sábado, 12 de junho de 2010

Revista Enfoque: Aprenda com os amores bíblicos

Chega o Dia dos Namorados e Enfoque faz uma abordagem diferente sobre o tema namoro. A revista foi buscar, em determinados personagens bíblicos, os exemplos, situações, sentimentos que revelam como eles se comportavam em seu relacionamento afetivo. A proposta é chamar a atenção para detalhes que podem ensinar muito e fazer valer a peculiaridade de um namoro autenticamente cristão. Indiscutivelmente, a Bíblia é a fonte ideal.

Antes de ingressar na trajetória emocional desses israelitas que também fizeram história com seus amores e paixões, é preciso considerar que eles viviam numa época completamente diferente da atual. Era um tempo em que a mulher sequer era contada nos censos e padecia com os rigores dos costumes orientais. Além disso, é preciso considerar que ainda não existia casamento eclesiástico ou civil.

Mas amores verdadeiros são sempre capazes de enfrentar o mundo e jamais pertencem a uma só época, donde se conclui que os modelos de relacionamento retratados na Bíblia também podem ser encontrados na sociedade moderna. Com certeza, existem muitas Rebecas, Isaques, Marias e Josés que ainda honram o nome de Deus em seus namoros.

Isaque e Rebeca - a paixão intensa (Gênesis 24.62-67)

O casal Isaque e Rebeca é um exemplo de paixão à primeira vista. A história fala de um encontro marcante entre os dois, depois de Abraão, pai de Isaque, ter dado ordens para que achassem uma mulher especial para seu filho. Eliézer, o servo responsável por essa tarefa, viajou até a Mesopotâmia e lá pediu a Deus para que indicasse a moça certa para Isaque. Antes de terminar sua oração, Rebeca apareceu para buscar água. E agiu exatamente como Eliézer esperava: oferecendo água a ele e aos camelos que trazia consigo. Era o sinal dos céus de que precisava.

A cena mais emocionante acontece em Gênesis 24.64, quando Rebeca e Isaque se vêem pela primeira vez. Vale lembrar que, nesse episódio, eles já eram comprometidos, como se já fossem noivos, mesmo sem se conhecer. Por isso, Isaque a conduz até a tenda e “toma-a por mulher e a ama”. Naquele tempo, não havia casamento civil. É preciso entender o contexto em que tudo aconteceu. Eles formavam um casal escolhido pelo próprio Deus, por isso o relacionamento de ambos foi lícito diante de Deus. O que fica também como exemplo é o sentimento do casal, apaixonado.
Jacó e Raquel – tudo por amor (Gênesis 29.16-20)

Este é um exemplo de sacrifício em nome do amor. A Bíblia relata que Jacó trabalhou sete anos para casar-se com Raquel, e que aos olhos dele foram como poucos dias diante da grandeza de seus sentimentos. Chegado o momento de receber sua amada, Labão, seu sogro, o enganou, dando-lhe Lia, a filha mais velha, na noite de núpcias. Para conseguir ter Raquel como esposa, Jacó precisou trabalhar mais sete anos consecutivos para o sogro.

Boaz e Rute – a segunda chance de ser feliz (Rute 4.1-12)

Rute, a jovem viúva moabita, nora de Noemi, encontrou em Boaz sua segunda chance de ser feliz. Após ter passado pelo trauma de perder o marido, sem filhos, ou seja, encontrar-se numa situação de total desamparo, foi abençoada ao conhecer Boaz. Ele era um homem poderoso, influente, e foi o resgatador de Rute (a tradição dizia que as mulheres viúvas deviam ser resgatadas ou amparadas por parentes próximos). Boaz cuidou de Rute, dando a ela toda a honra e a felicidade de que era merecedora. Afinal, ela mesma não amparara sua sogra, Noemi, pouco tempo antes?
Maria e José – confiança acima de tudo (Mateus 1.19-25)

Escolhidos por Deus para serem os pais de Jesus, esse casal é um exemplo de fidelidade e de confiança um no outro. Mesmo sabendo da gravidez de sua noiva, através do anjo do Senhor, que o visitara, e tendo sua fé posta à prova, José não difamou sua amada, mas a protegeu. Foi contra todos os que naquela sociedade deviam ter zombado da honra de Maria.

Ester e o rei Assuero – a escolhida (Ester 2.17)

Após destronar a rainha Vasti, o rei da Pérsia, Assuero, sai à procura de uma nova rainha. As moças virgens precisavam se preparar durante doze meses para se encontrar com o rei. A escolhida foi a jovem e bela Ester, uma israelita que estava entre os cativos na Pérsia. Tempos mais tarde, esse amor se mostrou maduro, pois Ester foi audaciosa ao entrar na presença do rei sem ser convidada (o que não era permitido na época) para denunciar um complô contra o povo de Israel. Em todas as ocasiões, ela achou graça diante do monarca, visto o amor que sentiam um pelo outro e a presença de Deus que sempre a acompanhava.

Eucana e Ana – amor incondicional (1 Samuel 1.8)

O casal Eucana e Ana, pais de Samuel, nos deixam uma lição de que para amar, basta apenas amar. Ana não podia dar filhos a Elcana, o que naquela época era vergonhoso. Ainda assim, Elcana dedicava a ela amor e ainda lhe dava porção dobrada de sacrifício. O amor incondicional é assim. Pessoas amam porque amam, mesmo que o outro não tenha tanto para dar em troca.

AMORES PERIGOSOS

A Bíblia é recheada de exemplos lindos de amor, mas também não esconde as verdadeiras tragédias que aconteceram quando amores proibidos foram consumados. É o caso de Sansão e Dalila (Juízes 16.4-22). Sansão era um escolhido de Deus, um guerreiro ungido, mas por amar a mulher errada, acabou destruído. Dalila havia se vendido para descobrir de onde vinha a força do famoso guerreiro. Infelizmente, por conta de toda a sua volúpia em se envolver com uma mulher sem escrúpulos, Sansão teve um fim trágico. Outra história que também não pode ser esquecida é a de Davi e Bate-Seba (2 Samuel 11). Uma atração não controlada do rei arruinou a família de Urias, tirou-lhe a vida, e trouxe maldições à casa de Davi. Uma diversão, um relacionamento sem compromisso, deu lugar à tristeza e marcas profundas na família e na história de Israel.

ÉPOCA BÍBLICA: ASPECTOS CULTURAIS DIFERENTES

Para entender melhor como aconteciam os casamentos na época da Bíblia, o pastor e professor do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, Valtair Miranda, faz um lembrete sobre a diferença entre os aspectos culturais daqueles dias e os de hoje. “Nos tempos bíblicos, não havia cerimônia religiosa e civil para realizar casamentos.

Eles aconteciam através de acordos familiares, onde o homem pagava o dote à família da noiva”, explicou.

Neste contexto, o caso de Rebeca e Isaque chama a atenção. Miranda explica que ela já pertencia a Isaque, pois fora comprada por Abraão. O professor também atentou para o fato de que o casamento naquela época era realmente considerado uma instituição divina, apesar de não ser tão burocrático como é hoje. Ele lembrou ainda que a primeira declaração de amor da Bíblia é de Adão por Eva: “Você é osso dos meus ossos”. Para ele, isso significa que foi amor à primeira vista.

Fonte: Revista Enfoque
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