relações sexuais são baseadas em luxúria ou em amor: “Eu quero te honrar e te valorizar, entregando-me a você” ou “eu quero usá-lo como instrumento para satisfazer a minha urgência por um orgasmo, usufruindo e usando você”. Se Deus realmente tivesse feito o sexo como expressão de amor, usá-lo para a luxúria seria uma mentira muito prejudicial.

O papel do casamento

O casamento é um mistério profundo. A união de duas pessoas que se transformam em uma. Ele não garante ou impõe o amor, mas, se for levado a sério como um compromisso incondicional e duradouro de fidelidade, certamente vai ajudar a diferenciar amor de luxúria. Assim como o papel de tornassol para testar o nível de presença de ácido, o casamento é um teste para a presença de compromisso. Como sabemos se amamos esse alguém suficientemente para fazermos sexo com ele? A realidade do casamento nos leva à pergunta: estamos pretendendo, ou não, passar o resto da vida comprometidos com essa pessoa?

O casamento também é um ambiente seguro. Somos todos frágeis e falíveis. Então como podemos confiar e nos sentirmos seguros do amor que nosso parceiro tem por nós, diante das nossas fraquezas e falhas? A resposta novamente está no compromisso. Se não há compromisso, então o amor não é verdadeiro e o sexo é reduzido ao orgasmo, que, tecnicamente, não necessita de duas pessoas para ser alcançado.

Conclusão

A luxúria é poderosa e sedutora, é naturalmente egoísta e oposta ao amor. Quando alimentamos e cultivamos a luxúria em nossa vida, somos arrastados inevitavelmente à solidão, insegurança, vazio e isolamento. O que nos resta quando o orgasmo se torna insatisfatório e cansativo, deixando apenas o sentimento de culpa, dor e solidão?

Amor com compromisso com certeza requer muito empenho. São necessários respeito, honra, perdão e sacrifício. Entretanto, esse é o caminho que nos leva para fora de toda solidão, suspeita e desespero que contaminam nossa cultura. Se substituirmos a luxúria pelo amor, acabaremos com uma sensação insignificante que eventualmente perde a graça, e que não satisfaz nada mais que fisicamente.

A intenção de Deus para nós é que estejamos libertos do poder e da escravidão da luxúria e nos tornemos homens e mulheres que amam genuinamente. Todos somos inadequados diante de um Deus que vê o pular de cama em cama e uma mente cheia de pensamentos lascivos como a mesma coisa. Entretanto, ele nos oferece todo o perdão que precisamos para termos um relacionamento íntimo com ele. O amor, que experimentamos em nosso relacionamento com Deus, começa a ser trabalhado em nossos relacionamentos uns com os outros. Nossa escolha é: ou aceitar a oferta de Deus e buscar uma vida de amor através do próprio amor dele ou rejeitar a Deus e continuar por nossa própria conta.


Fonte: Duncan Moore em Sua Escolha
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