Manuscritos cristãos, islâmicos e hebreus enriquecem a coleção do museu
A sala de exposição do Museu da Bíblia e do Oriente é rica em tesouros. Ela contém aproximadamente 15 mil peças únicas do antigo Oriente, uma coleção avaliada em oito milhões de dólares.
Muitas vezes ignorado, o pequeno museu da Universidade de Friburgo lembra as raízes comuns entre as três religiões monoteístas e encoraja o diálogo entre elas.
O Museu da Bíblia e do Oriente ocupa um espaço bastante modesto no Instituto de Estudos Bíblicos na Universidade de Friburgo. Afora a exibição permanente na sua pequena e elegante sala de exposições inaugurada em novembro de 2005, a instituição ainda organiza exibições especiais nos corredores do instituto e exposições móveis que levam as peças do museu a cidades dentro e fora da Suíça.
swissinfo.ch acompanhou o diretor do museu, Thomas Staubli, também professor do Antigo Testamento na Universidade de Friburgo, por um passeio através dos corredores do Instituto de Estudos Bíblicos, onde atualmente uma mostra especial intitulada "Mil e um amuletos" está aberta ao público.
Encantos em vários formatos e cores atraem a atenção dos olhos, incluindo os amuletos de cor verde azulada feitos no antigo Egito e colares de mulheres, que seguramente inspiram o artesão da joalheria até hoje.
A exposição também apresenta uma coleção de rolos cilíndricos e planos, antigos artefatos egípcios no formato de escaravelho, amuletos datados de 3.700 anos da Palestina e outros do Irã e da Síria originários do quinto e sexto milênio antes de Cristo.
Amuletos para todos
O que chama a atenção imediatamente ao olhar o primeiro mostruário é uma ligação clara entre os antigos amuletos e o que pode ser chamado de amuletos contemporâneos.
Um antigo véu decorado com amuletos e moedas e portando o nome de Deus está confrontado com um conjunto de medicamentos modernos.
A crença no poder dos talismãs para proteger o corpo e restabelecer a confiança não é apenas uma antiga tradição, mas continuou sem interrupções por 55 séculos: do antigo Egito, Oriente e Mesopotâmia até os dias de hoje.
"As três pedras adornando o lado esquerdo deste véu decorado protegem a mulher que o veste. As pequenas moedas também a protegem, pois têm o nome de Deus", explica Staubli.
"Em nossa sociedade nos protegemos de outras maneiras. Temos amuletos modernos como medicamentos placebo. Foi provado que eles têm um efeito sobre o corpo se a pessoa acredita que eles são remédios de verdade, exatamente como o amuleto."
"A terra de Canaã", a área geográfica coberta pelo Museu da Bíblia e do Oriente. (swissinfo)
Homenagem ao Oriente
A partir do saguão da universidade, nós passamos para o centro do museu: a pequena sala de exposição com suas vitrines iluminadas e gavetas contendo o grosso da coleção do museu. Ela está dividida em quatro categorias: antigo Egito, Oriente Médio, o Mundo Helenístico e os manuscritos.
Cópias da Torá, da Bíblia e do Corão estão dispostas ao lado dos deuses e deusas dos antigos egípcios - em formas humanas ou de diversos animais - convidando o visitante a descobrir a história das peças de uma região do mundo que o museu quer "homenagear".
"Praticamente nunca falamos sobre as culturas entre a Mesopotâmia e o Nilo, a chamada Terra de Canaã, que foi uma civilização magnífica e que produziu tantas coisas que ainda nos beneficiam como o alfabeto inventado pelos cananeus, a domesticação dos animais como cabras, ovelhas e burros", acrescenta Staubli.
"Nós estudamos a Bíblia (o Velho e o Novo Testamento) em seu contexto, não apenas como um texto sagrado que veio do céu."
Mudanças de visualização
O diretor do museu fala da ligação vertical entre cristãos, muçulmanos e judeus, além daquela entre as três religiões e a herança de Canaã.
"Na palavra 'vertical' pensamos em história e memória já que cada cultura tem a sua própria memória. As feridas vividas pelas religiões são muito significantes. Nós nos lembramos de algumas coisas e esquecemos outras", diz Staubli.
"O Judaísmo, por exemplo, é a mãe do Cristianismo. Mas nós, cristãos, nos voltamos erroneamente contra os judeus. O antissemitismo no Cristianismo continuou tristemente até o século 20 e levou ao surgimento de lugares como Auschwitz. Isso significa que essa lembrança e as relações devem ser corrigidas.".
"Eu espero que o museu vá modificar as visões que os visitantes têm sobre o Oriente."
