quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Igrejas e crentes em Moçambique lutam contra a liberalização do aborto

Responsáveis e crentes religiosos não concordam com a liberalização do aborto em Moçambique, anunciada pelo governo de Maputo, por acreditarem que a lei irá trazer "mais mortes" e afeta os princípios religiosos.

A proposta da revisão do Código Penal, que o governo moçambicano vai submeter ao parlamento, liberaliza o aborto até aos primeiros três meses.

A permissão do aborto voluntária nas primeiras doze semanas de gravidez no futuro Código Penal moçambicano, tem como objetivo, segundo o executivo de Maputo, responder ao aumento de abortos clandestinos em todo o país, que, refere "matam 5 mil mulheres" anualmente.

"O aborto é errado, quer tenha poucos dias, quer sejam muitos, fazer aborto é pecado grave, a alma é dádiva do nosso criador, por isso não devemos tirá-la. Apesar de não castigarmos as pessoas que fazem esse erro, acreditamos que Deus as vai castigar no futuro", disse à Lusa o pastor Nito da Igreja Universal do Reino de Deus.

"A ideia do novo Código Penal de se liberalizar o aborto não é bem-vinda na nossa igreja", referiu por seu lado Brian Mabone, bispo da Igreja Metodista Wesleane.

"O aborto pode ser feito dependendo da situação, mas não se deve legalizá-lo. Se a gravidez põe em risco a vida da mãe deve-se fazer o aborto. Mas, quando a mulher faz o aborto, para mostrar que somos contra a liberalização do aborto nós excomungamos imediatamente a pessoa, isto é, se a pessoa è membro pleno, deixa de participar na Santa Ceia, por três a seis meses, "acrescentou Mabone, em declarações à Lusa.

Yumina Yasmin, crente muçulmana, referiu que em nenhum momento concorda com a liberalização do aborto mas diz que não está preocupada com a medida pois são raros os casos de aborto entre os seguidores da sua fé.

"O aborto não deve ser liberalizado porque as pessoas vão ser menos responsáveis, menos cautelosos. A questão do aborto é contra os nossos princípios mas não queremos falar desses assuntos na nossa igreja, pois são raros os casos", disse

"Nós usamos o princípio bíblico que diz “dente por dente, olho por olho”, mas não querendo dizer com isso que quando a mulher comete esse pecado nós matamos a pessoa", disse à Lusa Elias Bila, ancião da igreja Testemunha de Jeová.

"O aborto é crime muito grave, e não devemos fazê-lo em nenhuma situação, do feto que coloca em risco a vida da mãe, à mulher violada, pois a criança é uma dádiva do nosso criador," acrescentou Elias Bila.


Fonte: Angola Press
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