domingo, 25 de julho de 2010

Eu era feliz e não sabia...

Sim eu era feliz nos primórdios de minha conversão...que coisa linda! Estava eu descobrindo o “primeiro amor” lá numa igrejinha batista tradicional perto da minha casa, diga-se de passagem, filiada a Convenção Batista. Eu e minha casa começamos a servir ao Senhor ali naquele lugar com aqueles irmãos abençoados.

Lembro que decidi me batizar somente depois de um ano porque não conseguia largar alguns pecadinhos e então não me sentia confortável em tomar tal decisão.

Lembro ainda ter procurado a igreja pelo amor e não pela dor, apesar de ter hábitos mundanos por um bom tempo. Na época era estudante de Direito e tinha muito convívio com os colegas de faculdade, tínhamos vida social. Desde adolescente tinha o péssimo hábito (que já tinha virado vício) de fumar e ao chegar nessa igreja logo formulei um questionamento: “Por que será que aqui nessa igreja ninguém fuma??” Para minha surpresa jamais algum irmão me repreendeu, ao contrário amaram a mim e minha família desde o primeiro dia em que decidimos nos agregar a eles.

A igreja era simples, não possuía muita infra-estrutura, não tinha mais que 80 pessoas no rol de membros. No que diz respeito à área de música os instrumentos também eram modestos e não havia bateria. Mas aqueles hinos tocados no teclado, ah que coisa maravilhosa! Como soava como louvores para Deus em meus ouvidos! Os irmãos ensaiavam no coral para as cantatas em datas comemorativas, os jovens cifravam aqueles corinhos mais modernos e tudo isso era o louvor da igreja.

Aquele pastor, o meu pastor...como ele foi importante para mim na minha caminhada cristã! Em muitos momentos foi como um pai. Ele investiu em mim desde o início. Eu tocava na bandinha de louvor e lembro de ter cifrado vários corinhos desses mais moderninhos para a igreja. Tudo eles aceitavam de bom grado e com muita alegria. De bom grado também aceitaram aquele forno de microondas (antigo) que ofertei quando comprei um zero quilômetro (rs). Que pessoas de Deus!

Agora era membro da igreja, fazia parte do louvor e frequentava assiduamente a Escola Bíblica Dominical. Meus filhos também se converteram e se batizaram ali. Nossa família vivia em paz e harmonia.

Tudo ia bem...até o dia em que decidi conhecer aquelas igrejas chamadas de “avivadas” ou melhor, as neopentecostais. Estava cansada de ouvir desses irmãozinhos “pentecas” que minha igreja era uma geladeira, que lá não havia “espírito santo”, que não havia manifestações dos dons, e coisas desse tipo. Falei com meu pastor e após ter participado de um “Encontro com Deus” resolvi ficar na igreja “avivada” do G12.

Foram seis anos frequentando aquele lugar que aparentemente tinha a proposta de “ganhar vidas” para Jesus. Naquele momento era o que eu mais desejava. No meu coração ardia a chama do evangelismo. Tudo vinha de encontro aos meus objetivos. Acabei optando por abandonar o louvor para “cuidar de vidas” numa “célula”.

Daí para frente foram anos que sucederam muitos questionamentos de minha parte. Claro, eu havia me convertido numa igreja séria, de raízes históricas, que era conhecida pela excelência do ensino da Palavra de Deus. Como poderia aceitar tamanhas distorções dos ensinos bíblicos? Enfim, o sacrifício de Cristo na cruz parecia não ter validade alguma, pois um simples pensamento ou ação poderia me levar a ter que participar de uma sessão de quebra de maldição.

Fazia parte do discipulado do pastor e estava me preparando para o diaconato mas foi exatamente nesse momento que as escamas caíram de meus olhos fazendo com que enxergasse que precisaria voltar a amar a Deus sobre todas as coisas. Sim, amar a Deus acima do tal crescimento que me prometiam: “um dia você chegará ao pastorado!”. Renunciar as propostas sedutoras que me ofereciam para satisfazer minha carnalidade. Falar de Deus para as pessoas eu poderia fazer sempre, independente de posições e cargos que obtivesse na igreja.

Afinal sabe o que aprendi nos seis anos em que estive fora? Que eu era feliz e não sabia!

Sim, eu retornei para minha antiga igreja e meu pastor me aceitou de braços abertos. Pude perceber o quão maravilhoso eram aqueles irmãos, pois me amaram desde o primeiro dia que retornei. Tenho o privilégio de ter um pastor sério, que não se desvia nem para a direita, nem para a esquerda e não aceita entrar na onda do tal avivamento. Infelizmente tenho visto muitas igrejas e pastores sérios aceitando propostas tentadoras para ampliarem seu rol de membros.

Fiz uma análise do tempo em que estive ausente e descobri que os mesmos irmãos ainda permanecem ali, sinal de que o pastor cuida bem de suas ovelhas. Ao logo dos anos foram acrescentados novos crentes e agora somos muito mais de 80 membros, fato que motivou a construção de um novo templo para comportar um número maior de pessoas. A igreja já tem bateria e o microondas continua servindo para os dias de cantina!


--------------------------------------