Um dos cardeais americanos que estão em Roma discutindo o escândalo dos padres acusados de pedofilia disse que o encontro está próximo de um consenso para a adoção de uma política de "tolerância zero".Questionado sobre a possível adoção entre os líderes da Igreja Católica da política de demitir padres acusados de abusar sexualmente de crianças, o cardeal de Washington, Theodore McCarrick disse que "sim, acho que vai ser assim".
Ele explicou que os cardeais reunidos no Vaticano, tiveram que trabalhar em cima das fortes palavras do Papa condenando os abusos, na terça-feira.
Eles devem divulgar um comunicado no encerramento do encontro, nesta quarta-feira, mas ainda não há indicações de que as punições possam ser retroativas.
Pecado
"As pessoas têm que entender que não há espaço no sacerdócio e na vida religiosa para aqueles que fazem mal aos jovens", disse o Papa João Paulo II nesta terça-feira.
O cardeal McMarrick disse que o Papa reforçou sua posição nesta quarta-feira, durante um almoço com a delegação dos Estados Unidos, onde o escândalo estourou.
O correspondente da BBC em Roma, David Willey, disse que a questão é se os padres devem ou não ter permissão de continuar a trabalhar depois de mostrar arrependimento e fazer terapia, ou se eles devem simplesmente ser proibidos de continuar no sacerdócio.
Escândalo nos EUA
A Igreja Católica Apostólica Romana nos Estados Unidos foi criticada por transferir padres acusados de molestar crianças, ao invés de suspende-los ou denunciá-los à polícia.
Mas o futuro do arcebispo de Boston, acusado de encobrir casos de pedofilia - não deve ser decidido nesta reunião.
Há muita pressão para o que o cardeal Bernard Law renuncie.
O Papa convocou os cardeais para dois dias de conversas a portas fechadas, qyuando ficou claro que a igreja estava sendo afetada pelos escândalos.
Uma reunião entre todos os bispos dos Estados Unidos está marcada para junho.
Pressão
Mais de 400 reclamações foram feitas contra padres apenas na diocese de Boston.
Um cardeal que não quis identificar-se, disse ao jornal americano Los Angeles Times que outros religiosos devem pedir ao cardeal Law que deixe o comando da diocese.
Até agora, Law não não mostrou sinais de que estaria disposto a pedir seu próprio afastamento e o assessor de imprensa da Conferência Nacional dos Bispos dos Estados Unidos, Russel Shaw, disse que acha que não vai haver pressão do Papa neste sentido.
Acusações de abuso sexual infantil foram feitas em pelo menos outras 16 dioceses americanas, incluindo Chicago, Nova York, Filadélfia e São Francisco.
Os escândalos provocaram uma crise financeira para a Igreja e já há indícios de que algumas das arquidioceses atingidas possam falir.
Apesar da igreja americana ser a mais atingida por alegações de pedofilia, casos similares aconteceram em países como a Áustria, a Irlanda, a Polônia, a França e o México, nos últimos anos.
Fonte: BBC Brasil
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