As conclusões constam de um estudo encomendado pela Sociedade Bíblica Portuguesa (SBP), editora que se dedica ao estudo e difusão da Bíblia, à Novadir, empresa do grupo Marktest.
Se aquelas três categorias sócio-religiosas estão juntas neste índice de leitura, há mesmo assim uma diferença substancial: são 37 % os católicos não-praticantes e 36 % os agnósticos que não lêem a Bíblia, enquanto no caso dos que se definem como ateus (10 % dos inquiridos) esse número sobe para os 65 %.
Numa outra resposta, entre os que nunca leram, apenas 17 % dizem que não o irão fazer em nenhuma circunstância. O que pode indiciar algum preconceito contra o texto, nota Alfredo Abreu, responsável da Sociedade Bíblica e da apresentação do estudo, feita em Lisboa.
Entre quem diz que lê a Bíblia (71 % dos inquiridos), há 9,7 % de pessoas que dizem já ter lido todo o texto. As mulheres (74 %) fazem-no mais que os homens (67). E em termos religiosos, os protestantes/evangélicos e as testemunhas de Jeová são os que mais lêem o texto: todos dizem que o fazem. Na categoria dos católicos praticantes, 83 % dizem que lêem a Bíblia.
Protestantes/evangélicos e testemunhas de Jeová representam apenas 2,3 % da população. Mas são também eles que lideram quando se pergunta quem tem uma Bíblia em casa: 93 % dos protestantes e evangélicos, 100 % entre as testemunhas de Jeová.
A sondagem identificou 86 % da população como católica, metade da qual não-praticante, número que coincide com outros estudos recentes.
Apesar dos números, é provável que nem toda a gente tenha identificado outras ocasiões em que lê ou ouve ler a Bíblia. Perguntados sobre locais em que lêem, só 14,7 % das pessoas diz que o faz na igreja ou em lugares de culto. Mas quer na missa católica, quer nos cultos protestantes e evangélicos ou ainda nas assembléias das testemunhas de Jeová são sempre lidas várias passagens bíblicas.
"Provavelmente, as pessoas não identificam o fato de ouvir ler o texto em voz alta na missa ou no culto como leitura da Bíblia", adianta Alfredo Abreu. A casa (79 %) é o local onde as pessoas mais lêem a Bíblia. A seguir, muito longe, está a catequese (18 %).
Quanto ao ritmo de leitura, a maior parte (56 %) das pessoas que lê só o faz ocasionalmente, enquanto sete por cento lê o texto todos os dias. E há quem diga que não lê a Bíblia por falta de tempo (19 % entre os que nunca leram).
Meio milhão
Os responsáveis da Sociedade Bíblica querem agora que os números deste inquérito, o primeiro do género em Portugal, possam ser trabalhados e cruzados nas diferentes variantes. Até porque verificam, pelas iniciativas que têm promovido nos últimos anos em Portugal, que há um interesse à volta da Bíblia que talvez nunca tenha existido no país.
Na Bíblia manuscrita, iniciativa que em 2004 pôs cem mil portugueses a copiar o texto bíblico à mão, em exposições e em outras iniciativas, a editora calcula em cerca de meio milhão o número de pessoas envolvidas. Mais de 60 conselhos, cerca de 400 escolas, além de bibliotecas públicas, hospitais e três dezenas de autarquias colaboraram ou pediram à Sociedade Bíblica a organização de iniciativas relacionadas com a Bíblia. Na maior parte dos casos, trata-se mesmo de entidades não-religiosas, diz Alfredo Abreu.
O responsável da editora dá alguns exemplos: em Portugal, a SBP calcula em cerca de 100 mil exemplares da Bíblia vendidos anualmente, nas diferentes edições existentes. Só as Sociedades Bíblicas Unidas vendem 400 a 500 milhões de bíblias por ano, em todo o mundo. E o site http://www.biblegateway.com, um dos mais conhecidos na utilização da Bíblia e onde podem ser consultadas muitas versões e traduções diferentes, tem oito milhões de visitas por mês.
O inquérito da Novadir foi realizado entre 28 de Agosto e 13 de Outubro do ano passado. A amostra é constituída por 1618 indivíduos, com idades compreendidas entre os 15 e os 75 anos, que representam a população de Portugal continental e que foram inquiridos por entrevista pessoal ou telefone.
Fonte: Jornal Público - Portugal
Via: Portal Gospel TV