quinta-feira, 14 de julho de 2011

Dica de Filme: Terra das Sombras

Estrelado pelo sempre fantástico Anthony Hopkins (Silêncio dos inocentes) e por Debra Winger (Fé demais não cheira bem). É baseado na peça teatral homônima, de William Nicholson, ainda em cartaz em Londres. O foco do filme está em um dos momentos mais significativos na vida dele: quando conhece Joy Greesham, uma cristã judia-americana, escritora e poetisa, abandonada pelo marido, com quem ele trocava inúmeras correspondências. Foca o momento-encruzilhada do enfim, o amor (e por que não dizer, da alegria e da dor inerentes); amor que inicialmente Lewis denega, mas, por fim, assume, casando-se com ela “diante de Deus, dos homens e de si mesmo”.

Não dá para não se emocionar com a história de “Jack”, como ele era conhecido pelos amigos, e Joy! E embora os olhos azuis de Hopkins não tenham nada a ver com os castanhos de Lewis, o ator dá um verdadeiro show de interpretação, especialmente nos olhares sem palavras de um intelectual que tem resposta para tudo, mas não sabe falar de amor, amando; o Lewis que pergunta a si mesmo: “Como poderia ser Joy minha esposa? Eu teria que amá-la, não teria? Eu teria que gostar mais dela do que de qualquer outra pessoa no mundo. Eu teria de sofrer como um condenado com a perspectiva de perdê-la”.

Além de lançar luz sobre esse gigante intelectual que marcou e influenciou o pensamento cristão ocidental do século 20, Terra das Sombras permite-nos ver Lewis sob um prisma mais intimista e humano (e com algumas de suas idiossincrasias); o Lewis de dentro, por trás de suas declarações. Assim, quem já leu seus livros percebe facilmente a relação entre sua vida e suas obras aludidas no filme; entre as quais, das Crônicas de Nárnia, O leão, a feiticeira e o guarda-roupa, cujo enredo é aludido por ele e pela cena com o filho de Joy; O problema do sofrimento, onde defende que “a dor é o megafone de Deus”; O grande abismo, cujo acidente (real) com o ônibus, referido por Lewis, parece tê-lo motivado a escrever a história ficcional; e A anatomia de uma dor, vislumbrado pela revolta de Lewis em relação a Deus após a morte de sua amada.

Há ainda uma outra versão com o mesmo título, sendo mais fiel à história real, com o mesmo título. Nessa outra versão, os dois filhos da Joy aparecem e o final é menos pessimista. Quem não conhece os detalhes pode ficar com a impressão que Lewis perdeu a fé ou que começou a relativizar tudo. Mas existe uma frase que dita de forma ligeiramente diferente no final dessa versão que faz toda a diferença do mundo, mostrando um homem que já não tem todas as certezas do mundo.

Em suma, o filme conta a história maravilhosa de um amor no limite entre a vida e a morte, ou melhor, para além da vida e da morte; o amor de alguém que tinha consciência de que “vivemos na terra das sombras. O sol sempre está brilhando em outro lugar; depois de uma curva da estrada; além do alto de uma colina”; alguém que, como menino, optou pela segurança; como homem, pela dor. Reflexivo, emocionante, imperdível!


Fonte: Cristianismo Hoje
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