terça-feira, 21 de maio de 2013

Promotores do Ministério Público do Ceará recorrem a orações para manter investigação

Agradecimentos a Deus, pedidos de orações, defesa da "família brasileira" e até críticas à mobilização por direitos dos homossexuais.

O Ministério Público do Ceará abraçou esses discursos nesta sexta-feira (17) ao pedir o apoio de pastores evangélicos do Estado contra a aprovação da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 37, em tramitação no Congresso e que retira dos ministérios públicos a prerrogativa de conduzir investigações criminais.

O pedido de apoio se deu em reunião na Procuradoria-Geral de Justiça do Ceará com a presença de cerca de 30 pessoas, entre integrantes do órgão e líderes evangélicos. Compareceram representantes da igreja Batista, Presbiteriana, Assembleia de Deus e da Ormece (Ordem dos Ministérios Evangélicos do Ceará), entre outras.

"Temos o prazer de acolher pessoas de Deus para nos ajudar em uma luta da nossa sociedade", afirmou a promotora Iertes Pinheiro.

O presidente da Associação Cearense do Ministério Público, Plácido Rios, criticou iniciativas que fazem com que "homossexuais tenham posição de destaque".

"O que somos contra, porque devemos preservar a igualdade entre as classes [...] Uma classe não pode querer se tornar dominante em relação às demais", disse o promotor, citando a "luta" da bancada evangélica no Congresso "pela decência da sociedade brasileira".

O pastor Osíres Pessoa, da Assembleia de Deus Ministério Montese, correspondeu defendendo a ação do Ministério Público contra a corrupção. "Vamos falar com todos nossos pastores no sentido de estarmos juntos para que esta PEC 37 caia na Câmara."

O pastor Francisco Nascimento, da Igreja Batista Comunidade do Amor, disse que estão veiculando propaganda contra a PEC 37 em um programa da igreja veiculado por uma TV local.

O procurador-geral de Justiça do Ceará, Ricardo Machado, pediu aos pastores que conversassem com a bancada evangélica no Congresso. "Que consigam transformar esse pedido em votos [contrários à proposta]", afirmou.

Para ele, a aproximação com os evangélicos não fere a laicidade do Estado. "Já recebemos apoio de diversos segmentos da sociedade, inclusive da CNBB [Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, ligada à Igreja Católica]."



Fonte: Folha
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