Livro de especialista brasileira usa a alimentação da época de Jesus como referência para os dias de hoje. E garante que a dieta de Cristo é perfeita - e muito saudável -para a vida contemporânea.
Um dos episódios bíblicos mais célebres fala do milagre que Jesus teria feito, ao multiplicar um punhado de cinco pães e dois peixes, para que uma multidão de 5 mil homens - sem contar mulheres e crianças - comesse à vontade. Tivesse ocorrido nos dias de hoje, talvez a milagrosa multiplicação fosse de Big Macs ou pizzas. Mas no tempo de Jesus os hábitos alimentares eram outros, muito mais saudáveis. Não havia agrotóxicos, frituras, refrigerantes e fast food era temperar um peixe fresco com sal e azeite e deixá-lo assar na fogueira por uns minutos. E o pão, um dos alimentos mais antigos da Humanidade e amplamente citado na Bíblia, era totalmente diferente do que compramos todos os dias na padaria.
E é exatamente sobre os pratos servidos à mesa e ingredientes utilizados na época de Cristo que trata o livro “A Dieta de Jesus”, da bioquímica Heloísa Bernardes, 65 anos, formada na Expansion Biologique, na França, especialista em medicina e alimentação ortomolecular. “Ter uma alimentação saudável, seguindo referências da época de Jesus, pode parecer complicado. Mas não é”, afirma a pesquisadora. Confira, a seguir, a entrevista exclusiva que Heloisa concedeu a ISTOÉ Online.
ISTOÉ Online: Como a senhora começou as pesquisas para este livro?
HELOISA BERNARDES: Tudo começou quando eu pesquisava a história de Pompéia, a cidade italiana destruída por uma erupção do vulcão Vesúvio. Durante esse trabalho, fiquei sabendo que as cinzas do Vesúvio conservaram restos milenares dos costumes alimentares da cidade, na época de Jesus. Do cardápio dos moradores, constavam ovos, azeitonas, ostras, aves, caças, legumes e verduras, como repolho, rabanete, cebola e abóbora. Além de azeite e vinho, produzidos na própria região. Havia até o preparo de presuntos e linguiças. E para acompanhar tudo isso, polenta e grãos. Há até vestígios de uma gastronomia sofisticada, com o uso de ingredientes como nozes e amêndoas no prato principal.
ISTOÉ Online: Como e em que, exatamente, a dieta de Jesus pode melhorar a vida de alguém nos dias de hoje?
HELOISA: Em todos os sentidos. Na época de Jesus, por exemplo, os alimentos eram naturais, preparados com pouco cozimento e, o mais importante, sem as enormes quantidades de sódio que temos hoje em dia. Uma dica simples e fácil de ser seguida é trocar o sal por temperos naturais, como manjericão, alho, tomilho e orégano, por exemplo. Só com essa mudança, qualquer pessoa já perceberá melhora em vários fatores, como redução de colesterol e perda de peso.
Alimentação vegetariana de Adão a Noé. Abel era pastor de ovelhas. E caim, lavrador. Se criavam ovelhas, certamente comiam a carne. Não?
ISTOÉ Online: Quais as maiores diferenças entre o pão que Jesus comia e o que compramos hoje nas padarias?
HELOISA: É totalmente diferente. O pão que Jesus e seus discípulos comiam era semelhante ao pão árabe de hoje. Era muito mais saudável e nutritivo do que o que compramos nas padarias atualmente. O pão da época de Cristo tinha cerca de 500 mg de magnésio. Hoje, os pães têm, em média, menos de 50% de magnésio, ou seja, 10% do que nos dias de Jesus. O pão que as pessoas ingeriam naquela época levava ingredientes como lentilha e grão-de-bico, e nada de fermento. Por tudo isso, era mais nutritivo do que dez pães de hoje em dia.
ISTOÉ Online: O vinho também é amplamente citado na Bíblia. Inclusive, o primeiro milagre de Jesus é justamente a transformação de água em vinho, durante um casamento. O vinho que consumimos hoje é parecido com o que Cristo tomava?
HELOISA: Nem um pouco. O vinho da época de Jesus tinha mais água e menos álcool do que atualmente. E os vinhos daquela época não eram feitos apenas com uvas. Há registros do uso de figos em vinhos, por exemplo. Por outro lado, o sabor do vinho de hoje é muito melhor. Nos dias de Cristo, o vinho ficava em barris de madeira, com resina. Certamente, a bebida pegava um pouco do gosto da resina. Além disso, é sabido atualmente que também era muito comum a adição de água do mar no preparo do vinho. Ou seja, não era a bebida mais saborosa do mundo. Hoje em dia, o recomendável é que um homem beba até duas taças de vinho por dia. Para as mulheres, o ideal é uma taça. O vinho tinto, se ingerido sem exageros, pode ajudar a emagrecer, por ter propriedades termogênicas, que auxiliam na queima de calorias.
ISTOÉ Online: No seu livro (“A Dieta de Jesus”), a senhora reforça que a gula é um dos grandes pecados do homem. Como podemos resistir às tentações da carne?
HELOISA: (risos) Essa parte é mais difícil. Exige disciplina. Uma ótima dica é comer fibras antes das refeições. As fibras dão sensação de saciedade rapidamente. Comer um pão com um pouco de azeite antes do almoço, por exemplo, certamente fará com que você coma menos na refeição principal. Comer uma barra de cereal, sem mel nem chocolate, antes do jantar também ajuda.
ISTOÉ Online: Quando falamos em “dieta de Jesus”, é bom lembrar que essa dieta também incluía exercícios físicos, certo?
HELOISA: Com certeza. Na época de Cristo, quase todo mundo praticava exercícios naturalmente, por necessidade ou profissão, como era o caso dos pescadores e agricultores. Não havia carros, ônibus, metrô. As pessoas tinham de caminhar. Hoje em dia, é tudo diferente. E nem todo mundo tem disciplina para praticar exercícios físicos, o que seria o ideal. Mas sempre há coisas simples que podemos fazer em relação a isso. Caminhar 30 minutos três ou quatro vezes por semana já ajuda bastante. Esquecer o elevador duas ou três vezes por semana também é bom. São coisas simples, mas que fazem a diferença.
ISTOÉ Online: No seu livro (“A Dieta de Jesus”), a senhora reforça que a gula é um dos grandes pecados do homem. Como podemos resistir às tentações da carne?
HELOISA: (risos) Essa parte é mais difícil. Exige disciplina. Uma ótima dica é comer fibras antes das refeições. As fibras dão sensação de saciedade rapidamente. Comer um pão com um pouco de azeite antes do almoço, por exemplo, certamente fará com que você coma menos na refeição principal. Comer uma barra de cereal, sem mel nem chocolate, antes do jantar também ajuda.
Fonte: Istoé
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