Fonte:Islah Bakhat em swissinfo.ch
Adaptação: Alexander Thoele
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A sala de exposição do Museu da Bíblia e do Oriente é rica em tesouros. Ela contém aproximadamente 15 mil peças únicas do antigo Oriente, uma coleção avaliada em oito milhões de dólares.
Muitas vezes ignorado, o pequeno museu da Universidade de Friburgo lembra as raízes comuns entre as três religiões monoteístas e encoraja o diálogo entre elas.
O Museu da Bíblia e do Oriente ocupa um espaço bastante modesto no Instituto de Estudos Bíblicos na Universidade de Friburgo. Afora a exibição permanente na sua pequena e elegante sala de exposições inaugurada em novembro de 2005, a instituição ainda organiza exibições especiais nos corredores do instituto e exposições móveis que levam as peças do museu a cidades dentro e fora da Suíça.
swissinfo.ch acompanhou o diretor do museu, Thomas Staubli, também professor do Antigo Testamento na Universidade de Friburgo, por um passeio através dos corredores do Instituto de Estudos Bíblicos, onde atualmente uma mostra especial intitulada "Mil e um amuletos" está aberta ao público.
Encantos em vários formatos e cores atraem a atenção dos olhos, incluindo os amuletos de cor verde azulada feitos no antigo Egito e colares de mulheres, que seguramente inspiram o artesão da joalheria até hoje.
A exposição também apresenta uma coleção de rolos cilíndricos e planos, antigos artefatos egípcios no formato de escaravelho, amuletos datados de 3.700 anos da Palestina e outros do Irã e da Síria originários do quinto e sexto milênio antes de Cristo.
Amuletos para todos
O que chama a atenção imediatamente ao olhar o primeiro mostruário é uma ligação clara entre os antigos amuletos e o que pode ser chamado de amuletos contemporâneos.
Um antigo véu decorado com amuletos e moedas e portando o nome de Deus está confrontado com um conjunto de medicamentos modernos.
A crença no poder dos talismãs para proteger o corpo e restabelecer a confiança não é apenas uma antiga tradição, mas continuou sem interrupções por 55 séculos: do antigo Egito, Oriente e Mesopotâmia até os dias de hoje.
"As três pedras adornando o lado esquerdo deste véu decorado protegem a mulher que o veste. As pequenas moedas também a protegem, pois têm o nome de Deus", explica Staubli.
"Em nossa sociedade nos protegemos de outras maneiras. Temos amuletos modernos como medicamentos placebo. Foi provado que eles têm um efeito sobre o corpo se a pessoa acredita que eles são remédios de verdade, exatamente como o amuleto."
"A terra de Canaã", a área geográfica coberta pelo Museu da Bíblia e do Oriente. (swissinfo)
Homenagem ao Oriente
A partir do saguão da universidade, nós passamos para o centro do museu: a pequena sala de exposição com suas vitrines iluminadas e gavetas contendo o grosso da coleção do museu. Ela está dividida em quatro categorias: antigo Egito, Oriente Médio, o Mundo Helenístico e os manuscritos.
Cópias da Torá, da Bíblia e do Corão estão dispostas ao lado dos deuses e deusas dos antigos egípcios - em formas humanas ou de diversos animais - convidando o visitante a descobrir a história das peças de uma região do mundo que o museu quer "homenagear".
"Praticamente nunca falamos sobre as culturas entre a Mesopotâmia e o Nilo, a chamada Terra de Canaã, que foi uma civilização magnífica e que produziu tantas coisas que ainda nos beneficiam como o alfabeto inventado pelos cananeus, a domesticação dos animais como cabras, ovelhas e burros", acrescenta Staubli.
"Nós estudamos a Bíblia (o Velho e o Novo Testamento) em seu contexto, não apenas como um texto sagrado que veio do céu."
Mudanças de visualização
O diretor do museu fala da ligação vertical entre cristãos, muçulmanos e judeus, além daquela entre as três religiões e a herança de Canaã.
"Na palavra 'vertical' pensamos em história e memória já que cada cultura tem a sua própria memória. As feridas vividas pelas religiões são muito significantes. Nós nos lembramos de algumas coisas e esquecemos outras", diz Staubli.
"O Judaísmo, por exemplo, é a mãe do Cristianismo. Mas nós, cristãos, nos voltamos erroneamente contra os judeus. O antissemitismo no Cristianismo continuou tristemente até o século 20 e levou ao surgimento de lugares como Auschwitz. Isso significa que essa lembrança e as relações devem ser corrigidas.".
"Eu espero que o museu vá modificar as visões que os visitantes têm sobre o Oriente."
Fonte:Islah Bakhat em swissinfo.ch
Adaptação: Alexander Thoele
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